Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



quinta-feira, 29 de julho de 2010

Solidão e esquecimento

Estava escuro quando despertei. O chão girava sob os meus pés descalços e no fundo do quarto uma luz pálida evadia parte do chão.
A cabeça doía bastante. Lá em baixo ouviam-se vozes que se misturavam e se confundiam umas com as outras. Tentei descer, saber de quem se tratava mas deixei-me ficar sob a cama dura e fria. Esperei. A dor de cabeça ainda não havia passado. Sentia ainda o forte efeito da anestesia. Depois não me lembro mais do resto.
Despertei com os teus lábios.
Tinhas chegado. Todos os meus medos se foram naquele instante. Abri os olhos e vi os teus. Sorri. Tu também sorriste. Parecias feliz. Nesse momento senti-me sortuda, grata por ser eu a estar nos teus braços e não outra qualquer. Senti que havia ganho a mais dura das batalhas, que era uma lutadora. Nem o forte efeito da anestesia nos afastou nessa noite.
No dia seguinte as vozes cessaram. Todo o meu corpo estava dormente. Sentia as palmas das mãos suadas. Por momentos pensei que fosse efeito do meu sonho. Tentei lembrar-me da noite anterior em que senti os teus lábios. Procurei-te na cama. Esta parecia agora enorme, um monstro gigante prestes a devorar-me entre molas e esponja. Uma dor forte atravessou o meu peito. Fiquei estática durante mais ou menos uma hora tentando afastar da minha cabeça esses terríveis pensamentos mas depois eles mesmos decidiram abandonar-me.
Não me lembro de mais nada. Foi assim que me esqueci de tudo, que me esqueci de ti.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Olhar Cego


Tentas chegar-te. Eu retrocedo. Há muito que eu não ouvia notícias tuas. Vieste tentar magoar-me. Já o tentaste por várias vezes, todas elas sem êxito. Pesquisas-me sem te cansares para conseguires uma forma de assim não veres os teus defeitos. Foste trocada e sabes disso. Há muito que foste trocada mas ele não te diz, não tem coragem. Enquanto isso tens o céu. Enquanto isso eu sei de tudo.
Antes teria tentado humilhar-te, dizer-te que não vales nada, que estás com ele pelo seu dinheiro, no fundo nem o conheces... mas sonhas!
Hoje entendo que não vales sequer um segundo perdido. Viro-te as costas e deixo-te a falar para as paredes. Podes entrar quando quiseres, usá-lo e juntos tentarem uma forma de se divertir comigo. Percam tempo. Enquanto eu me divirto e refaço a minha vida perdes tempo. Não consegues sequer deixar de pensar em mim. Por momentos pensei que não fosse só ele que me amasse, mas tu também. Não te consegues cansar de me perseguir, seguir os meus passos... tentar saber quem sou para fugires do teu verdadeiro eu. Não tens vida. Procuras através dele um meio de subir o teu posto e ele... divertir-se. Diz que te ama e sozinho pensa nela, a outra... aquela que tantas vezes se senta no seu colo mas que a ti ele apenas afirma que foi um sonho. Diz tê-la mandado embora mas tem-a como que a um objecto que possui foi isso o que ele quis de mim e nunca teve. Esse miserável estrangeiro, intruso no meu país e em todos para onde ele vá!
Tu não sabes, mas lá no mais profundo de ti és infeliz. Tentas divertir-te comigo para te esconderes de ti. Viro as costas, a ti e a ele. A todos vocês que vivem num mar de enleios, mentiras e sonhos.
Quando procurares por mim não te ouvirei. Não responderei sequer. Ignoro-te, divirto-me em ver como tu e ele perdem o vosso tempo.
A vida continua para mim.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Vendida


