Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Os Gastos do Ano Novo

O novo ano está aí e já se ouve falar das mil e uma formas com as pessoas pretendem passar a entrada no novo ano.
Pessoalmente não tenho nada contra que a forma como queremos passar a nossa noite de fim de ano seja planeada com antecedência, até porque se queremos que as coisas saiam bem, temos que ir planeando com alguma antecedência para que tenhamos uma estimativa de como será a grande noite.
Para mim a noite de Ano Novo nunca passou de uma noite comum com direito a um fogozinho de artifício e uma saidazinha até altas horas e há alguns anos nem sequer festejava a não ser ir ver os fogos de artifício com a família e comer as 12 passas e pedir os meus desejos. Com o passar dos anos comecei a combinar com os meus amigos mais chegados e até tive umas belas PA na praia, em Albufeira e mais recentemente em Portimão.
As 12 passas tornaram-se completamente desnecessárias para mim. Se antes a cada passa pedia um desejo, agora não o faço. Acho que se queremos muito uma coisa devemos começar logo a trabalhar para a conseguir. O poder de a conseguirmos ou não está única e exclusivamente nas nossas mãos. Só nós podemos decidir o que queremos ou não nas nossas vidas e sobre o nosso futuro.
Para se ter uma boa passagem de ano não se precisam de fazer grandes festanços com direito a DJ e bailarinas, cujos preços acabam sempre por sair acima da média e em tempo de crise não é lá muito boa ideia. Ainda para mais é já no dia 1 de Janeiro que os preços vão subir mais uma vez e o passe Sub23 dos estudantes vai deixar de ter os tais 50% de desconto. Muitos estudantes vão poder deixar de continuar a estudar e terminar os seus cursos, o que é bastante triste, falo por mim que tenho o meu curso praticamente acabado e imagino como seria se tivesse de deixar o curso por fazer. Queria dizer que me andei a empenhar para nada, a estudar para não obter lucro algum.
Para se passar uma noite á grande basta combinar com alguns amigos e cada um levar de casa alguma coisinha, nem que seja uma garrafinha de champanhe que nem é muito caro, alguns petiscos e o telemóvel para o caso de emergência e já está. Para se passar uma noite em beleza basta que se seja criativo e original e além disso eu não vejo o que haja de tão diferente nessa noite que qualquer uma das outras não tenha. Além disso pessoal, não lancem tantos foguetes porque este ano que vem irá roer ainda mais na carteira de qualquer um. Passem sim uma noite me boa companhia, entre risadas e boa disposição, pensem no que fariam se pudessem e no que não fazem porque não podem e riam disso. Riam de tudo o que não podem mas celebrem mesmo assim porque estão vivos e é isso que importa. Afinal a vida é tão curta para ser estragada com coisas sem o mínimo interesse.
Um bom ano para todos, são os meus desejos.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Fama súbita = Tokio merdeira

Esta palavrinha de quatro letras tem-me seguido desde sempre cada vez que me deparo com novas bandas ou péssimos cantores que subitamente viram astros da música com centenas de veneradoras doidas aos berros.
Tokio Merdeira personalizada
Há até pouco tempo atrás gostei de uma banda ( se é que posso chamar aquilo de banda) que todos vocês devem conhecer chamada TOKIO HOTEL. Não sei de onde saquei tão péssimo gosto. Adoro música e costumo ouvir grandes vozes como Freddy Mercury, Jeff Buckley, Tarja Turunen, Sarah Brightman, John Mayer, ainda passando por bandas como Within Temptation, Nightwish e outras tantas que nada têm a ver com o contexto onde os Tokio Hotel se encaixam, mas sim, gostei de ouvir Tokio Hotel. Na verdade não sei se gostei de ouvir Tokio Hotel ou se me deixei deslumbrar (sabe-se lá como) pelo Look arrojado do Bill e aquilo subitamente virou uma febre por todo o mundo. Já não falando dos posters e deparar-me com a bandoca em quase todas as capas de revistas só pelo vocalista mandar meia dúzia de berros desafinados numa tentativa frustrada de ser comparado a grandes sopranos com médias de três oitavas. Ligava a TV no canal MTV ou até VH1 e era só o que se via, não se ouvia falar de outra coisa. Depois veio aquela febre de se ter tudo Tokizado ( digamos que é uma espécie de Tunning de mau gosto) e a famosa loja de bijoteria e assessórios femininos Clair's abriu portas a uma enchente de mercadoria bizarra que ía desde o mais simplório de t-shirts, passando por brincos, colares, anéis, malas, caixas para guardar toda a porcaria que fosse surgindo sobre a banda...já para não falar do surgimento do mp4 com a imagem dos quatro membros...jogos de cama, almofadas, porta-chaves, papel de parede e imaginem só...papel higiénico. Para verem que não estou a exagerar podem ver a imagem que escolhi para se deliciarem.
Com o passar do tempo e com tanta variedade, o que parece ser bom acaba por soar altamente enjoativo. Mas afinal, o que leva tão maus cantores a ter tanto sucesso por metro quadrado? Hoje realmente eu não entendo. Será por questões de imagem?
Bem, se for, deixem que vos diga que o visual do Bill (vocalista da banda para quem não souber) deixa muito a desejar e tem vindo a degradar-se tragicamente com o passar dos anos. Antes ele era considerado a Billa por muitos, mas ao ganhar barba passou a ser o Pau Bill. E digo pau porque o coitado parece uma varinha de condão ou um palito para os dentes de tão magro que é. Só com uma perna do coitado dava para tricotar umas botinhas de lá para este Inverno que bem falta fazem.
Não querendo ofender ninguém, porque eu passei por essa fase de adorar a bandoca e tudo, apenas faço um apelo ás fãs dos Tokio Hotel de todo o país:
Fãs: Não vale a pena gritarem tanto e dizerem que se vão casar com o Bill, ele nem se rala com o que vocês querem ou deixam de querer, desde que lhes comprem os albuns e encham os pavilhões para que ele possa ficar um milionário. Não percam o vosso tempo a dormir á porta dos pavilhões com uma semana de antecedência, ainda apanham uma gripe enorme e ele não vos irá pagar a medicação e as dores no corpo. Não vale a pena se preocuparem tanto com a saúde dos rapazecos, eles agradecem mas continuam com as suas vidinhas sem estarem nem aí.
Embora já me tivesse passado pela cabeça que bandas como esta nunca duram mais que ano e meio, esta miraculosamente até se tem aguentado. Qual o segredo eu não sei, honestamente nem me irei dar ao trabalho de desvendar, mas admitam minhas gentes:
Será mesmo que se chamam TOKIO HOTEL ou será mais TOKIO MOTEL?

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Pai Natal existe mesmo?

Uma das datas festivas que mais interesse me dava quando era criança foi sem dúvida o Natal.
Aquela ideia de montar a árvore, meter bolinhas coloridas e cajadinhos, pendurar chocolatinhos e meter a estrela no topo. Para não falar dos presentes que iam misteriosamente aparecendo debaixo da árvore, quem será que os punha?
Um dia, já cansada de tentar decifrar o enigma dos presentes andantes, perguntei á minha mãe:
Mãe, quem me oferece estas prendas todas?
Ao que a minha mãe me responde:
É O Pai Natal filha. Por isso já sabes que te deves sempre portar bem e comer tudo.
Claro que na mente de uma criança o Pai Natal existe mesmo. Lá andava eu contente da vida porque de dia para dia me aparecia uma prendinha nova.
Adorava ficar sentada á frente da árvore contando os dias que faltavam para que chegasse o momento de poder finalmente revelar o mistério que se escondia por baixo daqueles papéis de embrulho coloridos. Os meus olhos brilhavam só de pensar que poderia ser alguma das coisas que eu tinha pedido para o Natal aos meus pais.
Depois dava na televisão aqueles anúncios das criancinhas que metem leite e bolachas em cima da mesa para o Pai Natal comer quando salta da chaminé e coloca as prendas debaixo da árvore...e lá ia eu meter um copo de leite quente todas as noites com as ditas bolachinhas. Ainda me lembro do sorriso rasgado da minha mãe a ver-me tão empenhada, pensando eu que assim ajudaria a semear mais prendas. Facto dos factos é que elas cresciam.
Certa noite despertei tarde e ouvi barulhos vindos da sala. Fiquei curiosa. Por momentos pensei que fossem os meus pais á conversa, mas noutros momentos pareciam barulhos de coisas a arrastar e toda a gente sabe como é a mente de uma criança. Já não bastavam os presentes, mas também queria saber como era o Pai Natal de perto, esse senhor bochudo com barbas brancas, farpela vermelha veluda e um saco enorme. Devia de estar super cansado, vindo de tão longe no seu trenó mágico suspenso no ar, com tantos outros meninos para ofertar...mas...como seria ele?
A minha curiosidade foi maior e resolvi sair da cama e arrastar os meus delicados pezinhos até á sala. A porta da sala estava encostada e lá de dentro soavam risadinhas e coisas que arrastavam no chão. Com muito cuidado abri a porta para não assustar o Pai Natal e foi nesse preciso momento que os meus olhos se encheram de lágrimas.
Não, eu não fiquei comovida pela bondade de sua majestade o Pai Natal, mas pela surpresa de ver a minha mãe a meter prendas debaixo da árvore e ver o meu pai sentado na mesa ao lado a comer as bolachas e o leite quente que tão carinhosamente deixei para o Pai Natal.
Escusado será dizer que fiz uma enorme birra por ter finalmente descoberto o enigma dos presentes mágicos. É tão bom ser-se criança e poder-se acreditar em tudo o que se ouve, mas acreditem caros leitores
                                            Ser criança é difícil...OH SE É!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Pensamentos inúteis

