Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Os Gastos do Ano Novo

O novo ano está aí e já se ouve falar das mil e uma formas com as pessoas pretendem passar a entrada no novo ano.
Pessoalmente não tenho nada contra que a forma como queremos passar a nossa noite de fim de ano seja planeada com antecedência, até porque se queremos que as coisas saiam bem, temos que ir planeando com alguma antecedência para que tenhamos uma estimativa de como será a grande noite.
Para mim a noite de Ano Novo nunca passou de uma noite comum com direito a um fogozinho de artifício e uma saidazinha até altas horas e há alguns anos nem sequer festejava a não ser ir ver os fogos de artifício com a família e comer as 12 passas e pedir os meus desejos. Com o passar dos anos comecei a combinar com os meus amigos mais chegados e até tive umas belas PA na praia, em Albufeira e mais recentemente em Portimão.
As 12 passas tornaram-se completamente desnecessárias para mim. Se antes a cada passa pedia um desejo, agora não o faço. Acho que se queremos muito uma coisa devemos começar logo a trabalhar para a conseguir. O poder de a conseguirmos ou não está única e exclusivamente nas nossas mãos. Só nós podemos decidir o que queremos ou não nas nossas vidas e sobre o nosso futuro.
Para se ter uma boa passagem de ano não se precisam de fazer grandes festanços com direito a DJ e bailarinas, cujos preços acabam sempre por sair acima da média e em tempo de crise não é lá muito boa ideia. Ainda para mais é já no dia 1 de Janeiro que os preços vão subir mais uma vez e o passe Sub23 dos estudantes vai deixar de ter os tais 50% de desconto. Muitos estudantes vão poder deixar de continuar a estudar e terminar os seus cursos, o que é bastante triste, falo por mim que tenho o meu curso praticamente acabado e imagino como seria se tivesse de deixar o curso por fazer. Queria dizer que me andei a empenhar para nada, a estudar para não obter lucro algum.
Para se passar uma noite á grande basta combinar com alguns amigos e cada um levar de casa alguma coisinha, nem que seja uma garrafinha de champanhe que nem é muito caro, alguns petiscos e o telemóvel para o caso de emergência e já está. Para se passar uma noite em beleza basta que se seja criativo e original e além disso eu não vejo o que haja de tão diferente nessa noite que qualquer uma das outras não tenha. Além disso pessoal, não lancem tantos foguetes porque este ano que vem irá roer ainda mais na carteira de qualquer um. Passem sim uma noite me boa companhia, entre risadas e boa disposição, pensem no que fariam se pudessem e no que não fazem porque não podem e riam disso. Riam de tudo o que não podem mas celebrem mesmo assim porque estão vivos e é isso que importa. Afinal a vida é tão curta para ser estragada com coisas sem o mínimo interesse.
Um bom ano para todos, são os meus desejos.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Fama súbita = Tokio merdeira

