O meu passado persegue-me.
Uma voz...
Todas as noites desperto do mesmo sonho. Uma voz que me chama no átrio da minha casa. Uma voz seca que implora que eu ganhe coragem de sair da toca, revelar-me, enfrentar o medo que aos poucos se estende na dura cama do meu desespero.
Tento fugir-lhe. Dizer que irei conseguir, mas mais tarde, mas é impossível. Cada diz que passa, cada vez que adormeço, o mesmo sonho me persegue.
Um estranho. Sim, ele é um estranho que entrou na minha memória, que roubou os meus sonhos e a minha sede de viver. Sempre que adormeço ele ganha-me. Tento tirar isso da cabeça, distrair-me, conviver talvez.
Estou farta disto. Desço as escadas e vou até um bar. Talvez isto passe.
Dizem que fugir para longe é um solução. Uma viagem talvez. Fugir para longe afasta os problemas, é o que dizem. Mas eu prefiro enfrentá-los, ou neste caso, esquecê-los.
Calcei os meus sapatos e saí para a noite fria que me recebeu de braços abertos.
Entrei no carro e gelei.
No espelho retrovisor dois olhos me fitavam atentamente. Era ele, eu sabia que era ele. Fechei então os meus olhos na tentativa de o mandar embora da minha mente. Eu sabia que no fundo não passava de uma ilusão que tive naqueles poucos segundos em que quase deixei a insanidade bater-me de frente.
Meti a chave no carro e arranquei.
Talvez esta noite tudo passe.
Afinal, quem disse que os sonhos podem ser reais?
3 comentários:
Muito bom, as always...
UUUU Tânia Dias ataca com os seus posts misteriosos.
Há uns tempinhos que não tenho podido vir á net, mas lá dei a volta á coisa para vir ver o teu blog e continua divinal, como sempre.
Ainda por cima adoro abrir a página e ver a tua foto com aquelas velas, aquele olhar de felina ui ui. Sempre linda. Nunca mudas. É por isso que tens uma carrada de admiradores. Viva a deusa Venus.
Eu gosto sempre de ler o que escreves.
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