Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Despida

É assim que me sinto quando sais pela porta
Despida
Sempre que te vejo afastares-te docemente
E o teu sorriso
E sempre que me dizes que vais voltar, mas eu não sei se voltarás mesmo.
Fico despida ao teu olhar, ao meu olhar.
Tu cobres-me com esse teu manto de firmeza, com essa tua maneira de ser.
Sem ela não sou nada.
É engraçado quando nos damos conta de que somos isso mesmo...NADA.
Disseste: Eu vou estar sempre aqui. Mas o meu medo afasta essa ideia para longe, sem saber de vais mesmo estar do meu lado quando eu ficar despida. Quando eu deixar de te ver, quando o medo fechar os meus olhos.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

E se...

E se chegas e eu já não estou?
E se foges de repente?
E as nossas mãos que se unem
E os nossos corpos que se afastam para depois de juntarem de novo, tarde ou cedo, na mesma hora, com o mesmo calor
E se ao menos...
Não, talvez seja demais dizer-te isto. Talvez não queiras...
Mas e se quiseres? (...)
E se fosses agora?
Já? Não...ainda não estou preparada para te ouvir dizer aquilo.
E se temer te ver agora, talvez não tema mais tarde quando te vir chegar de novo
E se chegares sempre jamais temerei o som das tuas palavras mudas
E se ao menos me dissesses aquelas mesmas palavras que soam como melodias, talvez fosse essa a melodia das nossas vidas.
A falta de sentido das palavras não ditas, que ficam sempre por dizer
E jamais serão ditas quando nos pretendemos calar
Sempre que as bocas se calam
E se...
Não, tu não irias voar para longe, sempre o soube.
E se um beijo pudesse curar feridas antigas, jamais sucumbiria.
E se ao menos te beijasse, jamais o temeria.
E se fores...
Se fores...
Podes sempre voltar outra vez?
Talvez hoje, talvez mais logo, incertamente
Esperando por ti, aqui, eternamente.

Amo-te

Amo-te assim
Infinitamente
Amo-te sem saber porque te amo certamente
Amo-te com este coração de quem sabe amar sem razão
Amo-te com paixão
Amo-te com sinceridade
Amo-te de verdade
Amo-te sem perceber qual a razão
De te amar tanto com tão pequeno coração
Amo-te racionalmente sem perceber o sentido de te amar
Amo-te com todas as letras, enquanto as poder pronunciar
Amo-te irreversivelmente
Amo-te assim certamente
Amo-te com todas as certezas
De que te amarei eternamente

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Doce Fantasia

As marcas do teu rosto
Tao finas e delicadas
Acendem o meu desejo
Deixam minhas faces rosadas
Que esse teu sorriso
Tanto teu como meu seria
Realizam minha fantasia
E tudo aquilo que eu preciso
E essa pele só tua
Tanto tua como minha
Desenhada numa delicada linha
Já tanto me perdi de tanto tentar
Teus belos traços desenhar
E tocar levemente
Nas ondas doces do teu cabelo
Onde me perco a vê lo
E não há beleza mais bela...
Fitando-te infinitamente
Desejando-te perdidamente
Porque tu és a minha doce sina
E eu, aquela que te imagina
E que em meus sonhos beija
Teus lábios carnudos
E em teus cabelos veludos
Me poderia sempre perder
Para depois me encontrar
Na certeza de que irias sempre la estar
Com a mesma e sempre tua beleza
Que o meu coração arrebata
Como uma fita que desata
Deixa minha alma presa...

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Olhar Submisso

Sabia que ias partir.
Desde o momento em que te olhei pela última vez naquela manhã de Abril. Sorriste docemente para mim. Prometeste voltar.
Depois, o leve som do motor anunciou o tua breve passagem na minha vida.
Foram dois segundos.
UM...DOIS...
E o teu rasto na minha vida foi apagado como que por magia. Como se na vida podessemos simplesmente apagar-nos com simples borrachas. No fundo, somos talvez desenhos de lápis numa folha de papel.
...