Estava eu agora aqui a pensar e ocorreu-me subitamente e sem necessidade, aquelas alturas da vida em que temos a mania de nos preocuparmos com tudo. Tudo bem que há quem não se preocupe com absolutamente nada, mas para os que se preocupam ou já se preocuparam com coisas totalmente desnecessárias, alguma vez vos ocorreu ficarem preocupados com o facto de não poderem agradar a todos?
Perguntei porque achei engraçado. Estava a ler um dos meus diários mais antigos ( sim eu adoro escrever e escrevo bastante e á mão) e reparei que dava demasiada importância se A ou B não gostava de atitude C ou D que eu tivesse e depois pensava E ou F de mim...
Hoje parece tão absurdo que um dia eu tenha pensado assim. É aqui que nos damos conta que crescemos e que, com base em experiências, aprendemos a ver a vida com outros olhos.
Hoje tanto me faz que A ou B goste de mim como não.
É tão normal uma pessoa gostar ou não da nossa maneira de ser. Somos humanos e temos as nossas virtudes e defeitos como qualquer ser normal neste planeta. Nós temos pessoas com as quais nos identificamos e pessoas com as quais nos identificamos menos ou que nem podemos ver pela frente ou vice versa. Eu também devo ter umas alminhas que nem me podem ver pintada, mas acham que eu irei mudar alguma coisa em mim só porque essas pessoas não gostam? Claro que não.
Nós somos como somos e por mais que tentássemos mudar o que quer que fosse, isso só iria durar até que nos esquecêssemos e volta tudo á estaca zero. Nós só devemos tentar mudar as atitudes que possamos ter e que nos afetem no nosso dia-a-dia e nas nossas relações com o mundo. De resto, se nos vestimos de branco ou preto, se pensamos frito ou grelhado, ninguém tem rigorosamente nada a ver com isso. Se gosto de ouvir Rock ou Metal, se gosto de ver filmes de terror, se gosto de ver desenhos animados como a Branca de Neve e o vizinho do lado não gosta so what?
Vou mudar o que sou porque é melhor agradar do que viver aquilo que sou? Jamais.
Todos nós devemos ter orgulho naquilo que somos. É isso que nos molda como indivíduos neste mundo, que nos afirma e que deixa a nossa pegada mais acente pela terra.
Mas claro, virem dizer-me isso há uns sete anos atrás, é melhor esquecerem, porque todos nós temos aquela fase em que gostamos de ter muitos e muitos amigos e sermos fantásticos/as para eles ou com eles.

E vocês? Já passaram por alguma situação semelhante? O que pensavam a respeito há sete anos atrás?

domingo, 18 de dezembro de 2011

Nem sempre os impulsos fazem bem... mas ajudam

Hoje resolvi falar de impulsos somente porque sim.
Todos nós somos um pouco impulsivos por vezes e há alturas em que somos mais capazes de ceder a um impulso do que outras. Mas há uns dois anos atrás, as coisas eram bem diferentes comigo.
Sempre me considerei uma pessoa regida por impulsos,mas desde há uns tempos para cá aprendi miraculosamente a ceder a essa vontadezinha maléfica de agir de cabeça quente.
Antes, por tudo e por nada, se visse alguma coisa que não gostasse ou se houvesse uma alminha que me tentasse prejudicar em alguma coisa, cedia imediatamente a um impulsos tal que me levava a agir de cabeça quente com a primeira coisa que me ocorresse. Por exemplo há coisa de um ano e meio mais ou menos, havia uma pessoa que volta e meia falava de mim no seu próprio espaço, fazendo-se de vítima, mostrando-se dono/a da razão. Por outras palavras tentava ridicularizar-me mostrando ser o santinho da paróquia. A início eu era tomada por um impulso tal que em resposta lhe fazia um post indireto com os meus pontos de vista, ou até com as palavras que a pessoa em questão merecia ouvir. Mas mais tarde, abria o meu blog e questionava-me:
Porque raio fiz eu isto? Que ganho eu com isto?
Verdade seja dita, não podemos agradar a toda a gente e não somos perfeitos, por isso se diz que somos humanos. Eu sempre achei ridículo que tal pessoa tenha escrito os inúmeros posts que escreveu para se fazer de coitadinho/a sem mostrar o outro lado da história. Uma história tem sempre dois lados e é de bom tom que se conheçam os dois de forma igual, porque fica mal falar-se mal das pessoas de forma aberta num blog só para alimentar o ego.
Por outro lado, depois de alguns momentos impulsivos de posts blogosféricos em resposta a piadolas e criancices infantis, dei-me conta que tudo o que fulano queria era chamar a atenção. Admito que levei algum tempo a esforçar-me para não ceder ao impulso de escrever outro post que, na certa, me arrependeria. Com o tempo essa ideia começou a sair-me da cabeça e hoje quando penso nisso dá-me uma enorme vontade de rir.
Dá-me vontade de rir porque é curioso como todos nós temos aquela matraca dentro de nós que nos diz para fazer aquilo que sabemos que nos vamos arrepender mais tarde. Pessoalmente não me arrependo de nada do que tenha feito na minha vida até aqui. Acho que ninguém se devia de arrepender do que fez, independentemente da gravidade da situação (salvo que tenham morto alguém, aí arrependam-se sim) porque a vida é uma escola com inúmeros testes e somos nós que temos a capacidade de nos avaliar, de nos fazermos a nós mesmos aquele juízo de valor e avaliar á posteriori o que está errado e o que fizemos certo.
Todas as nossas ações trazem consequências. Todas. E todos nós devemos estar cientes disso e pensar duas vezes antes de fazer o que quer que seja.
Ceder a um impulso é bom quando vimos que é necessário. Estar de cabeça quente não nos ajuda de forma alguma a tomar a decisão acertada para as nossas vidas e a seguir o caminho certo.
Lógico que hoje, leia o que ler ou que pudesse vir mesmo a ler alguma coisa que não gostasse, teria apenas que pensar que não vale a pena perdermos o nosso tempo a sermos iguais aos demais. Temos que perceber que, a partir do momento em que damos importância a algo sem qualquer valor, apenas nos igualamos mais e mais àqueles que só nos querem deitar ao chão. No fundo, o mundo já está tão igual em termos de tendências e modas, para quê termos todos as mesmas ideias?

E vocês?
Já alguma vez cederam a um impulso que viram ser desnecessário mais tarde?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Campanhas de Natal

Ok cá vai. Hoje enchi-me completamente com os anúncios televisivos das campanhas de Natal e passo a explicar o motivo.
Acho muito bem que sejam feitas as campanhas de Natal para ajudar as crianças e até as pessoas com menos recursos ou os sem abrigo, mas sejamos sinceros, porquê só no Natal?
  • Um sem abrigo que não tenha o que comer todo o ano só come no Natal. Vá lá pessoal, nada de rir, estamos em crise por isso há que poupar e deixar de comer todo o dia.
  • Uma criança vitima de abusos sexuais ou doenças cancerosas só podem ser tratadas no Natal, o que quer dizer que ao longo do ano morrem inúmeras crianças vitimas de cancro e não há campanhas, salvo seja a boa vontade de quem quiser abrir os cordões á bolsa e tirar uns trocos.
  • Uma pessoa que não tenha onde viver ( agora não pensemos que passa dias sem comer) ganha uma dormida numa tenda improvisada pela Associação do renhenheu mas só nesta altura do ano, o que quer dizer que vai ter de se virar depois.
  • A Leopoldina é tão boazinha e não me deu nem um chocolate.
Pessoalmente gosto de ajudar quem precisa quando tenho uns trocos na carteira. Já o fiz muitas vezes e farei sempre que possa, de acordo com as minhas possibilidades. Não tenho muito, mas gosto de repartir por quem precisa e embora saiba que esse dinheiro não irá dar de comer a A, B ou C por um mês, pelo menos sei que ajudou em alguma coisa. Mas também sou honesta, estas campanhas são muito apelativas, mas nem todas são como se ouve ou como as pintam. Por exemplo a Cruz Vermelha já fez uma boa jantarada á pala do dinheiro da boa vontade de quem o deu para a ajuda de pessoas carenciadas. Acho que carenciado estava o estômago de todos os que lá trabalhavam, ou grande parte. Por isso gosto sempre de dizer para verem bem a quem dar e verificarem na medida do possível a veracidade dessa campanha, ou ainda se habilitam a ser uma dessas boas pessoas que não se importa de ajudar a pagar um bom jantar á malta.
E já que se fala em Natal, vejam bem o que vão pedir para este ano. A crise está a chegar á carteira de toda a gente e a cada dia que passa se sente mais. Não seria nada má ideia reutilizar-se coisas ás quais já não damos utilidade e fazer dali coisas novas. Umas podemos dar a quem mais precisa, outra oferecer a quem se gosta e outras ainda ficar para nós mesmos. Um bocadinho de egoísmo nunca matou ninguém. Feliz Natal para todos. Comam muitos doces, mas deixem um para mim.