Já estava quase na hora. O avião já havia chegado. Olhei para a mamã e notei que ela parecia preocupada. Dentro de momentos chegou o papá que trazia consigo um senhor de barba alto e estranho.
Quem me dera que a minha irmã pudesse estar agora comigo. A mamã inventou uma desculpa qualquer sobre um atraso nas bagagens do qual não entendi muito bem.
O meu pai pousou o braço sobre o meu ombro trémulo e sorriu para mim. Disse-me para eu ser uma boa menina. Para fazer tudo o que aquele senhor estranho mandasse. Eu disse que sim. Estava cada vez mais nervosa. Nunca tinha andado de avião antes. Era a minha primeira vez.
Quando a mamã me abraçou senti o meu estômago dar voltas. Algo não estava bem e eu tinha percebido isso desde o início.
O senhor estranho levou-me pela mão. Seria suposto ir passar férias na casa dele. O papá dizia que se tratava de um velho amigo de infância que me levaria a mim e á minha irmã a passar umas lindas férias na Arábia Saudita. Eu acreditei. Aquela era a idade de acreditar em todas as coisas que me contavam.
O papá falava que a Arábia Saudita era um lugar maravilhoso mas quando lá cheguei não tinha nada de maravilhoso. Ficamos alojados na casa desse senhor estranho que se dizia ser um dos homens mais ricos da Arábia Saudita, mas quando cheguei na casa dele o único sinal de riqueza era uma televisão ao canto da sala.
Quando ele saiu duas mulheres foram sentar-se a meu lado e sorriram para mim. Eu não sabia falar árabe, nem uma única palavra.
Estava nervosa e tinha motivos de sobra para assim me sentir.
Passadas duas semanas seria suposto eu estar no aeroporto para ir de novo para casa, mas tal não aconteceu. Uma noite ouvi o tal senhor estranho a discutir freneticamente pelo telefone e consegui ouvir a voz do papá.
Não demorou muito tempo a perceber que havia sido vendida pelo papá e pela mama. Venderam-me por duzentos e cinquenta euros.
Fui vendida e tive de me casar á força com esse tal senhor a quem o meu pai me pediu para obedecer fielmente. Durante anos fui vítima de maus tratos e fui mãe aos 17 anos.
Com 21 anos consegui fugir da Arábia Saudita. Foi uma luta desigual para ter chegado até aqui onde hoje estou. Por mais anos que passem e por mais feliz que hoje me encontre jamais conseguirei apagar da minha memória o dia em que fui vendida a troco de quase nada. Tal como eu, muitas adolescentes com a mesma idade que eu tinha na altura passam todos os dias pelo mesmo. É triste pensar que assim seja, mas é a realidade.
Apenas desejo a todas essas jovens a mesma sorte que eu consegui ter em ter conseguido lutar por seguir o meu destino deste modo. Todas as mulheres do mundo merecem sorrir.




NOTA DA AUTORA: Este post é dedicado a todas as mulheres e jovens que são raptadas e levadas a troco de nada para um mundo e uma cultura completamente diferente da sua e a coragem e a luta que têm de travar todos os dias para suportar mais um dia que passa.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Passado

És ridículo.
Essa é a única frase que posso empregarem ti. De cada vez que te vejo e de todas as especulações que leio feitas por ti a meu respeito. Rio...
Não há outra forma de encarar a situação. Dás-te ao trabalho de ser ridículo.
Dizes que sabes que sou eu, que não te largo, que não tenho mais nada que fazer quando na verdade és tu quem não pára de pensar em mim.
Escreves coisas absurdas. Pensas aquilo que não corresponde á realidade. Mentes com quantos dentes tens na boca. Dizes e redizes aos sete ventos que sou eu aquela que não pára de seguir as tuas pegadas quando na verdade faz tempo que as apaguei. Eu apeguei as tuas pegadas. Eu segui um mundo diferente do teu. Percebi que não prestas, que não vales nada. Se seria capaz de te dizer o mesmo frente a frente?
Porque não? Foi isso que fiz uma vez.
Desmascarei o canalha que há em ti e depois disso segui a minha vida.
Furioso apagaste-me da tua conta, de todas as tuas redes sociais. Quiseste mostrar que tinhas virado a página quando na verdade quem virou a página fui eu.
É ridículo esse homem que tu mesmo criaste.
És passado. É tudo o que posso dizer-te. Chama-me o que tu quiseres. Esse alguém em quem tu pensas e a quem tu chamas nomes não sou eu. Idealiza então por ti mesmo uma mulher a quem descarregar a tua frustração de miúdo frustrado.
Desaparece. Corre para longe. Faz a tua vida e esquece que alguma vez nos pertencemos.Estranhamente já há muito que o fiz. Sou feliz hoje sem ti. Não me fazes mais falta.
Houve momentos em que me questionei o porquê de ter tido algo contigo. Mas na verdade não me arrependo. O passado já lá vai.
Deixo-me cair no sofá e leio atentamente mais uma das tuas tentativas frustradas de me tentar atingir só que sem êxito. Rio mais um pouco. Rio por pensar que não suportas críticas. Dentro de ti, além daquilo que um dia me deste a ver não há mais nada de interessante.
É engraçado quando nos acontece algo a nós semelhante ao que acontece a grande parte das pessoas...é engraçado pensar que um dia fomos alguma coisa quando hoje vejo que fui areia demais para ti.
Tenta crescer e procurar um outro brinquedo enquanto não atinges a maioridade. Até lá sonha...idealiza mais um pouco. Faz-me rir.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Almas Gémeas