Depois o choque! Tu não irias voltar. Os meus olhos a procurarem por ti. Dentro de mim, uma voz que suplicava "volta"...e tu cada vez mais distante...
O teu sorriso...a t-shirt amarela, a tua mãe dizia que te ficava tão bem...
A tua voz na minha cabeça "eu volto"
E as lágrimas, finas lágrimas, depois...lágrimas que não saiam dos olhos.
Lágrimas de dor vindas da alma, saídas do coração, daquela parte que dói. Eu a gritar "fica"
A estender a mão no vazio, a procurar pelo teu sorriso, pelo teu cheiro, e a saber que agora estavas tão longe.
Eu gritava "porquê?" E a mesma pergunta voltava como que na forma de uma resposta para mim. O eco das palavras, a solidão, o desespero. "Porquê?"
E aquele sentimento de culpa...
E aquela raiva que dizia "ele não"...
E o relógio que corria e eu ouvia os ponteiros como que pegadas de elefante, pesadas na minha cabeça.
Martelos.
E de novo as lágrimas...de novo aquele sentimento de impotência.
"Volta"
Implorava.
E os teus olhos fechados
E as tuas mãos frias, geladas e hirtas como duas rochas...e o teu sorriso apagado
E as sombras das tuas palavras na minha cabeça...
"Volta". E tu imóvel, tu de olhar submisso, pousado agora num novo mundo.
As tuas palavras ainda recentemente gravadas na minha cabeça como que numa cassete em que insistia em rebobinar, para ouvir vezes sem conta, até ficar distorcida pelo tempo, pela tua ausência...
pela breve passagem pelo mundo, pela minha vida.

Passagem

Já não sei quanto tempo passou.
Quando abri os olhos poeriam já ter passado dias,talvez anos.
Pelo peso que senti na alma diria séculos.
Levei tempo, muito tempo a restabelecer-me do choque. Largas-te a minha mão e eu caí, caí bem a fundo.
Caí e não mais me levantei durante todo este tempo.
Caía mais uma e outra vez de cada vez que te vía, mas afinal tu estavas ali porque os meus olhos te queriam ver.
Nunca soube o que foi a coragem de te mandar embora, de te deixar partir, voar para outros horizontes, dormir entre outros lençóis.
Nunca soube o que foi viver sem segurar a tua mão que até então julgava poderosa, capaz de amparar todas as minhas quedas, mas estas têm vindo a crescer mais e mais e dei-me conta de que a tua até então firme mão se encontrava agora débil, incapaz de me segurar.
Fui embora com medo.
Corri atrás para não ver a verdade.
O tempo a jogar contra mim...e depois ela.
A outra...a outra que agora caminhava a teu lado...ela que me fez acordar por segundos, ver a casca fina que te cobria, a fina casca que te envolvia, que escondia o teu verdadeiro eu.
Quebrei a casca e vi o sol nascer por entre os cacos que jaziam entre o chão. Senti as lágrimas secarem no meu rosto.
Estaria pronta para ver o sol brilhar?
Nunca saberei dizer. Hoje sei que tu foste o ontem da minha vida, uma pequena recordação, a passagem que me abriu o caminho a um mundo do qual não fazes parte.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Amo

Amo descobrir-te.
Amo cada momento, cada segundo do teu lado.
Amo a tua atenção, a tua dedicação
Amo o teu coração
Amo cada palavra, cada sílaba, cada frase que dizes sem pensar
Amo cada dia, cada noite, cada amanhecer do teu lado
Amo-te simplesmente
Amar-te-ei etermamente.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Ele