Esta palavrinha de quatro letras tem-me seguido desde sempre cada vez que me deparo com novas bandas ou péssimos cantores que subitamente viram astros da música com centenas de veneradoras doidas aos berros.
Tokio Merdeira personalizada
Há até pouco tempo atrás gostei de uma banda ( se é que posso chamar aquilo de banda) que todos vocês devem conhecer chamada TOKIO HOTEL. Não sei de onde saquei tão péssimo gosto. Adoro música e costumo ouvir grandes vozes como Freddy Mercury, Jeff Buckley, Tarja Turunen, Sarah Brightman, John Mayer, ainda passando por bandas como Within Temptation, Nightwish e outras tantas que nada têm a ver com o contexto onde os Tokio Hotel se encaixam, mas sim, gostei de ouvir Tokio Hotel. Na verdade não sei se gostei de ouvir Tokio Hotel ou se me deixei deslumbrar (sabe-se lá como) pelo Look arrojado do Bill e aquilo subitamente virou uma febre por todo o mundo. Já não falando dos posters e deparar-me com a bandoca em quase todas as capas de revistas só pelo vocalista mandar meia dúzia de berros desafinados numa tentativa frustrada de ser comparado a grandes sopranos com médias de três oitavas. Ligava a TV no canal MTV ou até VH1 e era só o que se via, não se ouvia falar de outra coisa. Depois veio aquela febre de se ter tudo Tokizado ( digamos que é uma espécie de Tunning de mau gosto) e a famosa loja de bijoteria e assessórios femininos Clair's abriu portas a uma enchente de mercadoria bizarra que ía desde o mais simplório de t-shirts, passando por brincos, colares, anéis, malas, caixas para guardar toda a porcaria que fosse surgindo sobre a banda...já para não falar do surgimento do mp4 com a imagem dos quatro membros...jogos de cama, almofadas, porta-chaves, papel de parede e imaginem só...papel higiénico. Para verem que não estou a exagerar podem ver a imagem que escolhi para se deliciarem.
Com o passar do tempo e com tanta variedade, o que parece ser bom acaba por soar altamente enjoativo. Mas afinal, o que leva tão maus cantores a ter tanto sucesso por metro quadrado? Hoje realmente eu não entendo. Será por questões de imagem?
Bem, se for, deixem que vos diga que o visual do Bill (vocalista da banda para quem não souber) deixa muito a desejar e tem vindo a degradar-se tragicamente com o passar dos anos. Antes ele era considerado a Billa por muitos, mas ao ganhar barba passou a ser o Pau Bill. E digo pau porque o coitado parece uma varinha de condão ou um palito para os dentes de tão magro que é. Só com uma perna do coitado dava para tricotar umas botinhas de lá para este Inverno que bem falta fazem.
Não querendo ofender ninguém, porque eu passei por essa fase de adorar a bandoca e tudo, apenas faço um apelo ás fãs dos Tokio Hotel de todo o país:
Fãs: Não vale a pena gritarem tanto e dizerem que se vão casar com o Bill, ele nem se rala com o que vocês querem ou deixam de querer, desde que lhes comprem os albuns e encham os pavilhões para que ele possa ficar um milionário. Não percam o vosso tempo a dormir á porta dos pavilhões com uma semana de antecedência, ainda apanham uma gripe enorme e ele não vos irá pagar a medicação e as dores no corpo. Não vale a pena se preocuparem tanto com a saúde dos rapazecos, eles agradecem mas continuam com as suas vidinhas sem estarem nem aí.
Embora já me tivesse passado pela cabeça que bandas como esta nunca duram mais que ano e meio, esta miraculosamente até se tem aguentado. Qual o segredo eu não sei, honestamente nem me irei dar ao trabalho de desvendar, mas admitam minhas gentes:
Será mesmo que se chamam TOKIO HOTEL ou será mais TOKIO MOTEL?

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Pai Natal existe mesmo?

Uma das datas festivas que mais interesse me dava quando era criança foi sem dúvida o Natal.
Aquela ideia de montar a árvore, meter bolinhas coloridas e cajadinhos, pendurar chocolatinhos e meter a estrela no topo. Para não falar dos presentes que iam misteriosamente aparecendo debaixo da árvore, quem será que os punha?
Um dia, já cansada de tentar decifrar o enigma dos presentes andantes, perguntei á minha mãe:
Mãe, quem me oferece estas prendas todas?
Ao que a minha mãe me responde:
É O Pai Natal filha. Por isso já sabes que te deves sempre portar bem e comer tudo.
Claro que na mente de uma criança o Pai Natal existe mesmo. Lá andava eu contente da vida porque de dia para dia me aparecia uma prendinha nova.
Adorava ficar sentada á frente da árvore contando os dias que faltavam para que chegasse o momento de poder finalmente revelar o mistério que se escondia por baixo daqueles papéis de embrulho coloridos. Os meus olhos brilhavam só de pensar que poderia ser alguma das coisas que eu tinha pedido para o Natal aos meus pais.
Depois dava na televisão aqueles anúncios das criancinhas que metem leite e bolachas em cima da mesa para o Pai Natal comer quando salta da chaminé e coloca as prendas debaixo da árvore...e lá ia eu meter um copo de leite quente todas as noites com as ditas bolachinhas. Ainda me lembro do sorriso rasgado da minha mãe a ver-me tão empenhada, pensando eu que assim ajudaria a semear mais prendas. Facto dos factos é que elas cresciam.
Certa noite despertei tarde e ouvi barulhos vindos da sala. Fiquei curiosa. Por momentos pensei que fossem os meus pais á conversa, mas noutros momentos pareciam barulhos de coisas a arrastar e toda a gente sabe como é a mente de uma criança. Já não bastavam os presentes, mas também queria saber como era o Pai Natal de perto, esse senhor bochudo com barbas brancas, farpela vermelha veluda e um saco enorme. Devia de estar super cansado, vindo de tão longe no seu trenó mágico suspenso no ar, com tantos outros meninos para ofertar...mas...como seria ele?
A minha curiosidade foi maior e resolvi sair da cama e arrastar os meus delicados pezinhos até á sala. A porta da sala estava encostada e lá de dentro soavam risadinhas e coisas que arrastavam no chão. Com muito cuidado abri a porta para não assustar o Pai Natal e foi nesse preciso momento que os meus olhos se encheram de lágrimas.
Não, eu não fiquei comovida pela bondade de sua majestade o Pai Natal, mas pela surpresa de ver a minha mãe a meter prendas debaixo da árvore e ver o meu pai sentado na mesa ao lado a comer as bolachas e o leite quente que tão carinhosamente deixei para o Pai Natal.
Escusado será dizer que fiz uma enorme birra por ter finalmente descoberto o enigma dos presentes mágicos. É tão bom ser-se criança e poder-se acreditar em tudo o que se ouve, mas acreditem caros leitores
                                            Ser criança é difícil...OH SE É!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Pensamentos inúteis

