Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Olhar Submisso

Sabia que ias partir.
Desde o momento em que te olhei pela última vez naquela manhã de Abril. Sorriste docemente para mim. Prometeste voltar.
Depois, o leve som do motor anunciou o tua breve passagem na minha vida.
Foram dois segundos.
UM...DOIS...
E o teu rasto na minha vida foi apagado como que por magia. Como se na vida podessemos simplesmente apagar-nos com simples borrachas. No fundo, somos talvez desenhos de lápis numa folha de papel.
...

Depois o choque! Tu não irias voltar. Os meus olhos a procurarem por ti. Dentro de mim, uma voz que suplicava "volta"...e tu cada vez mais distante...
O teu sorriso...a t-shirt amarela, a tua mãe dizia que te ficava tão bem...
A tua voz na minha cabeça "eu volto"
E as lágrimas, finas lágrimas, depois...lágrimas que não saiam dos olhos.
Lágrimas de dor vindas da alma, saídas do coração, daquela parte que dói. Eu a gritar "fica"
A estender a mão no vazio, a procurar pelo teu sorriso, pelo teu cheiro, e a saber que agora estavas tão longe.
Eu gritava "porquê?" E a mesma pergunta voltava como que na forma de uma resposta para mim. O eco das palavras, a solidão, o desespero. "Porquê?"
E aquele sentimento de culpa...
E aquela raiva que dizia "ele não"...
E o relógio que corria e eu ouvia os ponteiros como que pegadas de elefante, pesadas na minha cabeça.
Martelos.
E de novo as lágrimas...de novo aquele sentimento de impotência.
"Volta"
Implorava.
E os teus olhos fechados
E as tuas mãos frias, geladas e hirtas como duas rochas...e o teu sorriso apagado
E as sombras das tuas palavras na minha cabeça...
"Volta". E tu imóvel, tu de olhar submisso, pousado agora num novo mundo.
As tuas palavras ainda recentemente gravadas na minha cabeça como que numa cassete em que insistia em rebobinar, para ouvir vezes sem conta, até ficar distorcida pelo tempo, pela tua ausência...
pela breve passagem pelo mundo, pela minha vida.

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