Percebi pelo tempo perdido que tudo o que havia feito até então fora simplesmente em vão.
De um momento para o outro vi-me rodeada de uma onda infernal, não provocada pela sua ausência, mas pela sua falta de compaixão. Mesmo tendo-se ido embora continuava a espionar-me como um lobo esfomeado.
Não se sentira feliz com o que fizera. Porém não conseguia admitir a si mesmo que errou, que estava arrependido. Enviava-me pequenos sinais dos seus sentimentos.
Por tudo o que passei, por tudo o que ele me fez sofrer, decidi abandonar a ideia de ceder aos seus caprichos medonhos. Meti-me então como espectadora de um belo filme de acção e terror.
Embora tentasse disfarçar os seus sentimentos, eu via-os nos seus olhos.
Havia pouco tempo que todo aquele inferno tinha começado, mas a dor pela qual passei não me permitia a mim mesma repetir o mesmo erro duas vezes em cair nas mãos de uma fera medonha disfarçada de bom rapaz.
Estava na hora de seguir em frente. Travei novos conhecimentos ao longo desses tempos. Fiz de tudo para voltar a ter uma vida normal, esquecer o passado falando dele, tentando dormir sem ter de correr o risco de ter de novo o mesmo pesadelo, e de comer com algum apetite, já que a sua mesquinhez me tirara toda a fome.
Ri-me do seu ar patético. O tempo ajudou-me a perceber que ele era. Patético. Uma criancinha em corpo de gente adulta. Um ser que se negava a seguir o seu coração, um ser telecomandado por outrem, um ser infantil e perverso. Todos os seus pensamentos eram de carácter perverso. Não havia uma única frase dita pela sua boca que não tivesse vocabulário pervertido. Enjoei-me desse estereótipo.
Olhei para outros seres diferentes daquele outro. Seres com uma postura limpa, de postura decente. Ele, porém, roía-se com os ciúmes. Outrora havia-me abandonado, mas agora rogava pragas no seu interior para que nenhum deles olhasse para mim.
Fui ganhando coragem para lhe falar que sabia de toda a verdade a seu respeito. Sabia que ele me havia mentido, que ele me havia seguido e vigiado, pesquisado e mantido em segredo todos os seus supostos saberes de forma a os usar como arma. Sabia que havia errado mas mesmo assim fazia-se senhor da verdade.
Com o tempo fechei os olhos ao ser estranho com o qual me envolvi, jamais me arrependendo de ter passado o meu tempo do seu lado. O tempo é algo precioso e deve de ser empenhado mesmo com aquilo que não vale a pena.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Terrivelmente encorralada por entre os sentimentos que me gelavam a pele e pela indecisão, corri atrás da sua sombra agora escondida por entre os bosques onde outrora se esonderam os meus amores.
Deixando de lado o medo numa tentativa subita de força, pulo pelo patamar do coração, entrando em cada uma das cavidades á tua procura.
Havia-se escondido por entre os locais mais inacessíveis para que não mais o achara.
Deixei o meu corpo exausto cair sob o duro solo e esperei pela luz.
Foi então que ele apareceu e deixou que o meu coração gelasse. Esqueci-me de tudo, menos da sua ausência gélida, banhada pela eterna vontade da sua presença.