Eram ambos pessoas normais. Ele um músico e ela estudante. Ambos sozinhos...sem nenhuma esperança de encontrar o amor.
Tinham ambos muito trabalho e viviam em sítios totalmente diferentes. Ele vivia em New York e ela em Portugal. Ocupavam ambos cargos distintos e importantes. Ajudavam pessoas e dedicavam o resto do tempo a eles mesmos. Depois disso nada de muito mais importante tinham para fazer.
De repente...o acaso leva a que se cruzassem. Um terrível acidente de avião levou o conceituado músico a uma aterragem de emergência.
A notícia alastrou-se por Portugal de Norte a Sul. Muitos dos passageiros não resistiram. Alguns ficaram apenas com ferimentos graves sendo reencaminhados para o hospital mais próximo.
É então que ela entra em acção. Ela foi chamada para fazer voluntariado e ajudar o hospital com a assistência dos pacientes.
Os corredores eram longos e escuros. Ela andou com passos largos e pesados. As mãos frias. O corpo dormente. Seria medo? Eis então o palpitar do coração á medida que a mão tocava ao de leve na porta. Esta abriu-se lentamente. Alguém estava deitado na cama, ligado a várias máquinas. A respiração muito fraca...talvez os últimos momentos.
Ela passou perto da cama e o olhar fugiu-lhe para o rosto do desconhecido que jazia nela entre a vida e a morte. Foi então que ambos os olhares se cruzaram, ambos os corações dispararam. Ele soube desde então que jamais poderia morrer sem antes conhecer a mulher da sua vida, a que estava ali mesmo, diante dos seus olhos.
Ela soube desde esse mesmo instante que nada havia sido feito por acaso. Estar ali, naquele momento, aquela hora...naquele preciso lugar...estava destinada a ser sua.
As mãos tocaram-se, uniram-se quase que a formar uma penas. Os olhares fundiram-se.
Depois os lábios que se entreabriram e uniram de forma perfeita e única.
Ele não podia morrer e assim foi. Ela não o podia deixar e nunca mais o largou.
A música e o coração. Duas uniões perfeitas, para sempre, até onde a idade permitir.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Falta de sentido


