Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



domingo, 24 de julho de 2011

A dolorosa dieta de xarope de ceiva

Esta ideia já vive na minha cabeça há já um ano e meio, desde a altura em que eu senti que tinha ficado ligeiramente inchada e pensei que seria muito bem pensado tomar conta de mim.
Afinal de contas se não gostarmos de nós...quem gostará?
Nunca me achei gorda, nem tive essas manias malucas de fazer dietas e de me privar de comer o que bem entendia só para ter um corpinho de sereia. Estava muito longe de algum dia ser assim,até porque me custa imaginar como seria se tivesse uma pancada ao estilo dessas modelos anorécticas que fazem de tudo para mostrar que por de trás da carne sempre é verdade que vivem ossos...

Porém, houve uma altura em que sentia o meu corpo a dar alguns sinais de alarme. As minhas calças começaram a ficar mais justas e sentia as minhas pernas mais inchadas. Pensei que até fosse influência do calor, dado que tenho insuficiência venosa, mas o facto é que, cada vez mais me ia sentindo assim e verdade seja dita, mulher nenhuma gosta de se sentir assim.

Assim sendo, decidi deixar de recorrer a esses comprimidozitos de farmácia que dizem todos serem eficazes, e optar por um regime cujos resultados saltassem á vista logo em seguida...e consegui.
O mítico Xarope de Ceiva, que em nada é barato, proporcionou-me logo após dois dias de regime resultados no número das calças.
A dieta consiste da seguinte forma: Entre 7 a 10 dias, não se deve consumir nada mais que aquilo, ou seja, a minha dieta teria de passar a ser mais líquida que sólida. Melhor dizendo, durante 7 dias a minha dieta seria apenas líquida. O xarope de ceiva é um substituto de uma refeição completa, como tal não fiquem alarmados.
O modo de preparar é simples: Um copo de água ( morna ou fria), duas colheres de sopa de limão natural, duas colheres de sopa de xarope de ceiva e uma pitada de pimenta de caiena (que já vem com o xarope no acto da compra)
Sempre que se sentir fome, o que se deve comer/beber? Precisamente e unicamente isso. Durante sete dias. Comecei o dito regime na sexta-feira e os resultados saltaram logo á vista sábado á noite.
Mas...eu não consigo ficar uma semana inteira mantida a xarope unicamente. Como tal, decidi fazer duas refeições á base de pão integral, com duas rodelas de tomate, peito de frango ou peixe sem gordura e chá a acompanhar, até porque acho super doloroso e difícil uma pessoa manter-se toda a semana sem comer, quando precisa de sair, fazer a sua vida e poderia dar-lhe uma enorme tontura no meio da rua e acabar num hospital. Mesmo assim, comendo eu duas pequenas sandes ao almoço e ao jantar, já é difícil. A dose de toma do dito xarope de ceiva é entre 6 a 12 copos por dia. Agora imaginem como não será no final do regime.

Com isto apenas queria dizer que as mulheres fazem muitíssimo bem em olharem para o seu físico e não quererem ganhar mais uns quilos. Estamos em crise, é um facto, mas a verdade é que a obesidade já é uma doença perigosa entre a nossa população. Como tal temos que arregaçar as mangas e ajudar a percentagem de obesos a descer. Para complementar o regime, aconselho vivamente uma boa dose de desporto entre 2 horas a 3. Não falo disto para ajudar a perder peso, mas para aumentar a massa muscular e a resistência do corpo.

E vocês?
Já alguma vez pensaram em fazer uma dieta? Chegaram a levar a dieta a sério?

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Luz

Ás vezes, em sonho distante
Existe longinquamente um país
Onde a terra é verdejante
E se ouve um cantar cintilante
No bico de uma perdiz
E nesse sonho distante
Alguma coisa me diz
Que os homens vivem eternamente
O tempo é calmo e consistente
E todo o ser é feliz
Lá eu sou livre para voar
E todos os seres eu posso amar
Porque não existe a maldade
Lá onde os pássaros cantam
E as tempestades não se levantam
Onde existe paz de verdade
E esse sonho é verdade
Foi criado, nesta realidade
De poder ser o que sempre quis
E querer é poder
Para finalmente poder dizer...
SOU LIVRE, E SOU FELIZ!
Esta frase descreve-me precisamente neste momento. Love ya honey

