Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Decisão

Chega de lembranças tristes, decidi eu.
Hoje vou livrar-me de tudo. Peguei no suporte da minha vela e subi as escadas de pedra.
A noite estava fresca e a luz iluminava toda a floresta. No cimo da escadas erguia-se uma montanha íngreme que eu subi a fim de me livrar de tudo.
Levava na velha mochila as lembranças de um passado ruim, de um passado sem o mínimo interesse para mim. Más energias que me queria livrar para começar tudo de novo.
Quando cheguei ao topo da montanha pousei a minha velha lixeira e deixei-me ficar sentada por instantes a apreciar a bela paisagem que se despia aos meus olhos e me revelava toda a sua beleza natural. Como é bom o contato com a natureza. Como me faz bem sentir este friozinho na pele.
Era chegada a hora, não ousei hesitar mais um segundo. Eram pilhas de papéis sem nexo, fotografias que não mais me via nelas, pessoas que ontem passaram por mim e hoje são apenas uma mancha na minha memória, uma borra de tinta sem forma ou cor. Não me consigo lembrar exatamente dos seus rostos, das suas vozes. Tudo coisas que só me afogam, que decidi deixar para trás, deixar que o vento as levasse juntamente com as minhas lágrimas que secaram.
Usei a vela para as queimar e fiquei sentada a ver a pequena chama que a pouco e pouco se expandia, até formar pequenos círculos onde o meu olhar se refletia. Não vou sentir saudades nem falta de nada do que disse adeus. Agora eram só lembranças, lembranças essas que prefiro não guardar comigo, que prefiro apagar.
Assim que tudo queimou eu deixei-me ficar. Observei os pequenos fragmentos de papel, sem qualquer dizer, sem imagem ou forma, pequenos fragmentos de cinza, pequenos fragmentos que o vento mais tarde levará com ele, assim como a vida.

Quando voltares

Acordei tarde. Penso ter bebido demais. Do outro lado a cama vazia e desfeita, fria.
Na sala o copo de champanhe que deixaste inacabado, sob a cadeira de pinho jazia o teu casaco sem vida. Saíste para tomar café e ainda não voltaste.
Contei as horas e os minutos na esperança de te ver aparecer e pedir uma explicação.
Fartei-me disto. És sempre a mesma coisa. Odeio promessas da tua boca, coisas que sabes que nunca conseguirás cumprir mesmo que pudesses.
Deixo-me cair sob o sofá e espero mais um pouco enquanto esvazio o copo de champanhe.
Tudo começa com um copo de champanhe. Depois, uma noite entre a diversão e o desejo para depois se passar á fase seguinte. Para ti, na fase seguinte eu nunca faria parte dos teus planos.
Longe estaria eu de imaginar o que se seguiria ao teu olhar deslumbrante, á tua sede de agarrar a vida, de agarrar-me dizendo que jamais me deixarias escapar. Hoje escapei-te por entre os dedos, por entre os sentimentos. Trocaste-os por mais um momento sem saber se seria isso o que eu pretendia da vida.

Esperei demasiado tempo a tua chegada. Vesti-me e saí para a rua. Apanhei um táxi e fui até uma rua qualquer ver a noite que se escondia por trás de um manto iluminado. Saí do mundo, assim como da tua vida.
Saí de todas as coisas entre elas de ti.
Decidi esquecer-te. Talvez quando voltasse já o teu casaco não estivesse mais sob a cadeira de pinho, nem o teu copo na mesa da sala.
Talvez quando voltasse fosse já outro dia.