Quando me perguntam por ti pergunto sempre a mim mesma a quem se referem. Por mais que pareça incrível não me consigo recordar de ti, de nada do que possamos ter passado juntos e mesmo que alguns momentos pudessem ter sido de facto marcantes, hoje não me consigo recordar de momento algum ao qual um dia dei importância.
Pude dizer que namorei um estranho, um ser sem capacidade de afirmar as coisas mais simples, um ser que apenas se refere que mudei por ele sem nunca ter conseguido fazer-me frente e dizer-me que a relação estava diferente.
Uma das coisas que jamais tiveste noção foi que eu não mudei, apenas queria conhecer-te, interessar-me pelos teus gostos, viver dentro dos teus ideais para saber quem eras. Hoje percebi que fiz demais por ti. Jamais mudei aspecto algum em mim.
Pude dizer que tive um namorado que no fim da nossa relação me apontou todos os defeitos e mais alguns para se esconder de não me ter dito que as coisas não estavam a funcionar, um namorado que não teve coragem de ser directo quando se julgava tão crítico, tão directo como não havia outro e que no fim revelou que a sua mente crítica apenas servia de montra e não de conteúdo.
Pouco a pouco descobri o homem que havia por detrás daquele com quem estive em tempos. Num momento sei que o adorava, amava o homem que me iludiu, que me tapou os olhos com ambas as mãos, mas no momento seguinte, o momento da verdade, descobri que não prestas.
Hoje sei que, por mais que um dia viesses ao meu encontro pintado de ouro te daria um minuto que fosse da minha atenção. Não me arrependo te de ter conhecido, se eu não te tivesse conhecido jamais saberia lidar com um animal da tua laia.
É engraçado como as pessoas se encobrem para não mostrarem quem realmente são. É assim que nos iludimos muitas vezes.
Rio a pensar que assim foi, que me iludi e dei toda a minha atenção a algo que tudo o que merecia era que eu olhasse para apreciar se valeria a pena e depois virasse as costas. No início foi mais ou menos assim. Foi por isso que nunca me largavas, porque tu não eras o meu tipo de homem, porque não me servias e era visível de longe que eu era mal empregue nas tuas mãos. Só mais tarde ignorei esse aspecto quando disseste que me amavas. Comecei a interessar-me pela pessoa que pensei que fosses, pela outra imagem que se escondia por detrás dessa tua aparência tosca e sem piada alguma, pelo homem a quem um dia pensei chamar mesmo de homem. Hoje entendo que poderia passar uma vida a tentar comparar-te com um, mas não passas de mero projecto mal acabado.
Não digo tudo isto para te ferir, para te magoar, digo isto para que saibas da verdade, daquilo que sinto cada vez que nos cruzamos.
Nunca irás ter sorte no amor porque tu arruínas o próprio amor com as tuas próprias mãos.
Cresceste com a mania de que sabes tudo, que vens com toda a instrução do mundo, que sabes com quantos paus se faz uma jangada e é então que te vejo sempre no mesmo sítio e reparo que o que tu sabes já eu me esqueci.
Antes ria das tuas piadas, hoje rio de ti, rio por perceber que foste bruta perda de tempo, que se toda a mulher soubesse logo á partida com que tipo de homem lida jamais escolheria algo parecido contigo.
Quero que saibas a mulher que perdeste, a mulher que poderia viver o resto da vida do teu lado, mesmo que de olhos tapados e bem tapados. Quero que percebas que o que tiveste nas mãos não te calha duas vezes. É o mesmo que comprar uma rifa a um estudante: pode calhar ou não o cabaz, mas acreditas que te calha duas vezes seguidas?
Tenho orgulho em não te pertencer mais, em não ter mais nada que ver contigo, ter limpo todo o meu corpo das tuas digitais, ter jogado fora todas as coisas que me faziam recordar de ti, ter mudado de rua e mudado de vida a partir do momento em que finalmente arranjei coragem para te dizer na cara o grande mentiroso e forreta que tu és. Tu só tens o que mereces, o que plantaste e colheste com ambas as mãos. Quero que faças bom proveito da cama que fizeste.
Pode ser que um dia nos calhemos a cruzar e nessa altura te lembres do que fizeste. Não te garanto é que me lembre de quem és.

sexta-feira, 9 de julho de 2010


Vazio. Palavra de cinco letras que perturba a mente humana.
Pousei a chávena de chá. Eram duas da manhã. Lá fora o vento soprava e dançava por entre as árvores. Esperei. Três da manhã e nada. Quatro da manhã...
Tapei os olhos para não ver. Meti as mãos ao redor dos lábios para que estas me impedissem de gritar.
No quarto apenas estava eu e o medo. Eu e aquele terrível sentimento que num acto apenas consegue rasgar o meu coração em dois.
As horas passavam por mim como pequenas brisas. A noite. Essa terrível máscara que te cobre os cabelos castanhos e te esconde de mim. Essa vagabunda que te leva para longe de mim e me deixa tão só, tão vazia por dentro. Essa tua amante a quem dás mais valor do que a mim. A noite.
Deixo-me cair sob os lençóis de cetim, sinto o corpo dormente, a alma pesada, mais pesada que a própria carne. Suspiro. Olho em volta. Nada.
Nada que te traga esta noite. Mais uma entre as muitas outras noites em que te esperei. Nada que te impeça de ir para ela em vez de ficares comigo. Nada que te devolva a saudade dos meus braços débeis, do meu calor gélido, do meu olhar mudo e sorriso apagado. Nada que te prenda de novo a mim como antes, nada que te faça pensar que sou eu quem espera por ti. Ela apenas aparece para te acolher,depois sai e tu ficas só.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Olhar