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Tânia Dias dona de casa

Hoje decidi partilhar com vocês duas peripécias que me aconteceram quando decidi arrumar a cozinha de minha casa.
Certo dia, estava Tânia Dias de avental posto e luvas na mão para começar a lavar a loiça, quando subitamente se acaba a luz. Ora...o que fariam vocês numa situação semelhante?
Certamente iriam verificar se o quadro tinha disparado. Foi pelo menos o que me ocorreu. Tirei as luvitas e levei um copo de vidro por distracção na mão esquerda.
Chego ao quadro, acendo um isqueiro e reparei que estava tudo igualzinho. Ok...foi mesmo a luz que acabou então. Mas é então que tudo sucede. No momento em que a chama do dito isqueiro apagou o telemóvel do meu namorado tocou precisamente nesse instante. Com o susto toda a gente sabe que nós seres humanos temos aquelas tendências meio estranhas de reacções involuntárias. E foi o que me aconteceu. Além de ter pregado um mini berro, deixei o copo voar para trás e foi bater justamente onde?
No meu namorado que vinha a tactear paredes nos escuro e que também pregou outro berro só pelo susto de ter sentido o copo bater-lhe nas pernas!
Resultado: Um alta risada dupla com cacos no chão.

Depois desse momento, que foi passado á noite, já Tânia Dias estava aliviada por saber que nada mais poderia intervir com a loiça. Nem luz...nem água...nem nada.
Seria mesmo verdade?
Regra geral, quando lavo a loiça á mão gosto sempre de me meter a cantar e até me passam músicas completamente absurdas pela cabeça por vezes, mas que as canto para não me ficarem na cabeça.
O caricato da situação é que quando me meto a cantar no meio de tarefas domésticas há sempre aquela tendência de cantar mais alto do que devia. Isso impossibilita-me por vezes de ouvir aqueles sons que seriam necessários para não ter de apanhar surpresas. E foi o que aconteceu.
O meu querido gatinho, o Romeu, estava a passar por entre os meu pés quando eu preguei um salto tão grande junto de um berro a uma escala de sopranos nunca antes vista e consegui ter a capacidade de partir quê? Não mais que 3 pratinhos de sopa.
Saliento que tal coisa nunca me tinha acontecido. Sou uma rapariga cuidadosa, não sou nada desastrada a lavar a loiça, mas se há coisa que sempre fui é assustadiça, especialmente numa casa tão silenciosa como aquela. De noite nem as árvores se ouvem mexer. Nem os carros que passam na rua se ouvem, salvo que a janela esteja aberta. E para completar o cenário em beleza ainda tive de ouvir as risadas estridentes do meu brilhante namorado que não parava de rir com a situação, especialmente depois de me ter dito que ele me meteu o gato aos pés sem que eu sentisse e o dito gato meteu-se a tocar-me nas pernas com as suas dóceis patinhas veludas.
Moral da história: Tenham sempre cuidado com as coisas que fazem antes de irem lavar a loiça.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Dia de Verão/ Dia de Inverno

Por norma, e durante muito tempo até gostava muito mais do Verão do que do Inverno.
Bah!!! Inverno frio, odeio dias de chuva...não gosto de ser lavada pela chuva como se tivesse numa máquina de lavar roupa.
Mas o que é facto, é que os gostos alteram-se consoante a idade e os pontos de vista até ganham outra consistência.
Verdade seja dita, eu gosto do Verão. Gosto de ir á praia, ter pouca roupa no corpo, sentir o calor directamente na pele e poder andar menos carregada. Mas a verdade das verdades é que comecei a gostar mais do Inverno desde 2009. Em 2009/2010 choveu tanto ou tão pouco e eu também andei tanto tempo fora de casa a apanhar com a chuva toda que comecei a gostar mais do tempo frio.
Subitamente, no Verão, dei por mim a pensar no meu chá de limão, num chá verde, num chá marroquino com uma folhinha de hortelã...na minha cama quente e aconchegada onde eu me afundava entre os livros, da minha roupa de inverno que é tão ou mais confortável que uma minisaia e um top, numa coisa quente para comer e do barulho da chuva enquanto dormia, ou do barulho da chuva e o toque da chuva pelo corpo.
Dei por mim a implorar quase que o Inverno chegasse e dou por mim de novo este ano a pensar precisamente no mesmo.
E vocês? Qual a estação do ano que mais gostam? Já agora, acham que este verão parece de facto verão ou soa mais a uma segunda Primavera?