Aviso importante


Tenho uma história para vos contar e acho que se vão interessar em saber.
Toda a gente sabe que há cada vez mais roubos e assaltos, assim como violações, o que teoricamente falando é muito giro, mas vivenciar isso na pele torna as coisas diferentes.
Eu moro num prédio de 4 andares, numa rua bastante calma tanto de dia como de noite. Foram raras a vezes que se ouviu falar de assaltos na minha zona e por acaso um deles ocorreu no meu prédio a uma vizinha de idade moradora no primeiro andar, mas não magoaram a senhora. Apenas arranjaram forma de conseguir tirar-lhe o dinheiro e saíram logo de seguida.
Desde então não ouvi falar de mais nada, embora saiba que são casos que não acontecem apenas aos outros.
Ontem á noite, preparava-me quase para dormir quando umas jovens moradoras na casa do lado me tocaram á campainha. A casa ao lado da que moro aluga o apartamento a gente jovens, nomeadamente estudantes e agora nas férias foi um grupo de jovens mulheres, todas elas bonitas e simpáticas. A minha mãe abriu a porta e falou com elas mas eu nem soube qual o tema do assunto, só mais tarde a minha irmã me disse que havia um homem no terraço de um prédio nas traseiras. Ouvir aquilo foi assustador, até porque pensei ser um homem que estava no terraço do prédio onde moro e vivendo eu no quarto andar, seria muito simples entrarem pela minha varanda e assaltarem a minha família.
Fui observar pela varanda das traseiras de minha casa e foi então que vi. No prédio das traseiras de onde moro havia um homem alto, escondido atrás de uma chaminé e que espreitava constantemente as jovens raparigas que se mostravam muito assustadas. Com toda a certeza que o individuo me viu a mim também, pois eu nem sabia do que se tratava e entre de rompante na varanda. As jovens chamaram a polícia que não demorou muito em chegar e que também avistou o estranho individuo agora sentado na chaminé daquele prédio. Foi-me dito que era possivelmente um louco, pois foi avistado a percorrer todo o terraço com ambas as mãos na cabeça e sentar-se na chaminé não é algo muito natural, ainda para mais com medo de ser visto e ir-se esconder por várias vezes. Pela primeira vez senti que se tratava de um perigo bastante real e muito próximo de minha casa. Ainda para mais o apartamento onde moro é bastante quente e como tal a minha mãe tem o hábito de deixar a porta da varanda das traseiras aberta para entrar algum ar em casa, de forma a não fritarmos lá dentro. Mas com o receio teremos agora de manter a porta fechada. Há que saber evitar esses perigos.
A polícia foi ao prédio onde se encontrava o estranho homem mas ele fugiu e nem sequer foi visto. Quando a polícia chegou ao local onde o individuo se encontrava há minutos atrás, já este estava vazio, acabando por se irem embora sem nada ficarmos a saber. É em casos como este que podemos chamar á nossa polícia portuguesa de perita em situações semelhantes. É óbvio que o homem ficou de olho nas bonitas jovens e estas, assim como eu, a minha mãe e irmã mais nova, ficamos toda a noite em sobressalto, de vigilância e em constante observação.
Por isso já sabem. Saiam, divirtam-se, mas estejam sempre de olho ás vossas redondezas.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Essa tua pele de veludo

Essa tua pele bela
Pele bela essa tua
Que por ela dava a vida
Para tocar tua pele nua
Essa pele de veludo
Que me rasga o coração
Mata-me, sufoca-me, humilha-me
Ardo em fogo de paixão
Esse olhar de fera
Em contraste com essa pele tua
Deixam-me perdida
Desejando apenas ser tua
Essa pele que é pele única
Desenhada, esculpida, tão tua
Desfazem a minha alma
Faz-me apenas sentir nua
Nua por saber que sou tua.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ilusão

Sente, sente os meus lábios que te tocam docemente, sente a brisa do meu amor chegar devagarinho.
Fecha os teus olhos e nada temas.
Estende-me a tua mão
deixa-me levá-la até junto do meu coração
Sente a ilusão nos nossos nobres corações de que tudo será eterno
Faz-me rir e chorar com pequenas recordações
Diz-me que me amas, que estavas á minha espera neste preciso momentos, que só vieste porque sentias a minha falta.
Não pronuncies a palavra amor em vão a menos que a sintas dentro de ti como um filho que cresce a cada segundo que passa no ventre da sua mãe.
Faz-me juras de amor. Não precisas de as cumprir,promete-me apenas que esta noite estarás de volta, que me envolverás com o teu calor.

De que me serve?

De que me serve escrever se para quem escrevo não sabe ler?
De que adianta falar se para quem eu falo não me sabe escutar?
De que me serve sorrir se para quem sorrio não me sabe sentir?
De que me serve chorar se por quem choro não mais pode voltar?
De que me serve gritar se por quem eu grito não me pode salvar?
De que me serve esperar se por quem eu espero apenas me faz esperar?
De que me serve implorar se para quem imploro não me sabe perdoar?