Tempestade

O dia amanheceu chuvoso e eu tinha de sair. Há muito que não apanhava o autocarro para o meu local preferido. Já sentia saudades.
Peguei no guarda-chuva e vesti o meu casaco. Verifiquei se tinha dinheiro suficiente na mala e saí de casa.
A chuva dizia-me que não iria parar mas mesmo assim continuei. Havia pouca gente na rua, toda a gente saía de carro neste tempo.
Quando cheguei á Terminal Rodoviária fumei o meu cigarro e esperei que chegasse o autocarro, que por sinal se atrasou ligeiramente.
Fui ouvindo música para deixar o tempo voar e olhei pela janela observando a rua e as gotas que caíam.
Pequenas gotas de chuva caíam levemente no solo frio desenhando círculos. As árvores agitavam-se e dançavam ao som do vento que trazia mais água vinda do céu. As pessoas conduziam cautelosamente para não provocar acidentes e o meu pensamento dispersou para o meu destino próximo.
Quando cheguei senti-me subitamente perdida. Não sabia para onde ir, embora soubesse muito bem onde estava. Por vezes o meu coração tem a mania de se perder em sítios que conhece levando-me a deambular pelas ruas em pleno Inverno, mas eu nunca me importei com isso.
Fui simplesmente andando pelas ruas, sentindo o cheiro a terra molhada e os pés que começavam a arrefecer dentro das botas pretas. Tinha a saia ensopada pelo vento que me levava a água para cima e o cabelo despenteado pelo vento.
Deixei a cidade, procurei abrigo no campo, nos cerros densos, longe dos olhares alheios.
Subi a íngreme subida até ao santuário que era motivo da minha vinda àquele local.
Estava a decorrer uma missa quando entrei. Normalmente não sou pessoa de ficar para assistir a missas, mas naquele momento decidi ficar. Não tinha muito sitio onde desejasse ir.
Subitamente, enquanto o meu olhar dispersava pelos vidros molhados do santuário avistei-o.
Era um rapaz alto, de cabelo ondulado que me olhava pelo vidro. Tinha ambas as mãos coladas ao vidro e verifiquei ao meu redor para me certificar de que de facto ele me olhava.
Senti-me perdida, completamente apaixonada por um desconhecido de olhar penetrante que me observava de olhar triste. Senti os meus olhos encherem-se de lágrimas. Subitamente reconheci quem era. O nosso passado desfeito e o nosso presente encontraram-se de novo. Diante de mim estava o homem que havia sido proibido de ficar comigo por parte de ambas as famílias. Tentei não despertar a atenção de ninguém, sair dali sem que fosse vista, mas já muita gente nos observava com olhar curioso. Deixei-me ficar sentada virada para ele, sem lhe dar qualquer sinal que fosse, esperando ganhar coragem para avançar. No momento em que finalmente senti que iria sair dali e ir ao seu encontro avisto a família dele que o levou pelo braço ao se darem conta da figura feminina que ele tanto mirava.
Senti uma enorme pontada de desgosto e derrota no coração. Saio disparada do santuário sem querer saber de mais nada. Corro pela calçada de pedra em plena chuva deixando o meu guarda-chuva para trás esquecido por mero acidente. Procurei por ele e tentei de uma vez resolver toda a situação que o passado não nos havia deixado resolver.
Quando cheguei lá abaixo avisto o carro dos pais dele a ir embora. Corro para os chamar, tentar quem sabe explicar-me, fazê-los perceber que ninguém manda no coração. Tarde demais. Ele desapareceu por entre a neblina, absorvido pelas gostas de chuva, pelas flores de gelo que se formavam agora no céu.
Ele foi embora...e com ele, toda a minha alegria e esperança de um dia poder ser feliz do seu lado.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Aquele dia em que Tânia Dias ficou trancada no w.c da Universidade acompanhada por monstros

Eu sei que o título dá logo que pensar coisas do género Mas que é que andaste a beber miúda? Mas acreditem ou não, foi mesmo verdade.
Tudo começou hoje mesmo logo de manhã. A minha primeira aula era Conceção e Gestão de Recursos Linguísticos e Comunicativos ( nice name uhm?) e era dia de frequência. Na verdade não tinha estudado o suficiente para uma cadeira tão complexa. Digamos que é linguagem computadorizada só para não ficarem todos á nora. Como calculam o teste correu-me horrivelmente mal. Olhei o enunciado e havia uma questão que dizia que o programa usava o singular com o termo Stroumph e se passasse para o plural seria stroumphs e por aí fora. A única coisa que soube dizer ao professor naquele momento foi que estava STROUMPHFACTA com o enunciado. Terminei bem antes de hora e resolvi ir apanhar um pouco de ar. O Céu azul cintilante e o ar fresco outonal sabia-me tão bem, mas senti uma vontadinha de me ir aliviar á casa de banho da minha faculdade e não pensei duas vezes. Entro e reparo ao fechar a porta que a fechadura custou ligeiramente a fechar, mas não dei muita relevância. Fiz o que tinha a fazer e...ao sair...meto a mão na maçaneta, giro-a normalmente...e NADA! Volto a tentar, quem sabe fosse algum mau geito e com um pouco mais de força ela abrisse...e NADA! Meto a mala no chão e tento mais duas vezes, mais quatro, mais seis...e NADA! Absolutamente nada. Era oficial. Estava trancada no w.c e não conseguia sair de lá.
Primeira reação: Deu-me um enorme ataque de riso. Subitamente comecei a imaginar-me a contar isto á malta, tudo a rir e eu sabendo que teria mais uma história caricata na minha vida ( como se eu tivesse poucas)
Segunda reação: Mandei uma sms á minha melhor amiga. Ela era a minha única esperança. Além disso ninguém vinha ao w.c. Estava completamente abandonada, eu e a sanita de boca aberta a olhar para mim. A dada altura dei-lhe com a tampa.
A minha melhor amiga Gisela ainda estava a fazer o teste e para a aula acabar ainda faltava meia hora. Claro, eu calculei que ela ficasse na aula até ao limite de tempo, como já é costume...e começo então a desesperar, a dar valor á vida de preso, a sentir-me ridícula e essas coisas todas muito pouco católicas. Sento-me na sanita, com a tampa fechada lógico, e começo a passar o tempo a mexer no meu telemóvel XPTO, a ver mensagens de há um ano atrás, a apagar aqui e a meter isto e aquilo ali...quando vejo uma sombra perto da porta do w.c.
Primeira reação: AAAAAAAHHH que bom, alguém vem á casa de banho e posso pedir ajuda para me virem abrir a porta.
Segunda reação: Que coisas pretas são aquelas a entrar pela porta?
Perto dos meus ténis surge uma aranha enorme preta, a andar super devagar e a fazer a inspeção do meu calçado. Nunca imaginei que as aranhas invejavam ténis das Adidas, mas verdade seja dita...tive uma enorme vontade de gritar e a primeira coisa que fiz foi pular para cima da sanita, que já não lhe bastava ter levado com a tampa, mas também levou com os pés. Reprimi o meu grito histérico, pensei em ser uma linda menina grande, pensar como gente adulta, respirar fundo e não soltar nenhum traque de pânico. A dada altura a aranha cercou a minha mala que estava ainda no chão e foi quando Tânia Dias  fez contra-ataque. Claro está, ganhei. Derrotei a enorme aranha negra. Fiz golo e não sou o Cristiano Ronaldo. Foi só então que fiquei ao corrente que a minha melhor amiga tinha finalmente saído do teste e ali estava ela, do lado de fora, a saltar risadinhas e eu a morrer de tédio e nervos, a sentir-me poluída e uma aracno-assassina, acabando de cometer inseticidio com a própria mochila.
Lá foi pedida ajuda e uma senhora muito querida foi abrir-me a porta com uma chave que nem era daquela porta, mas que abriu as portas do purgatório.