domingo, 17 de julho de 2011

Por ti

É engraçado como na vida há coisas assim. Há um ano que nos cruzamos, há um ano que nos amamos e há um ano que repito sempre para mim mesma que nunca irei demonstrar demasiado desse amor.
Tu tens sido perfeito, incansável. Tens sido um homem, um companheiro, um amigo, um amante...
Dizes aquelas coisas que gosto, tocas sempre aquela melodia e todos os dias usas aquela palavra de sempre para me fazer sentir em casa. E eu sei que estou em casa, quando sei que estou no teu coração.
Em tempos pensei que jamais voltaria a amar desta forma. Mas tu vieste e não me deste escolha.
Levei dias pensando numa forma de te mandar embora. Era ainda muito cedo para te amar desta forma tão intensa e insaciável.
Os teus olhos chegaram ao meu coração. Tinha o teu nome gravado na alma e todos os dias escrevia poemas em que o metia.
Parece estúpido esta ideia de amar tão verdadeiramente.
Pensei até que seria demais amar-te assim. Nós mulheres temos sempre que desconfiar do amor masculino, mas tu foste diferente.
Gosto de pensar que tenho do meu lado um homem que saiba respeitar-me. Um homem em quem possa deitar a minha cabeça no seu colo quando precise de chorar e que não me faça perguntas quando não preciso de ouvir mais palavras.
Gosto de pensar que todos os dias irei poder acordar com a cabeça colada no teu pescoço, sentindo o teu calor e o teu aroma doce.
Gosto de pensar que já se passou um ano desde que dissemos sim.
Mais do que isso, gosto de dizer que, se um dia eu tive de fazer a escolha errada, foi para te conhecer. Por isso não me arrependo de nada.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Já!

Já se esgotaram as rosas que comprei para te oferecer
Já se esgotaram as estradas, os carros que percorri, já se esgotou a esperança e o sorriso, já se esgotou a maldade e a vingança.

Já se esgotou a esperança...
Já se esgotou a fome e a bonança
Já se esgotou toda aquela confiança

E no fim de tudo, já se esgotou o coração! Esgotou-se o amor e a paixão, aquela chama que ardia, e o calor que nos preenchia, a lembrança de termos sido felizes um dia também se esgotou. E esgotou-se o sonho e a verdade...
Até se esgotou a nossa pequena vaidade. Esgotou-se toda a nossa sanidade.

Já se esgotaram as lágrimas de sofrimento
Já se esgotou o amor e o esquecimento
Já se esgotou tudo e já se esgotou nada.
Já se esgotaram as palavras...

Por isso, já se esgotaram os versos meu amor e com eles aquele sentimento de dor.

terça-feira, 12 de julho de 2011

De longe

Senti saudades...
Foi por isso que te procurei, porque não havia outra solução, nem forma de evitar sequer.
Procurei-te por desejar ver-te de novo. Ali estavas tu. T-shirt vermelha, calças de ganga e um sorriso radiante diante das pessoas com quem tu estavas. Ao longe avistava-te sem receios...vendo como mudaste tanto, como ficaste bem parecido, com uma voz mais aguda.
Olhei para as tuas mãos...tão firmes. Como elas agarravam no copo de sumo...e como sorrias enquanto solvias mais um gole de bebida adocicada...
Nunca soube dizer-te o quanto te amava. Sempre soube que deveria amar-te em segredo. E em segredo te amei até hoje.
Ali estava eu, ao fundo da rua, encostada a uma parede enquanto te via a divertires-te.
Talvez já nem sequer te lembrasses do meu nome, talvez nem te recordasses dos meus beijos que dizias saberem a canela...ao perfume de verão que se misturava docemente na nossa pele depois de mais um dia de praia.
Penso que foi melhor assim, eu ter simplesmente desaparecido.
Tu nem me procuraste, o que me fez confirmar a minha suspeita.
O teu coração não poderia nunca pertencer-me, foi por isso que fui embora.
Quem sabe nos cruzemos um dia. Pode ser que te lembres do meu sorriso, assim como eu gravei atentamente o teu, para que fosse possível recordar-te sem falhar um milimetro.
E assim me fui embora.
Fico feliz por saber que estás bem. Afinal a vida continua para aqueles que a sentem dentro da alma.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Mãos

Por favor, imploro-te...agarra a minha mão com a tua.
Antes mesmo de te olhar, de saber como era o teu rosto ou o teu ar de perplexidade, dá-me antes a tua mão.