De que me serve sonhar...
se com aquele que sonho não passa de um bom sonhar?

domingo, 8 de agosto de 2010

Aquilo que és

Admiro-te. Admiro a pessoa que és. Gosto de olhar para ti sem me cansar, poder ficar olhando para ti vezes sem conta e ver que a cada segundo que passa há sempre um mistério por desvendar. Gosto da forma como encaras a vida sem qualquer tipo de preocupações. A vida é para ser vivida e tu fazes isso mesmo sem ter medo das consequências. Gosto de ver os teus olhos expressivos e cheios de vida de cada vez que nos encontramos, de cada vez que falamos sobre isto ou sobre aquilo. Gosto do teu sorriso luminoso, ver a luz que entra em mim de cada vez que sorris, de cada vez que me dás a mão com esse mesmo sorriso marcante e único.
Gosto da tua espontaneadade, de não te importares com o que possam pensar de ti, dizeres aquilo que pensas na hora certa, nunca deixares para mais tarde o que podes dizer naquele preciso momento sem medo de ferir, mas com a mesma preocupação de sempre em ter as palavras certas de forma a não sair ninguém magoado.
Gosto da tua firmeza, da tua precisão, da tua decisão, de não teres medo de arriscar.
Gosto de te ver falar, reparar que tens sempre muitos assuntos para debater.
Admiro o teu cavalheirismo, a forma única que usas para que uma mulher se sinta especial do teu lado. Gosto de me sentir especial do teu lado. De saber que se me escolheste, é porque não sou qualquer mulher, é porque tenho todas as características necessárias para estar do teu lado.
Gosto de te ouvir rir, o doce som das tuas gargalhadas que soam como uma melodia clássica, o som da tua voz que vem como música para os meus ouvidos.
Gosto quando me abraças e dizes que me adoras, sempre com a mesma frontalidade, com a mesma maneira de ser. Gosto de sentir o cheiro do teu perfume, sentir aquele aroma nas narinas algum tempo depois de teres ido embora, sentir esse mesmo aroma na minha roupa quando chego a casa, rir por sentir que algo teu ficou do meu lado.
Gosto de ti, daquilo que és. Gosto do teu ser.