Agora em casa, livre de odores peidolentos e monstros horripilantes, só me resta agradecer a Nosso Senhor e a todos os santos pela bênção divina de ter sobrevivido meia hora fechada dentro de uma casa de banho acompanhada de uma sanita faminta.

domingo, 27 de novembro de 2011

Decidir

É bom quando tomamos decisões. Tomar decisões faz bem, é sinal de que queremos procurar o melhor para nós, para o nosso bem- estar, para nosso enriquecimento pessoal.
Por vezes há decisões mais complicadas que outras, que poderão demorar algum tempo a acontecer, que poderão ponderadas com calma, o que leva algum tempo a decidir.
Quando o que fazemos não nos realiza totalmente, então o melhor que temos que fazer é procurar de acordo com os nossos requisitos, com as nossas condições e claro, algo que gostamos.
Fazer algo por questões de imagem ou por se dizer que fazemos mas já não nos dá qualquer alento, de pouco ou nada serve. É bom que aprendamos a fazer as nossas escolhas de forma acertada. Para isso temos que arriscar, errar se preciso for, tropeçar e cair umas quantas de vezes até nos conseguirmos levantar. Temos que saber admitir que erramos, saber que aquele caminho fora uma escolha errada e temos que saber ponderar uma vez mais e olhar á nossa volta com cautela, para não decidirmos mais uma vez de cabeça quente.
Já deixei para trás uma quantidade de coisas que poderia ter feito, já fiz uma quantidade de coisas que mas valia terem ficado apenas na minha cabeça e nunca saírem de lá, mas o que me vale é que todas essas decisões me levaram até aqui, para poder dizer que errei, que quero passar por cima, fazer mais e melhor e aprender com aquilo que fiz mal no passado. Afinal, reconhecer que errei só me dá muito mais a ganhar do que meter apenas as culpas no próximo.
Não precisamos tentar corrigir o que ficou feito no passado, quando, na verdade, não há muito mais a fazer. Temos sim que olhar em frente, que ponderar com base no que ficou para trás. Afinal, não somos mais nenhumas crianças, crescemos todos os dias e aprendemos todos os dias mais alguma coisa que nos garante melhores decisões. Porque não tentar de novo? Vale sempre a pena.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Falando-te de mim

Sinto a tua falta.
Sim, tu fazes-me falta. Sei que não partiste, nem foste embora sequer. A tua mala continua guardada e as roupas no armário.
Vejo a tua silhueta deitada na cama. Adoraria saber que sonhos habitam a tua mente agora, que vontades te movem mais além, que segredos escondem o teu coração quando fechas docemente os teus enormes olhos de um castanho avelã tão maravilhoso.
Gosto de ver-te chegar a casa e sentir os teus braços quentes á minha volta. Ver-te sorrir é ainda a melhor coisa que posso ganhar de cada dia que passa sobre nós dois. O tempo tem passado rápido desde que chegaste. Subitamente passaste a ser a coisa mais importante da minha vida, aquela pela qual eu luto sem nunca me cansar, sabendo que a cada luta venço sempre por te ter do meu lado.
Não preciso dizer-te que te amo todos os dias. Tu mesmo o sabes.
Tu sabes de tudo, tu sabes de mim, de nós e do mundo. Só tu podes saber de mim.
Não trago dinheiro nos bolsos. A carteira está vazia. Esqueci-me do cheiro do dinheiro, da textura suja de uma nota de cinco euros, do perfume amargo de uma moeda ferrojenta de dois cêntimos. Eu trago muito mais do que dinheiro para te ofertar e tu sabes que nunca ficas a perder. Comigo trago todos os dias amor puro no coração, que reparto contigo sabendo que ficará guardado em segurança.
Quando sais sei sempre que vais voltar, que nunca será um adeus, mas sim um até já.
Gosto de saber que me pertences, que és feito da mesma massa que eu, que dentro de mim circula sangue do teu. Sangue esse que me aquece todas as veias, todas as cavidades do corpo mal entras pela porta, mal escuto a tua voz suave chamar pelo meu nome dizendo que voltaste. E depois aquele teu sorriso genuíno, como se nenhum mal te pudesse acontecer na vida, como se não houvessem mais problemas para te poderes preocupar. Mesmo quando os há, tu fazes com que eles desapareçam. Os meus problemas...
deixam de ser os meus problemas quando chegas, quando me chamas de irmã, quando me dizes que vieste para irmos sair, para partilhares comigo mais um dia que passaste.
Á noite gosto de ver-te dormir. Pareces um anjo de olhos fechados. Julgo que és um anjo também de olhos abertos. As tuas enormes pestanas e o sorriso apagado, escondido detrás desses lábios que repousam de um dia longo.


 Por vezes fico angustiada de não poder ouvir-te falar. Deito-me a pensar em ti, preocupada de estarás bem enquanto dormes. Deixei outra vez aquele copo com água, fechei as cortinas para a luz do sol não ferir os teus olhos lindos.
Dentro de mim está tudo bem quando sei que estás feliz.
Sabes...há palavras que não precisam de ser usadas. O silêncio é a melhor das palavras, o silêncio que te diz quem sou e o que faço aqui.
Dorme bem meu querido irmão. Sonha com os anjos.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Perseguida

O meu passado persegue-me.
Uma voz...

Todas as noites desperto do mesmo sonho. Uma voz que me chama no átrio da minha casa. Uma voz seca que implora que eu ganhe coragem de sair da toca, revelar-me, enfrentar o medo que aos poucos se estende na dura cama do meu desespero.
Tento fugir-lhe. Dizer que irei conseguir, mas mais tarde, mas é impossível. Cada diz que passa, cada vez que adormeço, o mesmo sonho me persegue.

Um estranho. Sim, ele é um estranho que entrou na minha memória, que roubou os meus sonhos e a minha sede de viver. Sempre que adormeço ele ganha-me. Tento tirar isso da cabeça, distrair-me, conviver talvez.
Estou farta disto. Desço as escadas e vou até um bar. Talvez isto passe.
Dizem que fugir para longe é um solução. Uma viagem talvez. Fugir para longe afasta os problemas, é o que dizem. Mas eu prefiro enfrentá-los, ou neste caso, esquecê-los.
Calcei os meus sapatos e saí para a noite fria que me recebeu de braços abertos.
Entrei no carro e gelei.
No espelho retrovisor dois olhos me fitavam atentamente. Era ele, eu sabia que era ele. Fechei então os meus olhos na tentativa de o mandar embora da minha mente. Eu sabia que no fundo não passava de uma ilusão que tive naqueles poucos segundos em que quase deixei a insanidade bater-me de frente.
Meti a chave no carro e arranquei.
Talvez esta noite tudo passe.
Afinal, quem disse que os sonhos podem ser reais?

domingo, 13 de novembro de 2011

Coisas triviais que me fartam na blogosfera

Podia fazer um post bem mais elaborado, podia dizer um monte de babozeiras e até fazer um daqueles textos que alguns dos meus seguidores gostam. Mas resolvi falar do que me enjoa ver cada vez que abro um blog, ou quando descubro um blog novo...ou até mesmo quando dou uma olhadela em blogs mais antigos.

  • Diário- Não acham demasiado pessoal escrevermos a nossa vida em formato diário digital onde qualquer pessoa lá pode ir e saber da nossa vida ao detalhe? Um texto auto biográfico nada tem a ver com o típico diário e ninguém precisa perceber a quem se destina.
  • Visual inconstante- Não me levem a mal caros leitores, mas se é coisa que não percebo muito bem é a constante mudança de visual que há por aí em alguns blogs. Sim, concordo que o look seja mudado por vezes para não enjoar, mas será preciso mudar de imagem a cada estação, a cada dia da semana ou a cada dois dias? Quando mudamos muito a imagem é porque o conteúdo não é lá grande coisa...um blog com bom conteúdo não precisa de nada tão chamativo.
  • Troca de discussões- Hoje em dia os blogs funcionam muito a este estilo. Muita gente usa o próprio espaço criativo para uma troca constante de chapadas na cara do outro, coisa que não concordo. Acho que já todos crescemos um bocadinho.
  • Falar do namorado/a- "O meu namorado é a pessoa mais fantástica á face da terra e estou loucamente apaixonada/o por ele/a" Ok, nada contra, mas para quê tanta lamechice quando se pode simplesmente deixar isso para nós? No fim de contas esses blogs nunca duram mais que duas semanas. Em tempos fiz um blog para fotografias minhas com alguém com quem partilhava uma relação e se fosse hoje já teria pensado duas vezes antes de abrir uma conta só porque sim. As fotografias podem ser partilhadas em sites mais específicos como o Fotolog, como as redes sociais que são mais destinadas a esse tipo de fins. Na minha opinião atual, o blog é um espaço criativo onde metemos o que entendemos, mas devemos dar mais aso á nossa criatividade pessoal que intima. Coisa que na minha opinião não deve ser tão abertamente partilhada.
  • Blogs para Vampiros- Gosto de livros de vampiros, gosto de filmes com vampiros, adoro temáticas relacionadas e não sei explicar muito bem o motivo. Já adorava bem antes de sair esta praga de vampiros com porpurinas e que podem sair á luz do sol, Edward Cullen e seus derivados. Uma coisa é eu gostar da temática e até poder fazer uns posts alusivos aos vampiros, mas criar um blog só para dentinhos que sugam o sangue dos inocentes? Não obrigada. Toda a gente sabe que os vampiros são maus, mordem e matam, transformam e depois conhecem uma frágil alminha indefesa pela qual se apaixonam e ficam juntos no final. Para quê desenvolver algo que toda a gente sabe o final?
E vocês? Que fariam vocês leitores se tivessem que opinar sobre algum tópico que gostassem menos na rede da blogger?
Comentem e partilhem as vossas opiniões.