E tu nem existaste um segundo, nem estremeceste, nem fizeste contas á vida.
A minha mão direita com a tua mão esquerda...
Eram apenas duas mãos que seguravam uma na outra. A tua mão enorme, com os dedos firmes e compridos, a minha pequena e trémula. As nossas mãos juntas, que se apertavam e que se largavam...que se sugavam uma na outra, fazendo suar uma contra a outra para depois se soltarem e agarrarem de novo.
As nossas mãos agora juntas que faziam levitar cada pedaço do meu corpo, cada poro, cada batida do meu coração.
Uma valsa dançada pela mãos de dois simples desconhecidos...
Não era preciso dizer-se mais nada. já tudo fora dito com as palmas das nossas mãos.
Duas mãos que dançam, que fazem amor uma sobre a outra, uma lado a lado com a outra.
Duas mãos que faziam amor...que faziam acontecer o amor.

A subida

A noite estava a chegar.
Depois de uma enorme caminhada sabia que iria chegar finalmente ao local mágico.
O meu corpo cedia ao cansaço, mas nunca ao meu espírito forte, que sempre abraçava aventuras.
Decidi parar um pouco e contemplar a vista de longe. Era realmente espantosa.
Faróis. Enormes faróis erguiam-se ao longe no alto de uma montanha.
De noite era ainda mais bonito contemplá-los.
Deixei-me ficar maravilhada e acabei por ceder e cair no doce relvado em sono profundo.
No meu sonho estava a chegar ao destino.
A doce relva roçava e beijava os meus joelhos, a leve brisa da noite envolvia-me com o seu abraço quente.
Sorri...não haviam motivos para chorar, afinal...tinha chegado.
O cantar das aves ainda de noite se deixava ouvir e os grilos ao longe formavam uma pequena orquestra no breu.
É encantador saber que a natureza nos pode oferecer tanto.
Quando cheguei ao topo da montanha sentia-me exausta mas feliz.
Meti a minha música favorita e lembrei-me de ti.
Subitamente vieram-me á mente pensamentos confusos. Pequenos fragmentos de momentos vividos que não sei bem como recordar de tão apagados.
Como estarias tu agora?

Um som de um carro fez-me despertar. Afinal ainda não havia chegado ao meu destino.
Levantei-me e fiz-me á estrada naquela noite quente de Verão, sem nunca mais conseguir terminar.

domingo, 10 de julho de 2011

A Mentira

Que beijo tão distante
Provém da tua boca
Tão distante que me meteu rouca
E a alma quase ofegante
Por te sentir de partida
Vendo-te assim tão distante
E o que antes foi bom, soa agora irritante
Irritante por ter perdido o sentido
Daquilo que não foi
Nem poderia ter sido
O sentido da vida
Suou por momentos sufocante
Quando o teu desabafo
Foi dito naquele instante
O de amar sem ter amado
Dizendo que amou em tempo passado
Sem que de veras tivesse gostado
Mostrando a mentira a quem de verdade tinha amado
É irritante ser-se apanhado
Sem saber como se tapar o que se disse
Mas para mim nunca foi tolice
Um mentiroso ser-se apanhado

sábado, 9 de julho de 2011

Claridade

O tempo escureceu de repente.
Foi então que eu saí de casa.
Levei o guarda-chuva na mão e movia-me sem pressa. A pressa trás o tédio que tudo abate.
Movia-me devagar ao som da música.
Movia-me por entre pedras e pequenos pedaços de terra. O santuário ficava mesmo ali á frente.
Subi a íngreme ladeira até lá chegar. Á medida que ia subindo começava a deixar de chover. Sentia o corpo gelado mas não me preocupava. A sensação invernal no corpo sabia-me tão bem. Como eu tinha saudades de voltar a sentir aquele frio de novo.