As coisas realmente importantes

Talvez tenha sido já um pouco tarde, mas não tarde o suficiente para que não mais pudesse recuperar os verdadeiros valores da vida.
Estamos num mundo verdadeiramente consumista, onde já nada se faz por ausência de dinheiro. Ir sair, hoje em dia, simboliza gastar pelo menos uns trocos. Tenho plena consciência que, para nossa sobrevivência devemos sempre de gastar algum, mas tenho igualmente consciência de quanto mais dinheiro tivermos nas mãos, mais tendência teremos a gastar.
Foi hoje de manhã que tudo aconteceu. Despertei eram ainda seis e meia da manhã. O sol ainda não havia despontado. Do lado de fora ouviam-se as doces melodias matinais interpretadas pelos passarinhos. No interior do enorme quarto reinava o silêncio, mas desta vez, um silêncio bom. Olho á minha volta. Vislumbro a claridade que banhava as quatro paredes do quarto. A brancura das paredes tingida em tons de laranja pela claridade da manhã. Olho para mim. Vejo o meu corpo estendido ao comprido, verdadeiramente relaxado, um verdadeiro deleite matinal. Do meu lado ele ainda dormia o seu sono profundo. Vejo os seus grandes e lindos olhos fechados, mergulhando naquele momento em bonitas paisagens. Vejo também o seu corpo estendido em sinal de puro relaxamento. A restauração das almas. Dormia tranquilamente o seu sono de menino. A beleza que o envolvia enquanto dormia era ainda mais bela. Recordo-me do meu olhar observador percorrer cada cavidade da sua imagem, de me dar conta só agora de como era verdadeiramente único e relaxante vê-lo dormir agarrado á sua almofada como que a um ursinho de peluche como quando era criança.
Levanto-me lentamente e sem fazer barulho. Deixo os meus pés descalços descobrirem o solo frio da manhã. Afasto levemente as cortinas e vejo as vistas lá de fora. No céu tingido de azul claro um grupo de passarinhos dançam uma valsa em torno de um pinheiro. Do lado direito vê-se uma pequena e estreita estrada deserta, rodeada de lindas plantas e o verde vivo da erva.
Abro a janela e salto para o exterior da pequena varanda. Os olhos ainda ensonados mas mesmo assim observadores deixam-se espantar pela mesma paisagem de sempre, como se fosse esta a primeira vez que a avisto. Espreguiço-me, lanço um leve bocejo e sinto-me totalmente livre. Fecho os olhos e sinto o ar entrar e sair levemente dos meus pulmões. A vida. A sensação de estar viva ali, naquele momento. A sensação de poder sentir as coisas, tocar nas coisas, cheirar as coisas. O cheiro das serras, do ar limpo, das folhas das árvores, das flores que circundam a casa. Depois, o doce calor dos braços dele que agora me envolvem. Aquela doce emoção de também ele saber que está vivo, também ele perceber o quão importante aquilo significa.
O seu rosto levemente inchado pelas horas de sono contra o meu. Os sorrisos nada forçados, verdadeiros entre os cruzares de olhares puros e felizes. Um verdadeiro encanto. Um sonho real.
Dei-me conta ali mesmo das coisas verdadeiramente importantes da vida. Não precisamos de dinheiro para ver o sol nascer do alto de uma montanha, para sentir o ar á nossa volta.
Percebi que as coisas que realmente nos fazem felizes são aquelas que muitas vezes mandamos embora. Um abraço apertado e verdadeiro, um elogio de coração, uma rosa vermelha colhida no alto de um cerro, uma carta de uma amiga a dizer que sente a nossa falta, rir tanto até que nos doa a barriga ou as maçãs do rosto, uma boa dose de conversa cheia de assuntos diversos, fazer longas caminhadas pelo campo, ganhar um jogo renhido entre amigos, ver alguém de quem gostamos sorrir para nós, ouvir alguém dizer bem de nós, um bom banho de espuma, ficar na cama até mais tarde a ouvir o doce som da chuva...Todas essas coisas simples mas importantes que fazem parte da nossa vida e que muitas vezes desprezamos. Dei-me conta um pouco tarde, mas nunca tarde demais para as começar a viver já.

sábado, 7 de agosto de 2010

Amor cigano


Deixei o seu olhar fugitivo seguir-me enquanto dançava á volta do fogueira. Foi assim que o vi pela primeira vez, sentado distante dos restantes. Dancei toda a noite perante uma multidão de gente. Toda a minha família lá estava, mas eu só via uma pessoa. Ele. O seu olhar não me saía da cabeça.
De repente, de um momento para o outro, deixei de o ver. O lugar onde ele permanecia até então estava vazio. Percorri todo o espaço á minha volta com o olhar, mas nem sinal. Saio disparada perante toda aquela gente que cantava e pulava. Os meus pés misturavam-se com a terra, com as britas, com a poeira. Os meus cabelos longos e escuros tapavam-me o rosto dificultando-me o campo de visão.
Segurava o meu véu nas mãos que dançava atrás de mim enquanto corria desesperada pela sua presença.
Ouvi ao longe os gritos de alguns familiares, reconheci no meio deles a voz do meu pai. Não me importei, tinha que continuar a busca.
Corro por entre tendas e árvores, perturbando inúmeras famílias á medida que passava, que dançava por entre a areia daquele solo húmido á procura de um estranho que me roubara o coração.
Perdi-me por entre as inúmeras casas, por entre os inúmeros olhares estranhos que ao meu redor surgiam e me olhavam como que a questionarem-se do que fazia ali uma moça de família. Não me importei. Eu não queria mais aquele casamento. Desde criança que fiquei prometida a um estranho com quem nunca travei conhecimento, um homem que se mantinha afastado de mim como mandava a tradição. Nunca soube quem ele era, o que pensava, o que poderia ele sequer pensar de mim.
Pela primeira vez seguia o coração. Passei por entre fogueiras e cavalos. Lindas mulheres dançavam com os seus longos vestidos e véus. Procurei-o no meio de toda aquela gente desconhecida, mas não vi sinal da sua presença.
Era de noite, o céu brilhava coberto de grandes estrelas. Não havia vento. Deixei o meu corpo pesado cair de encontro a uma árvore já exausta. Mergulhei entre as ervas e esperei que o bater do meu coração acalmasse. Foi então que o vi, no meio de dois cavalos. Levantei-me num salto. Ele também me havia visto. Ficamos a olhar-nos por alguns segundos e nisto oiço de longe a voz do meu pai. Vejo-o chegar na sua carroça com a minha mãe e as minhas irmãs e irmãos. Olhei de novo para o rosto do estranho que me havia conquistado em poucos segundos. Ele esperava por mim. Agora tinha plena certeza disso. Corri para junto dele,subi ao cavalo com ele e fugimos no meio das longas e enormes árvores em direcção ao nada. Fugimos até não mais sermos encontrados. Até á felicidade.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Incompreensão