sábado, 12 de novembro de 2011

Sombra Negra

Não sei porque me persegues ou o que me queres.
Não sei o que faça para te mandar embora. Farejas o meu rasto como um animal faminto e consegues sempre achar-me, por mais que me esconda.
Nos teus ideais consta que eu serei tua por qualquer preço.
Corro. Sinto-te atrás de mim. Sei que mais tarde ou mais cedo conseguirás ganhar vantagem sobre mim, que segurarás a minha cintura e me farás parar para te encarar diretamente. Gostas de jogos perigosos, sem qualquer tabu. Gostas de sentir que os meus olhos são duas presas fáceis aos teus, mas eu não cedo. Eu insisto e não cedo aos teus caprichos. Prossigo, corro até onde a fadiga adormecida me deixa, até onde o meu corpo exausto me permite, mas sinto-te sempre atrás.
Umas vezes sinto-te escondido. Olho-me no espelho sabendo que, mesmo que o teu reflexo não se mostre, tu lá estás, sempre presente preparado para o próximo golpe.
Tu bem sabes que me atormentas a mente, que me desequilibras, que me tiras toda a concentração no que faço, mas nada te faz parar. Para ti todas as coisas parecem fáceis. Não te deixas ficar de nada e o medo não te faz frente, pois tu já és o próprio medo.
Enfrentar-te cara a cara é encarar esse mesmo medo sem receio de ceder-lhe.
Tento afastar-te. Não me serves, não me dizes nada. Tento mandar-te embora, gritar que não vales nada, que não passas de um animal faminto pronto para a próxima caçada e tu sempre ali parado, sem fazer qualquer movimento, completamente inerte com esse sorriso trocista e poderoso.
É inútil tentar fazer-te frente.
Para mim és um animal feroz.Para ti sou simples presa. Mandar-te embora seria inútil. Desisto. Ganhaste mais uma vez... Ganharás sempre!

domingo, 6 de novembro de 2011

Não temo a morte

Não tenho medo da morte.
Sinto-a perseguir-me para onde quer que vou. Consigo ver-lhe a sombra mesmo nas minhas costas. Cada dia que passa, cada hora, cada segundo, ela ganha balanço sobre mim, ficando mais poderosa, até que me consiga vencer por completo.
Escuto-a falar comigo, sussurrar-me que não terei escapatória e mais tarde ou mais cedo terei de entrar nesse seu mundo misterioso, que todos desconhecem.
Não temo ceder aos seus caprichos.
Queria morrer, desaparecer por completo. Ser devorada por essa sombra negra e desconhecida, essa porta para outra vida.
Queria acabar comigo, mas não acho que seja justo ser eu mesma a fazê-lo. Queria então que alguém acabasse comigo. Desejava que não fosse do meu conhecimento, que fosse apanhada de surpresa para não ter de pensar duas vezes sobre o assunto.
Quero que seja já, agora que me encontro distraída, a ler, a escrever, que entre a morte pela sala, com a arma do crime que me levará a outro patamar num outro lugar que não aqui. Que avance sempre pelas minhas costas para me dar coragem. Não desejo ouvi-la segredar-me, nem pedir-me que reflita no que acabo de tão gentilmente pedir. Apenas que o faça rapidamente para que eu não sinta nada.
Morrer não deve ser difícil, apenas viver o é.

domingo, 30 de outubro de 2011

Medo

Medo
O medo é bom e faz bem, entorpece-nos a alma e atordoa-nos os sentidos, congela-nos a alma. O medo pode ser paralisante, frio, mas intenso.
Todos os dias sinto medo. É estranho, caricato até, como o medo pode tomar conta de todas as coisas no nosso corpo, mandar nos nossos sentidos, no nosso coração.
Chamo por ti e não me ouves. Grito bem alto, desespero...é o medo, querido. O medo faz isso, faz-nos agonizar, faz-nos ter receio de uma derrota próxima.
Procuro por ti unicamente pelo medo. Não tenho medo de te amar como de te perder. Nada me paralisa tanto como esse sentimento que me congela e me fere a alma pedaço a pedaço.
O que sinto por ti é anestesiante, mas o medo aviva-me a dor de sentir essa pequena sucessão de pequenos prazeres.
Torno a chamar-te, a soletrar o teu nome para que percebas que é a ti que procuro, a implorar interiormente que não vás para não ter de dizer- foste-te. Ou ainda pior que isso- perdi-te. Tu insistes em não querer morrer dentro de mim e é isso que me dá medo.
Imploro-te com o coração -Fica. Imploro-te com a alma cheia de pavor - não me abandones agora.
E tu ali do meu lado e eu a gritar interiormente que não desapareças da minha vida.
É estranho querido. Durante todo este tempo continuo sem saber como nos consome o amor.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Momento Outonais

Sabem bem chegar a casa depois de um dia frio em que o vento nos deixa sonolentos, pousar as tralhas que diariamente carrego ás costas e ir direta para um bom e quente duche.
Gosto de sentir aqueles arrepios na pele após o banho e que são docemente abafados pela toalha macia.
É reconfortante poder dizer que estou em casa depois de um dia tão maçante, vestir o meu pijama, ligar o computador e beber uma caneca de café quente com uma tosta mista enquanto dou uma vista de olhos pela tutoria eletrónica da Universidade e seguidamente desviar um pouco o olhar para o Tumblr e ver como estão as pessoas que me circundam no Facebook.
Depois de mastigar uma boa dose de internet como se fosse uma pastilha elástica, gosto de me preparar para deitar mãos á obra e ir fazer o meu jantar, da maneira que mais me apetecer, exagerar ou deixar em falta, imaginar e criar novos pratos, enfim...sabe bem porque é algo que gosto de fazer, mas mais que isso, adoro deliciar-me depois a comer o que fiz.
Embora assim seja, o que realmente me dá prazer é alimentar aqueles que amo sabendo que eles comem daquilo que eu fiz e que gostam do que fiz. Não precisa de muito para sentir que tenho o dia ganho com um elogio á minha prestação de culinária.
Finalmente dou uma revisão na matéria, gosto de ter tudo em dia, preparar a mala para o dia seguinte e devorar a minha música preferida, a música que me ficou na memória nos dias de hoje ou até a que já há séculos que não ouvia.
Quando estiver tudo terminado, gosto de me deitar na minha cama quentinha com uma guitarra acústica e tocar. Depois, para terminar, escrever...muito. Pode ser estranho, nada contra quem não gostar, mas  um prazer enorme que tenho é escrever. Mesmo que seja escrever o que se passou durante o meu dia ou até um texto, um poema, uma carta que nunca chegará a ser lida...mas tenho que escrever sempre. O meu quarto tem uma estante só para os meus cadernos e diários e claro...ai de quem lhes mexer...
Já ao final da noite, adoro sentar-me á mesa na cozinha e devorar uma boa caneca de chá e sumarizar mentalmente o meu dia, para em seguida ir para a cama e dormir instantaneamente ao som da voz com quem quero casar...Jeff Buckley e os pingos de chuva que caem no exterior, deixando o meu olhar cair pela janela e dispersar por si num sono profundo e acolhedor.

sábado, 22 de outubro de 2011

Mensagem Telefónica


Estás aí?
Consegues ouvir-me?
...
Liguei para dizer que sinto a tua falta. O tempo arrefeceu esta semana e já sinto a cama fria. Sinto falta dos teus braços quentes á minha volta sabias?
Volta logo.
Hoje fui ás compras, vi aquele filme que tu tanto gostas á venda. Irei comprá-lo para vermos juntos quando voltares.
Sabes...ah...eu não queria dizê-lo por telefone, mas amo-te e sinto-me muito sozinha sem ti perto de mim.
Amanhã é mais um dia e eu espero uma chamada tua ok?
Liga-me assim que possas.
...
Hoje pensei fugir para longe, correr, perder-me algures no mundo. Seria uma estupidez se o fizesse não achas? Mas...estou muito sozinha aqui. Não fugi porque talvez não possa. Mas não pretendo ficar. Levo o telemóvel comigo para me salvares quando me perder com o som da tua voz.
Por vezes quero gritar mas não sai nada além da voz do silêncio.
Bem, vou ficar por aqui. Espero que o trabalho te esteja a correr bem.
Irei esperar-te esta semana na mesma paragem. Levarei comigo aqueles chocolates, aquele sorriso...
Fazes-me muita falta.
Adeus.