Quando finalmente cheguei ao cimo avisto o santuário vazio. Caminhei calmamente até á porta de madeira entre-aberta. O solo brilhava lá dentro. Não haviam velas. Somente uma imagem que me aguardava, que esperava um dia a minha vinda. Ali estava eu diante dela pronta para orar por todas as promessas feitas.
Peguei no meu pequeno terço preto e agradeci pela luz que me foi concedida ao fim de tanto tempo de sofrimento. Agradeci por todas as lágrimas que caíram até por fim se terem esgotado.

Quando terminei pensei ter já feito a minha pequena jornada.
Ao voltar-me para a porta avisto-te.
Tinhas o olhar triste. Vi na tua falta de sorriso alguma culpa. Errar é humano e tu sempre encaraste as coisas assim. Mesmo depois desse mesmo erro que dizes ser humano se ter prolongado por tanto tempo e ter ferido tanta gente.
Passei por ti calmamente. Apreciei atentamente o teu desgosto.
Sabes, em tempos fui eu a estar no teu lugar, a sentir esse mesmo desgosto sempre precisar de o sentir.
Na vida há coisas assim, justiças que são feitas sem que tenhamos que mexer-nos, sem que precisemos mostrar o que valemos.

domingo, 3 de julho de 2011

Vagabunda

Há muito que não saía...
Fez muito tempo desde a última vez que nos vimos. Parei numa pensão e resolvi passar ali a noite. O lugar era acolhedor e as pessoas eram simpáticas.
A recepcionista disse-me que tinha direito ao pequeno-almoço. Depois de ficar sozinha no quarto desfiz as malas e abri a janela.
Quase não havia movimento. As pessoas hoje em dia não estão para gastar dinheiro. Lembrei-me de quando falavas das tuas aventuras.  Gostavas de me dizer que vivias de quarto em quarto. Nunca tinhas moradia certa. Para ti, todos os locais te pertenciam. Talvez por isso tenhas pensado que os corações de outras mulheres também.
Saí do quarto perdida na noite. Não sabermos onde estamos costuma ser uma boa desculpa para o que sucederá. Parei num bar qualquer. Pedi uma bebida e sentei-me numa mesa a um canto. As pessoas olhavam-me com curiosidade. Ser-se novo num sitio sempre despertou a curiosidade dos mais cépticos.
Uma mulher bem vestida veio sentar-se a meu lado. Contou-me um pouco da sua vida e perguntou-me porque estava ali.
No fundo nem eu mesma sabia. Tomei balanço e falei-lhe de ti. Ela ouvia-me atentamente e fazia-me algumas perguntas. Ao fim do quarto copo respondi-lhe a todas as questões sem hesitar.
-Sente-se sozinha? - Perguntava-me ela pensando que vinha em busca de companhia. Nunca lhe disse a verdade, mas ela sabia o quanto me custava  tocar no assunto.
- Porque não dorme com outros homens? - Perguntou-me em resposta.
- É uma coisa que há muito não me apetece, a sério. Com ele tenho todos os homens.
Senti que a deixara surpresa. Vi no olhar dela que não estava acostumada a ser mulher do mesmo homem. Por momentos invejei-a.
Paguei a conta e saí para o meio da rua. A noite estava fria, mas eu tinha o corpo quente. Cada um bebe o que pode para vestir o casaco que mais gosta.
Fartei-me daquilo num instante. Em cada bar que parava, cruzava-me sempre contigo. Estavas em todos os copos de Whisky, em cada banco sentado. Via-te duplicado em todos os lados, talvez por ter passado tantos anos sem te ver.
Seria inútil pagar para te ver, quando eu apenas paguei mais um copo.
Deixei-me de coisas e tentei achar o caminho de volta para a pensão.
Quando cheguei tu já lá estavas á minha espera. Achei curioso não teres mudado nada em seis anos. Paguei um quarto de duas camas na esperança de te encontrar quando chegasse. Hoje desejei que esse quarto tivesse apenas uma. Mandei-te embora sem abrir a porta, não seria preciso.
Deixei o copo na mesa de cabeceira e deitei-me exausta por entre os lençóis hirtos do tempo.
No fundo eu sabia que, quando despertasse tu já lá não estarias.
A vida é mesmo assim, cheia de boas lembranças que teimamos em recordar. Mas entre elas, o vazio que as preenche.