Uma leve pancada. Um rosto estranho numa rua qualquer onde só o vazio habita. Uma brisa de vento esquecida.
Um coração que bate, o sol que nasce
As nuvens que nascem, a chuva que cai
A brisa do entardecer e a brisa do amanhecer
De longe um olhar cortante
Por fora uma tempestade
Um cigarro que de longe ilumina as ruas
De perto a escuridão que vem chegando
No meu rosto as lágrimas entre sorrisos
No teu rosto a ausência das palavras
Nas mãos as promessas que caem, as promessas que voam, que fogem
No futuro a incerteza
No passado toda a certeza
A indiscrição das palavras
O não significado das coisas
Uma tentativa de se saber quando nada se sabe verdadeiramente
Á porta os sapatos sujos do trabalho
Lá dentro o silêncio das palavras
As bocas que se calam
As mãos que se enlaçam e desenlaçam
Os amores que partem e os que chegam
As esperanças e a solidão crescente ou decrescente
A idade que avança, o fim que se aproxima
Do lado de fora o fumo
Do lado de dentro a chama
Os teus olhos e os meus
O teu sorriso e o meu
As tuas palavras que se misturam com as minhas numa tentativa de diálogo
As palavras que se soltam e prendem na boca
Olhares distantes ou penetrantes
Danças lentas entre o chão limpo
onde não há nada que temer.
Dentro de mim a incerteza
Que poderá mais suceder?

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Passeio na areia


O sol tinha desaparecido no horizonte. Do outro lado via-se o céu em tons de vermelho e laranja.
Uma onda de paz evadiu a minha alma e fez-me querer entrar na água. Enquanto caminhava na sua direcção fechei os olhos e deixei que o vento me levasse. Parecia a última vez que o fazia. Tentei pensar como se de facto fosse a última vez que pisasse a terra molhada daquela praia deserta. Senti o coração bater sob os meus pés descalços, o vento que até então parecia calmo resolve mostrar a sua presença, erguendo os enormes braços para me envolver. Sorri, pois em mim havia uma enorme leveza. A leveza do espírito, a leveza das ondas que agora me rodeavam e abraçavam docemente, recolhendo-me a pouco e pouco até não mais perceber onde foi que tudo teve início.
Teve momentos em que me questionava se estaria a sonhar. Depois é como se tudo tivesse mudado. O céu escureceu e deixei de poder vislumbrar o mar á minha volta. Parecia que estava numa outra dimensão, numa outro prisma ou num outro planeta. Deixei que aquela onda de estranheza se apoderasse de mim. O medo que até então me era desconhecido resolveu aparecer, mostrar-se soberano, agarrar-se a mim mesmo contra a minha vontade.
Mergulhei. Sentia o coração bater algures no mar sem já ter a certeza deste palpitar dentro de mim. No interior do oceano não via nada. Era tudo escuro, negro, sem luz.
Depois esperei. Sustive a respiração por mais algum tempo e esperei até sentir que era hora de partir. Fechei os olhos levemente. Deixei de sentir.

domingo, 1 de agosto de 2010


A noite tinha chegado. Estava nervosa...
Sabia que tinhas saído e estavas a demorar. Resolvi sentar-me lá fora, ver a natureza ao meu redor, sentir a leve brisa vinda do ar e deixar-me envolver. Deixei o tempo passar e nisto escuto o som do telefone. Eras tu. Havia mais de três horas que não sabia nada de ti, havias dito que não demorarias e eu esperei por ti. Disseste que estavas atrasado mas para não me preocupar que irias mandar alguém vir-me buscar. Aguardei.