sábado, 15 de outubro de 2011

Um dia na vida de Tânia Dias

Como toda a gente normal que estuda, tenho uma vida um pouco rotineira que até me enjoa por vezes. Mas verdade seja dita, eu não me farto dela.
Por mais banal que possa parecer aos olhos dos outros, eu gosto dela. Gosto daquela sensação de todas as manhãs me deslocar a pé de minha casa até á estação de Faro para ir buscar a minha melhor amiga/irmã. Gosto de ir ouvindo as minhas bandas e músicas preferidas. Gosto de ir devorando uma vez mais o maravilhoso álbum Grace de Jeff Buckley e repetir sempre aquelas de que mais gosto.
Gosto de tudo, menos de ir para as aulas, verdade seja dita. Mas mesmo assim não me queixo. Não, nem pensar, gosto do que faço, porque foi uma escolha minha. Eu decidi isto. Poderia ter desistido, mas não desisti. E porquê? Porque gosto, porque sei que dentro em breve não será mais assim a minha vida. Um dia estas imagens serão apenas uma lembrança fantástica da vida de uma estudante Universitária.
Gosto de estar na Universidade por mais desinteressante que seja e gosto de ocupar o meu tempo com assuntos que ninguém se interessa. Gosto de ir ao Fórum Algarve nas horas de almoço, se bem que o meu rico horário este ano não me dá grandes chances. E quando não posso, gosto de devorar o meu almoço nos bancos d pedra debaixo de uma árvore. Gosto do que cozinho, porque sei cozinhar até decentemente, comida bem temperada. E enquanto como gosto de me lembrar disso. Dá-me um enorme gozo recordar o que fiz quando vale a pena.
Gosto depois de contar os minutos que faltam e lamentar-me que tem de ser. E lá vou eu a mais uma dose de aulas, lá vou eu de novo apanhar aquilo a que todos nós chamamos "uma bruta seca". E quando saio das aulas nada me dá mais satisfação que acompanhar a minha melhor amiga/irmã á estação e apanhar o autocarro para seguir o meu rumo, para a minha casa, dar o meu banho, comer e encontrar a minha cama mesmo a olhar para mim. É banalíssimo não é? Mas eu gosto. Mais ninguém precisa gostar. É bom que nos sintamos bem com a vida que temos. É casa vez mais difícil encontrar-se por aí alguém totalmente satisfeito com a vida que tem. Não posso dizer que a minha vida é cor de rosa, não o é, mas é calma, e mesmo que surjam problemas, eu passo por eles e venho aqui mostrar mais uma vitória. Gosto disso, dá-me especial gozo sentir que posso ter perdido uma batalha, mas ganhei a guerra. E mesmo se não ganhasse...gosto de me render quando nada mais há a fazer e dizer que pelo menos tentei.

domingo, 9 de outubro de 2011

Chovia torrencialmente quando eu despertei e ainda era de noite.
O céu estava coberto de um vermelho veludo. Os trovões demonstravam que a chuva não queria ir embora.
Olhei pela janela e vi o campo deserto que ao meu redor se estendia.
Nem sinal de ti.
Sinto o coração vazio. As horas passam e eu pergunto-me até quando irás suportar essa dura batalha que tão arduamente travas contra a morte que teima em testar-te.
Sinto um medo terrível de te perder. Na minha cabeça nada mais habita se não as lembranças do teu sorriso.
Caminho pela casa na esperança de me ocorrer uma solução mesmo que insana de te trazer de volta.
Sinto ansiedade, medo, um medo terrível de deixar de sentir o coração bater por entre os teus frágeis dedos. Sinto receio que brevemente deixes de sentir o meu abraço forte, as minhas lágrimas que cobrem o teu rosto como um manto, as palavras que docemente sussurro ao teu ouvido repetindo sempre Fica, por favor fica.
Olho-me ao espelho e não mais me reconheço. Recuso-me a acreditar na dura realidade de uma vida tão efémera. Subitamente vejo-te no espelho. Sei que é apenas a minha imaginação, mas tento a todo o custo trazê-la para fora...em vão.
Farto-me rapidamente de tanta angústia. Não posso perder-te. Vou contra todas as paredes na esperança de conseguires ouvir os meus gritos, na esperança de poderes sentir esta minha ansia de te querer do meu lado, de saber ao menos que ficas bem, que poderei ver-te dormir todas as noites sem me preocupar com o medo que me atormenta.
Deixa-me dizer-te, pode ser a última vez que o digo: Tu foste a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Deixa-me gritar bem alto amo-te até que escutes dentro do teu coração. Deixa-me suplicar-te uma vez mais Por favor, não partas...
Deixa-me derramar uma vez mais em ti as minhas lágrimas que dizem és tudo o que eu sou, pedir-te pacientemente que não largues a minha mão, ainda que não possas apertá-la contra a tua.
Sinto o teu corpo frio...é o frio da despedida.
Sinto ao mesmo tempo a minha alma abandonar-me o corpo, ir ao teu encontro, morrer contigo, seguir contigo a mesma estrada. Sinto o terror das horas que teimam em passar devagar levando mais um pouco de ti.
Fica, tu sabes que és importante. Não me podes deixar.
Deixo-me cair no chão frio, as mãos pesadas, o peso do corpo, da alma, das horas penosas que se vão acumolando em mim, o desespero que começa a tomar conta de todas as coisas...
Preciso arranjar uma solução, algo que te prenda a mim para sempre.
Viver sem ti não seria vida, apenas simples existência.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Decisão

Chega de lembranças tristes, decidi eu.
Hoje vou livrar-me de tudo. Peguei no suporte da minha vela e subi as escadas de pedra.
A noite estava fresca e a luz iluminava toda a floresta. No cimo da escadas erguia-se uma montanha íngreme que eu subi a fim de me livrar de tudo.
Levava na velha mochila as lembranças de um passado ruim, de um passado sem o mínimo interesse para mim. Más energias que me queria livrar para começar tudo de novo.
Quando cheguei ao topo da montanha pousei a minha velha lixeira e deixei-me ficar sentada por instantes a apreciar a bela paisagem que se despia aos meus olhos e me revelava toda a sua beleza natural. Como é bom o contato com a natureza. Como me faz bem sentir este friozinho na pele.
Era chegada a hora, não ousei hesitar mais um segundo. Eram pilhas de papéis sem nexo, fotografias que não mais me via nelas, pessoas que ontem passaram por mim e hoje são apenas uma mancha na minha memória, uma borra de tinta sem forma ou cor. Não me consigo lembrar exatamente dos seus rostos, das suas vozes. Tudo coisas que só me afogam, que decidi deixar para trás, deixar que o vento as levasse juntamente com as minhas lágrimas que secaram.
Usei a vela para as queimar e fiquei sentada a ver a pequena chama que a pouco e pouco se expandia, até formar pequenos círculos onde o meu olhar se refletia. Não vou sentir saudades nem falta de nada do que disse adeus. Agora eram só lembranças, lembranças essas que prefiro não guardar comigo, que prefiro apagar.
Assim que tudo queimou eu deixei-me ficar. Observei os pequenos fragmentos de papel, sem qualquer dizer, sem imagem ou forma, pequenos fragmentos de cinza, pequenos fragmentos que o vento mais tarde levará com ele, assim como a vida.

Quando voltares

Acordei tarde. Penso ter bebido demais. Do outro lado a cama vazia e desfeita, fria.
Na sala o copo de champanhe que deixaste inacabado, sob a cadeira de pinho jazia o teu casaco sem vida. Saíste para tomar café e ainda não voltaste.
Contei as horas e os minutos na esperança de te ver aparecer e pedir uma explicação.
Fartei-me disto. És sempre a mesma coisa. Odeio promessas da tua boca, coisas que sabes que nunca conseguirás cumprir mesmo que pudesses.
Deixo-me cair sob o sofá e espero mais um pouco enquanto esvazio o copo de champanhe.
Tudo começa com um copo de champanhe. Depois, uma noite entre a diversão e o desejo para depois se passar á fase seguinte. Para ti, na fase seguinte eu nunca faria parte dos teus planos.
Longe estaria eu de imaginar o que se seguiria ao teu olhar deslumbrante, á tua sede de agarrar a vida, de agarrar-me dizendo que jamais me deixarias escapar. Hoje escapei-te por entre os dedos, por entre os sentimentos. Trocaste-os por mais um momento sem saber se seria isso o que eu pretendia da vida.

