Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



domingo, 8 de agosto de 2010

As coisas realmente importantes

Talvez tenha sido já um pouco tarde, mas não tarde o suficiente para que não mais pudesse recuperar os verdadeiros valores da vida.
Estamos num mundo verdadeiramente consumista, onde já nada se faz por ausência de dinheiro. Ir sair, hoje em dia, simboliza gastar pelo menos uns trocos. Tenho plena consciência que, para nossa sobrevivência devemos sempre de gastar algum, mas tenho igualmente consciência de quanto mais dinheiro tivermos nas mãos, mais tendência teremos a gastar.
Foi hoje de manhã que tudo aconteceu. Despertei eram ainda seis e meia da manhã. O sol ainda não havia despontado. Do lado de fora ouviam-se as doces melodias matinais interpretadas pelos passarinhos. No interior do enorme quarto reinava o silêncio, mas desta vez, um silêncio bom. Olho á minha volta. Vislumbro a claridade que banhava as quatro paredes do quarto. A brancura das paredes tingida em tons de laranja pela claridade da manhã. Olho para mim. Vejo o meu corpo estendido ao comprido, verdadeiramente relaxado, um verdadeiro deleite matinal. Do meu lado ele ainda dormia o seu sono profundo. Vejo os seus grandes e lindos olhos fechados, mergulhando naquele momento em bonitas paisagens. Vejo também o seu corpo estendido em sinal de puro relaxamento. A restauração das almas. Dormia tranquilamente o seu sono de menino. A beleza que o envolvia enquanto dormia era ainda mais bela. Recordo-me do meu olhar observador percorrer cada cavidade da sua imagem, de me dar conta só agora de como era verdadeiramente único e relaxante vê-lo dormir agarrado á sua almofada como que a um ursinho de peluche como quando era criança.
Levanto-me lentamente e sem fazer barulho. Deixo os meus pés descalços descobrirem o solo frio da manhã. Afasto levemente as cortinas e vejo as vistas lá de fora. No céu tingido de azul claro um grupo de passarinhos dançam uma valsa em torno de um pinheiro. Do lado direito vê-se uma pequena e estreita estrada deserta, rodeada de lindas plantas e o verde vivo da erva.
Abro a janela e salto para o exterior da pequena varanda. Os olhos ainda ensonados mas mesmo assim observadores deixam-se espantar pela mesma paisagem de sempre, como se fosse esta a primeira vez que a avisto. Espreguiço-me, lanço um leve bocejo e sinto-me totalmente livre. Fecho os olhos e sinto o ar entrar e sair levemente dos meus pulmões. A vida. A sensação de estar viva ali, naquele momento. A sensação de poder sentir as coisas, tocar nas coisas, cheirar as coisas. O cheiro das serras, do ar limpo, das folhas das árvores, das flores que circundam a casa. Depois, o doce calor dos braços dele que agora me envolvem. Aquela doce emoção de também ele saber que está vivo, também ele perceber o quão importante aquilo significa.
O seu rosto levemente inchado pelas horas de sono contra o meu. Os sorrisos nada forçados, verdadeiros entre os cruzares de olhares puros e felizes. Um verdadeiro encanto. Um sonho real.
Dei-me conta ali mesmo das coisas verdadeiramente importantes da vida. Não precisamos de dinheiro para ver o sol nascer do alto de uma montanha, para sentir o ar á nossa volta.
Percebi que as coisas que realmente nos fazem felizes são aquelas que muitas vezes mandamos embora. Um abraço apertado e verdadeiro, um elogio de coração, uma rosa vermelha colhida no alto de um cerro, uma carta de uma amiga a dizer que sente a nossa falta, rir tanto até que nos doa a barriga ou as maçãs do rosto, uma boa dose de conversa cheia de assuntos diversos, fazer longas caminhadas pelo campo, ganhar um jogo renhido entre amigos, ver alguém de quem gostamos sorrir para nós, ouvir alguém dizer bem de nós, um bom banho de espuma, ficar na cama até mais tarde a ouvir o doce som da chuva...Todas essas coisas simples mas importantes que fazem parte da nossa vida e que muitas vezes desprezamos. Dei-me conta um pouco tarde, mas nunca tarde demais para as começar a viver já.

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