Quando desci do carro olhei o céu. A noite estava linda, quase não havia vento. As estrelas faziam lindos desenhos no céu. Ao longe ainda ouvia o som das gaivotas...depois...o som do mar.
Tirei os sapatos e entrei na areia deixando que os grão de areia engolissem os meus pés como lobos famintos. Disseram que me esperavas ali mas não te conseguia ver. Comecei por caminhar.
Caminhei pela praia solitária perto das altas palmeiras. O som das ondas a rebentar na costa era como que uma balada, a única música de que dispunha.
Eis então que vejo uma luz e decidi segui-la.
Quando cheguei ao pé dessa luz vi que se tratavam de velas, grandes e lindas velas brancas que juntas formavam um enorme coração na areia. O cenário perfeito para uma noite perfeita. Sorri ao imaginar-nos aos dois num cenário assim e é então que tu surges. Tinhas um largo sorriso, os teus olhos brilhavam como diamantes. Pegaste na minha mão. Ao longe ouvia-se uma música de fundo bastante agradável. Puxaste-me para junto de ti e fechei os meus olhos ao estar por fim por entre os teus braços.
Dançamos por breves instantes dentro daquele coração de cera iluminada, por entre as pétalas de rosa que começaram então a cair sobre nós, por entre os teus braços que a pouco e pouco se abriam até me deixar cair sob um lençol de ceda onde juntamente se deitou o teu corpo lado a lado com o meu.
Vi o teu rosto entre as chamas das velas, o teu olhar directo ao meu olhar. Depois senti os teus dedos firmes e hábeis delinearem ao de leve os meus lábios.
Quando os nosso lábios se tocaram senti a doce fragrância dos teus cabelos, o doce toque da tua pele macia que agora aparecia a pouco e pouco de encontro á minha.
A minha doce sina, a sina de te amar para sempre, a sina de estar condenada a ti. A minha doce condenação.

Cobriste-me com pétalas de rosa e sorriste meigamente. Senti que estavas nervoso, as tuas mãos que até então estavam tão firmes agora tremiam sob as minhas. Vi os nossos dedos entrelaçados um no outro e por fim fechei os olhos deixando-me envolver naquele mundo mágico e cheio de alegria. A alegria do nosso amor, da paixão pura que a pouco e pouco nos consumia.

You

Fechei os olhos depois de ver os teus.
Foi nesta noite que tudo aconteceu.
As insónias tirara-me todo o sono e deram-me a vontade de escrever.
Sentei-me sob as escadas e contemplei a lua lá fora.
Tentei respirar fundo, não pensar em ti por um momento que fosse, mas não fui capaz. Tive de regressar, olhar-te ainda deitado a dormir, o corpo ainda exausto, cansado de tudo o que nessa noite partilhamos.
Lembrei-me do leve toque dos teus lábios nos meus, da tua pele macia, da leve brisa da noite que tão docemente nos cobria e deixei o tempo voar.

Quero tudo outra vez.
Quero ver-te entrar pela sala, ver os teus olhos fixos nos meus
Quero sentir-te a meu lado, sentir a ponta dos teus dedos tocar na ponta dos meus
Ver o teu olhar firme de encontro ao meu, deixar o tempo parar. Só eu e tu. Só nós os dois.

Quero uma e outra vez aquele mundo que me deste essa noite
Quero os teus beijos
Quero a melodia da tua doce voz no meu ouvido e o chiar do vento á nossa volta
Quero o brilho das velas á nossa volta, o cheiro das rosas, a leveza dos lençóis.
Quero-te acima de tudo, de todas as coisas.