Esperei demasiado tempo a tua chegada. Vesti-me e saí para a rua. Apanhei um táxi e fui até uma rua qualquer ver a noite que se escondia por trás de um manto iluminado. Saí do mundo, assim como da tua vida.
Saí de todas as coisas entre elas de ti.
Decidi esquecer-te. Talvez quando voltasse já o teu casaco não estivesse mais sob a cadeira de pinho, nem o teu copo na mesa da sala.
Talvez quando voltasse fosse já outro dia.

sábado, 24 de setembro de 2011

Vamos, sorri

Os dias e as noites quase se confundem. Desde ontem que foi assim.
Já sinto o frio encher-me a cama vazia á noite, o brilho da lua sob a janela do quarto como que a espreitar-me.
Já se faz sentir o cansaço do corpo de uma nova velha rotina, de coisas novas e coisas velhas, de uma vida que começa e que prossegue com os mesmos afazeres.
Sento-me á mesa com uma pilha de livros que nem sei se tenciono ler. Para escrever ainda muito me resta. Cartas, cadernos, pilhas de coisas que se amontoam á minha volta e me tapam o anglo de visão.
Depois, do outro lado, a tua sombra que me acompanha de perto.
No meio de tudo o que tenha para fazer és sempre mais importante.
Deixo tudo o que tenho a fazer para seguir os teus passos até lá fora.
Pareces triste. Tens nas mãos o peso de uma vida e muitas decisões que tomaste já te arrependeste.
Lamento se não conseguir ter-te por perto antes ou se a minha vida nunca me permitiu ir á tua procura.
Eu sei que te sentiste sozinho, com as mãos frias e o corpo débil.
Também eu sei o que é sermos deixados para trás das costas daqueles que amamos.
Deixa-te ficar, tens o meu ombro do teu lado onde te apoiar.
Nunca estarás sozinho. Não tenho muito para te oferecer, os meus bolsos estão vazios, mas trago comigo o coração cheio de amor para te dar.
A tua aparência descuidada denuncia-te.
Os teus olhos castanhos cor de mel não revelam brilho algum. Algures no passado alguém te roubou a alegria de viver.
Anda, segura a minha mão sem medo. Deixa-me mostrar-te o mundo, aquilo que perdeste em muitos anos de ausência de amor e afeto. Deixa-me segurar-te o coração e deixar-te repousar numa cama limpa onde não hajam medos que te encham na escuridão da noite.
Quer acredites ou não, tu foste a melhor coisa que me aconteceu. Tu encheste o meu coração de alegria e esperança, deste rumo a uma vida já há muito perdida, devolveste-me a esperança e devoção.
Podes até nem acreditar, mas tu tens magia no teu interior. Tens uma capacidade única de ser para os outros que nunca vi em lado algum.
Quando sais por algum tempo reviro a casa á tua procura. A verdade é que já não me imagino viver sem ti.
Lamento por nunca teres sentido um colo paterno, mas eu também já passei por isso.
Vamos, sorri. Sabes que odeio ver-te chorar. Mostra-me essa essência do teu ser. Abre-te para o mundo e abraça-o. Eu estarei aqui para aparar as tuas quedas.
Nunca te esqueças, tu és tudo o que eu sou.
Amo-te incondidionalmente, sem medo ou receio. Tu és, para mim, a parte que falta.


                    (Para o meu irmão, que amo muito)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Os Status do Facebook

Uma coisa caricata, que sempre me despertou a atenção foram os status do Facebook.
Embora neste post eu faça mais referência ao Facebook que a outras redes sociais, o mesmo se passa com toda e qualquer rede social quando temos que meter o estado de relação que temos com alguém.
Posso dizer que estamos a atravessar a fase do nudismo, em que os canais de música se enchem de vídeos com mulheres nuas e a imagem tem cada vez mais peso na sociedade. Na minha opinião, tudo anda a perder qualidade, incluindo os tipos de relação que as pessoas escolhem para as suas vidas. Desta forma, de acordo com a nossa actual mentalidade, o Facebook disponibiliza opções de relação entre as que são cada vez mais faladas na sociedade.
A pequena lista que se segue dá alguns exemplos, na minha opinião completamente descabidos, de status do nosso século tanto no Facebook, como falado pela boca do povo.
  • Relação aberta- Ok, chamem-me tartaruga, o que quiserem, mas se há coisa que realmente eu não consigo entender é essa modernice de dizer que se está numa relação aberta. Para mim, uma relação é uma relação. Se eu estou comprometida e quero mudar o status do Facebook, meteria que estou comprometida e nada mais. Uma pessoa que assume um compromisso com outra, seja ele aberto, achatado, com riscas, azul com porpurinas, é um compromisso, logo é comprometido. A ideia de relação aberta quer precisamente dizer o seguinte: " Tu e eu namoramos de certa forma, mas tu podes fazer o que entendes que nem quero saber e eu o mesmo que não te diz respeito" , o que na minha opinião é pura e simplesmente brincar aos namorados. É por essas e por outras que tantas relações abertas mudam de posto para solteiras.
  • Amizade colorida- Embora encaixe que nem uma luva na nossa actualidade, a amizade colorida é já batida nestas andanças de status. Basicamente uma amizade colorida baseia-se em dois amigos que partilham mais do que amizade sem se que assumam qualquer tipo de relação,o que é simplesmente idiota. Eu posso dar um bem melhor termo para designar uma amizade colorida que dê melhor imagem e não seja tão estupidamente infeliz. Para mim uma amizade colorida não tem nada haver com atracções sexuais sem compromisso, mas sim termos a capacidade de nos integrar com todo e qualquer tipo de raça humana, quer chinesa, quer cabo verdiana, quer angolana, quer o que quer que seja e de que país venha, feio, bonito, gay, lésbica...a nossa capacidade de aceitação alargar horizontes é uma coisa que vejo cada vez menos dada a nossa mentalidade racista, mas relações cada vez mais estranhas já dá para uma boa lista de compras.
  • Uma curte- "Ando a curtir com o Fábio"; "O Pedro pediu-me para curtir com ele..." Curtir é isso mesmo, nada sério. Em palavras mais antiquadas, há uns bons tempos atrás, um homem que quisesse uma mulher por uma noite era apenas isso, por uma noite, coisa de momento passageiro, nada sério. Agora tem o nome de curte. Pondo ainda o termo noutros significados, curte é igual a alugar espaço por uns dias e quando aborrecer e chatear troca-se de mercadoria, o que não faz qualquer sentido. Curtir, para mim, é apenas mais um termo vulgar que simplesmente me enoja, mas nada tenho contra quem queira seguir por estas vertentes, até porque estamos todos livres de fazer o que quisermos.
No meu ponto de vista uma pessoa que queira ter algo com outra, relacionar-se ou comprometer-se com outra pessoa automaticamente está numa relação, ou seja, comprometido. Uma pessoa que esteja livre chama-se solteiro ( Será que um dia irão surgir os vários tipos de solteiros? Ao estilo: Solteiro de dois em dois dias; solteiro que se prende a cenas mas se desprende delas...e digo cenas na nossa linguagem moderna); Uma pessoa que queira casar-se tanto pode estar comprometido como noivo, dependentemente do passo que decida dar á sua vida e os casados ou casadas deste país que tiveram a infelicidade de perder o seu amado ou amada por uma qualquer infelicidade estão viúvos. Minhas gentes, encarem a realidade...não há tantos status assim. Essa mania de ser uma relação aberta e sem limites em que tudo seja permitido é simplesmente nojenta. Uma pessoa se quer alguém na sua vida comprometa-se, por outro lado se não quer não se comprometa. Se gosta assuma sem cerimónias, se não gosta não assuma. Lógico que isto não passa de um simples ponto de vista, mas nem sempre variedade é sinal de qualidade, até porque não vejo qualquer qualidade nesses tipos de relação. E é por estas e por outras que vejo cada vez mais mães solteiras, mães aos 14 anos quando na verdade deveriam era de estar a estudar e a crescer porque são ainda umas crianças, doentes com SIDA cada vez em idades mais prematuras e por aí fora. Uma relação é um acto em que dois seres decidem entre si criar um laço de envolvimento mutuo e a dois é bom, mas a três é demais...nunca ouviram dizer? O termos 3 para mim sempre me fez lembrar o antigo par de chifres...