Uma facada no peito, uma espécie de anestesia geral. A dor que aos poucos se instalava no fundo das quatro paredes do meu coração e no fim, o vazio que vinha, que me invadia e me dava medo. Recuei. As pernas tremiam. Depois aquela dor de novo, desta vez mais forte directa no coração. O som dos teus passos e eu ali parada sem saber ao certo para onde correr. O som agora mais próximo e o medo que crescia. A melodia da tua voz e os meus olhos que se fechavam como duas feridas que custam a cicatrizar. O arrepio na pele provocada pelas tuas palavras. De súbito...o teu olhar, aquele momento paralisante que me encheu de medo. Medo por não ser capaz de agir, medo de me perder por entre os teus olhos, medo de me perder tanto que não mais me encontrasse. Depois aquela voz na minha cabeça que me pedia para ir embora, para não deixar o medo tomar conta de mim, e a outra voz que me suplicava para ficar, para te olhar por mais uns segundos.
De novo aquela facada no peito. Engoli em seco. A saliva sabia a sangue. Tinha a garganta seca. Fechei os olhos e de súbito sinto as tuas mão. As tuas firmes mãos que me seguravam em silêncio, numa valsa lenta e dolorosa que me causava arrepios. O teu corpo contra o meu. Depois os teus lábios que me sugaram. Tentei correr. Em vão.
Tentei gritar. Em vão.
Que mistério esconde o teu olhar que me hipnotiza?
Deixei-me ficar ali, naquele momento em que consentia que me tocasses daquel forma, daquela forma insuportavelmente dolorosa e perdi-me nessa dor. Em poucos instantes eu era essa mesma dor. Anestesia geral. Tentei gritar uma vez mais. Incapaz. Anestesia geral.
Amava-te demais para suportar tudo aquilo. Não sei como consegui sobreviver a tanta tortura.
Depois os teus olhos que me fitavam. Depois os teus lábios que me beijavam. Depois o teu sorriso e de novo o teu olhar. E eu incapaz de me mover por entre os teus movimentos, por entre os teus braços, eu firmemente presa nos teus braços numa tortura que me matava. Amo-te demais para suportar tanta tortura!
O teu olhar fixo no meu. Mais uma facada no peito. Depois...anestesia. E depois tudo recomeçava como se nada fosse, diante dos teus olhos e de tudo mais que nos envolvesse, desde que fosse verdadeiro.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Lembro-me


Lembro-me da minha mão presa nos teus cabelos, onde a firmeza dos meus dedos ia de encontro primeiro aos suaves caracóis dos teus cabelos, e só depois de tudo percorrer sem que nada pudesse escapar, aos teus olhos.
Lembro-me de teres os olhos fechados enquanto o fazia. Dizias que conseguirias reconhecer as minhas mãos de olhos fechados em qualquer parte do mundo e eu sabia que falavas a verdade.
Lembro-me de fechar os meus olhos e sentir o toque macio e suave dos teus lábios no meu pescoço.
Lembro-me das palavras que tão gentilmente sussurraste no meu ouvido da última vez que nos vimos e de cada vez que se avizinha uma partida o medo nos nossos olhares.
Lembro-me do bater do teu coração e dos teus braços firmes á minha volta enquanto eu me ia deixando ficar sem receios.
Lembro-me do teu cheiro doce e único, tão caracteristico da tua pele macia misturado com o teu perfume. Lembro-me do cheiro dos teus cabelos por onde vagabundeiam os meus dedos sem medo de se perderem e não mais se acharem.
Lembro-me do sabor dos teus beijos, tão doce como uma peça de fruta, mas com mais sumo que a própria fruta e depois olhar os teus olhos sem nada querer dizer.
Lembro-me das palavras que me dizias uma por uma, das coisas que fazias de cada vez que proferias uma palavra como essa, dos teus gestos e da forma como me seguravas a cada vez que o fazias.
Estas horas em que te espero serão sempre as mais difíceis. São horas em que me lembro, horas em que penso em ti porque simplesmente não consigo deixar de fazê-lo.