Estava eu agora aqui a pensar e ocorreu-me subitamente e sem necessidade, aquelas alturas da vida em que temos a mania de nos preocuparmos com tudo. Tudo bem que há quem não se preocupe com absolutamente nada, mas para os que se preocupam ou já se preocuparam com coisas totalmente desnecessárias, alguma vez vos ocorreu ficarem preocupados com o facto de não poderem agradar a todos?
Perguntei porque achei engraçado. Estava a ler um dos meus diários mais antigos ( sim eu adoro escrever e escrevo bastante e á mão) e reparei que dava demasiada importância se A ou B não gostava de atitude C ou D que eu tivesse e depois pensava E ou F de mim...
Hoje parece tão absurdo que um dia eu tenha pensado assim. É aqui que nos damos conta que crescemos e que, com base em experiências, aprendemos a ver a vida com outros olhos.
Hoje tanto me faz que A ou B goste de mim como não.
É tão normal uma pessoa gostar ou não da nossa maneira de ser. Somos humanos e temos as nossas virtudes e defeitos como qualquer ser normal neste planeta. Nós temos pessoas com as quais nos identificamos e pessoas com as quais nos identificamos menos ou que nem podemos ver pela frente ou vice versa. Eu também devo ter umas alminhas que nem me podem ver pintada, mas acham que eu irei mudar alguma coisa em mim só porque essas pessoas não gostam? Claro que não.
Nós somos como somos e por mais que tentássemos mudar o que quer que fosse, isso só iria durar até que nos esquecêssemos e volta tudo á estaca zero. Nós só devemos tentar mudar as atitudes que possamos ter e que nos afetem no nosso dia-a-dia e nas nossas relações com o mundo. De resto, se nos vestimos de branco ou preto, se pensamos frito ou grelhado, ninguém tem rigorosamente nada a ver com isso. Se gosto de ouvir Rock ou Metal, se gosto de ver filmes de terror, se gosto de ver desenhos animados como a Branca de Neve e o vizinho do lado não gosta so what?
Vou mudar o que sou porque é melhor agradar do que viver aquilo que sou? Jamais.
Todos nós devemos ter orgulho naquilo que somos. É isso que nos molda como indivíduos neste mundo, que nos afirma e que deixa a nossa pegada mais acente pela terra.
Mas claro, virem dizer-me isso há uns sete anos atrás, é melhor esquecerem, porque todos nós temos aquela fase em que gostamos de ter muitos e muitos amigos e sermos fantásticos/as para eles ou com eles.

E vocês? Já passaram por alguma situação semelhante? O que pensavam a respeito há sete anos atrás?