Bom, acho que fico por aqui, comentem, digam o que pensam enquanto eu vou mudar o meu status.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Inicio de mais um ano

Pois é...
Como tudo na vida que vai e volta, um novo ano académico vem a caminho e espero que seja o último, se tudo correr bem.
Geralmente é nestas alturas que sinto que não tenho descanso algum. Ou tenho que andar de um lado para o outro a tratar deste e daquele papel, ou tenho que andar atarefada com as compras de material escolar ou é sempre um ou dois erros de sistema informático que sucedem nos serviços académicos da UALG. Já para não falar que ( isto para quem não estuda na Universidade ou não sabe como as coisas funcionam) só de seguro escolar temos de pagar 25 euros de entrada com 72 horas de antecedência para se poderem efectuar as matriculas e depois, ao longo do ano um bom montante de 230 euros em quatro prestações, que vai chegar aos 900 e tal euros totais que devem ser pagos. Já não falo de material que tenhamos que adquirir, que na sua maioria são simplesmente fotocópias, mas também as ditas fotocópias chegam a ser mais caras que os próprios livros. Só para uma cadeira cheguei a gastar 50 euros em cópias e não estou a brincar.
Estando o nosso país num momento de crise económica acentuada, cujo IVA sobe todos os dias quase, é bom que tenhamos que dar uso á nossa criatividade e reutilizar os materiais. Geralmente, para a universidade nunca usei muito mais que dois cadernos e as ditas canetas, mas conheço quem goste de usar muito mais do que isso. Aviso logo que não estamos no tempo disso. Portugal além de ter de atar ainda mais os cordões á bolsa tem de aprender a poupar. No meu ponto de vista, a única vantagem que isto nos oferece é a aquisição de uma mentalidade mais adulta em que deixamos de comprar tanta coisa desnecessária só para ficar a enfeitar na prateleira do quarto. No meu tempo as coisas têm sido todas de muito fácil aquisição. Não digo que não se trabalhe para que hajam bens em casa. Lógico que sim. Mas na minha opinião, acho que nós somos extremamente consumistas. Eu mesma o fui em tempos e estou-me mesmo a deixar disso. Eu olho para o que tenho em casa e metade do que comprei hoje ofereço á minha irmã mais nova. No fundo as coisas são muitas vezes adquiridas mesmo pela febre de aquisição e nada de mais relevante que isso.

Nesta altura do ano começa também o Outono. Acreditem ou não, a verdade é que estou até a desejar. Gosto de ver as árvores despirem-se de verde e ganharem uma tonalidade meio amarelada. Gosto de ver a Terra descansar um pouco do verdejante e ganhar tons meio acastanhados, gosto das primeiras chuvas outonais, do café matinal, do chá quente, de uma peça de roupa aconchegante e de andar de guarda-chuva na mão. O que mais gosto no meio de tudo isto é o cheiro a terra molhada tão característico desta época e da época de Inverno.
Outra das coisas que gosto é de me levantar cedo para ir esperar a minha colega na estação e juntas irmos para as nossas aulinhas. Gosto de ir no autocarro a absorver um pouco de música e o pequeno-almoço tomado no bar da faculdade. No fundo isto são coisas que me fazem mesmo sentir em casa porque são tão rotineiras...e embora eu goste de variar e não me prender á rotina, a verdade é que a minha vida não é muito dada a rotinas. Nada do que se passou hoje se irá passar amanhã. Tirando o facto das aulas, todo o dia que passa é novo para mim e tento sempre vivê-lo ao máximo.

sábado, 10 de setembro de 2011

Na sombra

És droga! Mando-te embota e de que adianta?
Tu persegues-me e sabes sempre onde achar-me.
És como fogo que me coloca em brasa, que me faz perder os sentidos só de me tocar de leve.
Nas tuas mãos sou sempre um ser pequeno, mas nunca me importei com isso, pois sei que depois desta noite irás sempre voltar.
Tu gostas de sentir aquele perigo miudinho, aquela sensação de saber que estás a cometer um erro.
Eu nunca me importo, espero-te sempre na calada da noite sem grandes cerimónias, com as ideias já bem acentes para o que nos espera.
O único telhado que nos cobre nessas noites são simplesmente as estrelas.
Para ti é bom o som surdo nas árvores, das plantas ao sabor do vento, aquela sensação de poderes ser apanhado por um potencial estranho que te faça sentir ameaçado.
Nunca te atrasas. Nunca tiveste de o fazer para concretizar algo que gostas. Fico satisfeita nos teus braços e contigo sei que não preciso de procurar outros homens, porque contigo, sei que tenho todos os homens.
Tu gostas do meu desinteresse, da minha falta de atenção para com os teus gestos.
Não demonstro nada aos teus olhos, mas ardo por dentro quando chegas.
Muitas foram as vezes que te mandei embora, mas o meu pensamento nada faz perante a tua presença.
Sei que, se te mandar embora, tu jamais irás ceder á minha vontade.
Tomas-me nos braços e fazes de mim a mulher da tua vida, sem nunca me teres perguntado se tu eras o homem dos meus sonhos.
E és sabias?
Simplesmente sinto o medo de qualquer mortal, medo de me perder demais nesses teus jogos de prazer infinitos.
Tu ganhas-me, mas eu não mostro que doeu essa doce perda.
Tu ganhas-me de cada vez que me tomas como sendo tua, de cada vez que me beijas sem saber quais os teus limites, de cada vez que vais embora e me prometes que amanhã estarás de volta.
Não consigo mandar-te embora.
És a chama que me queima como folha de papel, chama que me faz arder como uma floresta que se deixa consumir pelo calor.
És tudo isso e por tudo isso não consigo dizer-te que não mais uma vez.
Amar-te é estranho e sufocante, mas eu não consigo viver a respirar livremente. Preciso das tuas mãos no meu pescoço, do teu perfume á minha volta e dos teus jogos de palavras quentes.
Se é amor? Eu não sei...mas queima, faz-me querer voltar e nunca, mas mesmo nunca deixar-te para trás.

A ti




Nem devia dizer-te isto. Sabes, na verdade há coisas que nem deverias de saber. São aquelas coisas que simplesmente considero idiotas, mas que as sinto sempre que chegas.
Quando vais embora um há um medo enorme que me atormenta, que me gela completamente. Nunca te disse porque achei que nem irias querer saber, mas sinto-me mais segura contigo por perto.
É como se nada de mal me pudesse acontecer quando chegas. Não encontro palavras para definir o que é.
Adoro entrelaçar os meus dedos aos teus e colocar a minha cabeça no teu peito, para ouvir o teu coração bater. Faz-me sentir segura.
Tu mandas embora todo o mal existente, todos os receios que uma mulher possa ter.
Nem te esforças para isso, já é mesmo de ti, ou daquilo que sinto quando entras pela porta.
Transmites-me força e energia.
É bom sentir-me viva contigo sem precisar de muito.
Os outros buscam o material, o consumo sem qualquer satisfação alcançada no fim de tantos esforços.
Apenas pedi que descesses dos céus para mim um dia, não importava o que tivesse de passar antes para chegar a ti.
O que importa é que chegaste até mim sem aviso, sem carta ou sem aqueles instintos de mulher.
Chegaste simplesmente e encheste todo o espaço vazio e morto que havia em mim.
Houveram outras almas que tentaram ocupar esse espaço, levando pedacinhos de mim e espalhando pelo vento.
Tu devolveste-me esse pedaço roubado, essa vitalidade e força interior.
Obrigada por seres assim sem que precise pedir-te, sem que necessite preocupar-me se irei acordar do teu lado mais uma vez.
Obrigada por seres assim.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Ansia



Não vás por favor! Suplico-te que fiques...tenho medo da noite!
Fica comigo de mão dada, não precisamos trocar uma única palavra. Apenas quero que fiques do meu lado.
Quando amanhecer poderás ir. Libertarei a tua mão para que possas seguir o teu caminho, mas volta sempre de noite, porque eu não consigo...é demais!
Por vezes isto torna-se sufocante, asfixiante...e sabes? Eu não consigo superar este medo que me atormenta.
A casa é enorme, chove sempre muito lá fora e as noites são grandes e frias.
O frio atormenta-me, mas é a solidão que me gela. Por isso suplico-te, fica, não me deixes aqui sozinha nesta enorme mansão, presa a estes enormes corredores todos eles vazios, labirintos de solidão e terror onde me prendo noite após noite.
Não ouso abrir os olhos até sentir que vieste apaziguar os meus anseios.
Pouca a tua mão sobre a minha e nada digas para além da tua presença.
Deixa que o negro dos cabelos me cubra a face e me tape o anglo de visão...deixa-me imaginar-te de muitas formas diferentes.
Não abras a  porta, nem as janelas...mas manda o meu medo embora! Corre-o daqui com o teu dom de aconchegares o meu coração sofrido, de me fazeres acreditar que o medo é algo da nossa cabeça.
Apenas quero que me digas isso outra vez até eu decorar. Mas di-lo de formas diferentes. Nunca o digas da mesma maneira.
Esta noite prometo que irei ser mais forte e estender-te a minha mão.