domingo, 18 de dezembro de 2011

Nem sempre os impulsos fazem bem... mas ajudam

Hoje resolvi falar de impulsos somente porque sim.
Todos nós somos um pouco impulsivos por vezes e há alturas em que somos mais capazes de ceder a um impulso do que outras. Mas há uns dois anos atrás, as coisas eram bem diferentes comigo.
Sempre me considerei uma pessoa regida por impulsos,mas desde há uns tempos para cá aprendi miraculosamente a ceder a essa vontadezinha maléfica de agir de cabeça quente.
Antes, por tudo e por nada, se visse alguma coisa que não gostasse ou se houvesse uma alminha que me tentasse prejudicar em alguma coisa, cedia imediatamente a um impulsos tal que me levava a agir de cabeça quente com a primeira coisa que me ocorresse. Por exemplo há coisa de um ano e meio mais ou menos, havia uma pessoa que volta e meia falava de mim no seu próprio espaço, fazendo-se de vítima, mostrando-se dono/a da razão. Por outras palavras tentava ridicularizar-me mostrando ser o santinho da paróquia. A início eu era tomada por um impulso tal que em resposta lhe fazia um post indireto com os meus pontos de vista, ou até com as palavras que a pessoa em questão merecia ouvir. Mas mais tarde, abria o meu blog e questionava-me:
Porque raio fiz eu isto? Que ganho eu com isto?
Verdade seja dita, não podemos agradar a toda a gente e não somos perfeitos, por isso se diz que somos humanos. Eu sempre achei ridículo que tal pessoa tenha escrito os inúmeros posts que escreveu para se fazer de coitadinho/a sem mostrar o outro lado da história. Uma história tem sempre dois lados e é de bom tom que se conheçam os dois de forma igual, porque fica mal falar-se mal das pessoas de forma aberta num blog só para alimentar o ego.
Por outro lado, depois de alguns momentos impulsivos de posts blogosféricos em resposta a piadolas e criancices infantis, dei-me conta que tudo o que fulano queria era chamar a atenção. Admito que levei algum tempo a esforçar-me para não ceder ao impulso de escrever outro post que, na certa, me arrependeria. Com o tempo essa ideia começou a sair-me da cabeça e hoje quando penso nisso dá-me uma enorme vontade de rir.
Dá-me vontade de rir porque é curioso como todos nós temos aquela matraca dentro de nós que nos diz para fazer aquilo que sabemos que nos vamos arrepender mais tarde. Pessoalmente não me arrependo de nada do que tenha feito na minha vida até aqui. Acho que ninguém se devia de arrepender do que fez, independentemente da gravidade da situação (salvo que tenham morto alguém, aí arrependam-se sim) porque a vida é uma escola com inúmeros testes e somos nós que temos a capacidade de nos avaliar, de nos fazermos a nós mesmos aquele juízo de valor e avaliar á posteriori o que está errado e o que fizemos certo.
Todas as nossas ações trazem consequências. Todas. E todos nós devemos estar cientes disso e pensar duas vezes antes de fazer o que quer que seja.
Ceder a um impulso é bom quando vimos que é necessário. Estar de cabeça quente não nos ajuda de forma alguma a tomar a decisão acertada para as nossas vidas e a seguir o caminho certo.
Lógico que hoje, leia o que ler ou que pudesse vir mesmo a ler alguma coisa que não gostasse, teria apenas que pensar que não vale a pena perdermos o nosso tempo a sermos iguais aos demais. Temos que perceber que, a partir do momento em que damos importância a algo sem qualquer valor, apenas nos igualamos mais e mais àqueles que só nos querem deitar ao chão. No fundo, o mundo já está tão igual em termos de tendências e modas, para quê termos todos as mesmas ideias?

E vocês?
Já alguma vez cederam a um impulso que viram ser desnecessário mais tarde?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Campanhas de Natal

Ok cá vai. Hoje enchi-me completamente com os anúncios televisivos das campanhas de Natal e passo a explicar o motivo.
Acho muito bem que sejam feitas as campanhas de Natal para ajudar as crianças e até as pessoas com menos recursos ou os sem abrigo, mas sejamos sinceros, porquê só no Natal?
  • Um sem abrigo que não tenha o que comer todo o ano só come no Natal. Vá lá pessoal, nada de rir, estamos em crise por isso há que poupar e deixar de comer todo o dia.
  • Uma criança vitima de abusos sexuais ou doenças cancerosas só podem ser tratadas no Natal, o que quer dizer que ao longo do ano morrem inúmeras crianças vitimas de cancro e não há campanhas, salvo seja a boa vontade de quem quiser abrir os cordões á bolsa e tirar uns trocos.
  • Uma pessoa que não tenha onde viver ( agora não pensemos que passa dias sem comer) ganha uma dormida numa tenda improvisada pela Associação do renhenheu mas só nesta altura do ano, o que quer dizer que vai ter de se virar depois.
  • A Leopoldina é tão boazinha e não me deu nem um chocolate.
Pessoalmente gosto de ajudar quem precisa quando tenho uns trocos na carteira. Já o fiz muitas vezes e farei sempre que possa, de acordo com as minhas possibilidades. Não tenho muito, mas gosto de repartir por quem precisa e embora saiba que esse dinheiro não irá dar de comer a A, B ou C por um mês, pelo menos sei que ajudou em alguma coisa. Mas também sou honesta, estas campanhas são muito apelativas, mas nem todas são como se ouve ou como as pintam. Por exemplo a Cruz Vermelha já fez uma boa jantarada á pala do dinheiro da boa vontade de quem o deu para a ajuda de pessoas carenciadas. Acho que carenciado estava o estômago de todos os que lá trabalhavam, ou grande parte. Por isso gosto sempre de dizer para verem bem a quem dar e verificarem na medida do possível a veracidade dessa campanha, ou ainda se habilitam a ser uma dessas boas pessoas que não se importa de ajudar a pagar um bom jantar á malta.
E já que se fala em Natal, vejam bem o que vão pedir para este ano. A crise está a chegar á carteira de toda a gente e a cada dia que passa se sente mais. Não seria nada má ideia reutilizar-se coisas ás quais já não damos utilidade e fazer dali coisas novas. Umas podemos dar a quem mais precisa, outra oferecer a quem se gosta e outras ainda ficar para nós mesmos. Um bocadinho de egoísmo nunca matou ninguém. Feliz Natal para todos. Comam muitos doces, mas deixem um para mim.

Tempestade

O dia amanheceu chuvoso e eu tinha de sair. Há muito que não apanhava o autocarro para o meu local preferido. Já sentia saudades.
Peguei no guarda-chuva e vesti o meu casaco. Verifiquei se tinha dinheiro suficiente na mala e saí de casa.
A chuva dizia-me que não iria parar mas mesmo assim continuei. Havia pouca gente na rua, toda a gente saía de carro neste tempo.
Quando cheguei á Terminal Rodoviária fumei o meu cigarro e esperei que chegasse o autocarro, que por sinal se atrasou ligeiramente.
Fui ouvindo música para deixar o tempo voar e olhei pela janela observando a rua e as gotas que caíam.
Pequenas gotas de chuva caíam levemente no solo frio desenhando círculos. As árvores agitavam-se e dançavam ao som do vento que trazia mais água vinda do céu. As pessoas conduziam cautelosamente para não provocar acidentes e o meu pensamento dispersou para o meu destino próximo.
Quando cheguei senti-me subitamente perdida. Não sabia para onde ir, embora soubesse muito bem onde estava. Por vezes o meu coração tem a mania de se perder em sítios que conhece levando-me a deambular pelas ruas em pleno Inverno, mas eu nunca me importei com isso.
Fui simplesmente andando pelas ruas, sentindo o cheiro a terra molhada e os pés que começavam a arrefecer dentro das botas pretas. Tinha a saia ensopada pelo vento que me levava a água para cima e o cabelo despenteado pelo vento.
Deixei a cidade, procurei abrigo no campo, nos cerros densos, longe dos olhares alheios.
Subi a íngreme subida até ao santuário que era motivo da minha vinda àquele local.
Estava a decorrer uma missa quando entrei. Normalmente não sou pessoa de ficar para assistir a missas, mas naquele momento decidi ficar. Não tinha muito sitio onde desejasse ir.
Subitamente, enquanto o meu olhar dispersava pelos vidros molhados do santuário avistei-o.
Era um rapaz alto, de cabelo ondulado que me olhava pelo vidro. Tinha ambas as mãos coladas ao vidro e verifiquei ao meu redor para me certificar de que de facto ele me olhava.
Senti-me perdida, completamente apaixonada por um desconhecido de olhar penetrante que me observava de olhar triste. Senti os meus olhos encherem-se de lágrimas. Subitamente reconheci quem era. O nosso passado desfeito e o nosso presente encontraram-se de novo. Diante de mim estava o homem que havia sido proibido de ficar comigo por parte de ambas as famílias. Tentei não despertar a atenção de ninguém, sair dali sem que fosse vista, mas já muita gente nos observava com olhar curioso. Deixei-me ficar sentada virada para ele, sem lhe dar qualquer sinal que fosse, esperando ganhar coragem para avançar. No momento em que finalmente senti que iria sair dali e ir ao seu encontro avisto a família dele que o levou pelo braço ao se darem conta da figura feminina que ele tanto mirava.
Senti uma enorme pontada de desgosto e derrota no coração. Saio disparada do santuário sem querer saber de mais nada. Corro pela calçada de pedra em plena chuva deixando o meu guarda-chuva para trás esquecido por mero acidente. Procurei por ele e tentei de uma vez resolver toda a situação que o passado não nos havia deixado resolver.
Quando cheguei lá abaixo avisto o carro dos pais dele a ir embora. Corro para os chamar, tentar quem sabe explicar-me, fazê-los perceber que ninguém manda no coração. Tarde demais. Ele desapareceu por entre a neblina, absorvido pelas gostas de chuva, pelas flores de gelo que se formavam agora no céu.
Ele foi embora...e com ele, toda a minha alegria e esperança de um dia poder ser feliz do seu lado.