sábado, 24 de setembro de 2011

Vamos, sorri

Os dias e as noites quase se confundem. Desde ontem que foi assim.
Já sinto o frio encher-me a cama vazia á noite, o brilho da lua sob a janela do quarto como que a espreitar-me.
Já se faz sentir o cansaço do corpo de uma nova velha rotina, de coisas novas e coisas velhas, de uma vida que começa e que prossegue com os mesmos afazeres.
Sento-me á mesa com uma pilha de livros que nem sei se tenciono ler. Para escrever ainda muito me resta. Cartas, cadernos, pilhas de coisas que se amontoam á minha volta e me tapam o anglo de visão.
Depois, do outro lado, a tua sombra que me acompanha de perto.
No meio de tudo o que tenha para fazer és sempre mais importante.
Deixo tudo o que tenho a fazer para seguir os teus passos até lá fora.
Pareces triste. Tens nas mãos o peso de uma vida e muitas decisões que tomaste já te arrependeste.
Lamento se não conseguir ter-te por perto antes ou se a minha vida nunca me permitiu ir á tua procura.
Eu sei que te sentiste sozinho, com as mãos frias e o corpo débil.
Também eu sei o que é sermos deixados para trás das costas daqueles que amamos.
Deixa-te ficar, tens o meu ombro do teu lado onde te apoiar.
Nunca estarás sozinho. Não tenho muito para te oferecer, os meus bolsos estão vazios, mas trago comigo o coração cheio de amor para te dar.
A tua aparência descuidada denuncia-te.
Os teus olhos castanhos cor de mel não revelam brilho algum. Algures no passado alguém te roubou a alegria de viver.
Anda, segura a minha mão sem medo. Deixa-me mostrar-te o mundo, aquilo que perdeste em muitos anos de ausência de amor e afeto. Deixa-me segurar-te o coração e deixar-te repousar numa cama limpa onde não hajam medos que te encham na escuridão da noite.
Quer acredites ou não, tu foste a melhor coisa que me aconteceu. Tu encheste o meu coração de alegria e esperança, deste rumo a uma vida já há muito perdida, devolveste-me a esperança e devoção.
Podes até nem acreditar, mas tu tens magia no teu interior. Tens uma capacidade única de ser para os outros que nunca vi em lado algum.
Quando sais por algum tempo reviro a casa á tua procura. A verdade é que já não me imagino viver sem ti.
Lamento por nunca teres sentido um colo paterno, mas eu também já passei por isso.
Vamos, sorri. Sabes que odeio ver-te chorar. Mostra-me essa essência do teu ser. Abre-te para o mundo e abraça-o. Eu estarei aqui para aparar as tuas quedas.
Nunca te esqueças, tu és tudo o que eu sou.
Amo-te incondidionalmente, sem medo ou receio. Tu és, para mim, a parte que falta.


                    (Para o meu irmão, que amo muito)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Os Status do Facebook

Uma coisa caricata, que sempre me despertou a atenção foram os status do Facebook.
Embora neste post eu faça mais referência ao Facebook que a outras redes sociais, o mesmo se passa com toda e qualquer rede social quando temos que meter o estado de relação que temos com alguém.
Posso dizer que estamos a atravessar a fase do nudismo, em que os canais de música se enchem de vídeos com mulheres nuas e a imagem tem cada vez mais peso na sociedade. Na minha opinião, tudo anda a perder qualidade, incluindo os tipos de relação que as pessoas escolhem para as suas vidas. Desta forma, de acordo com a nossa actual mentalidade, o Facebook disponibiliza opções de relação entre as que são cada vez mais faladas na sociedade.
A pequena lista que se segue dá alguns exemplos, na minha opinião completamente descabidos, de status do nosso século tanto no Facebook, como falado pela boca do povo.
  • Relação aberta- Ok, chamem-me tartaruga, o que quiserem, mas se há coisa que realmente eu não consigo entender é essa modernice de dizer que se está numa relação aberta. Para mim, uma relação é uma relação. Se eu estou comprometida e quero mudar o status do Facebook, meteria que estou comprometida e nada mais. Uma pessoa que assume um compromisso com outra, seja ele aberto, achatado, com riscas, azul com porpurinas, é um compromisso, logo é comprometido. A ideia de relação aberta quer precisamente dizer o seguinte: " Tu e eu namoramos de certa forma, mas tu podes fazer o que entendes que nem quero saber e eu o mesmo que não te diz respeito" , o que na minha opinião é pura e simplesmente brincar aos namorados. É por essas e por outras que tantas relações abertas mudam de posto para solteiras.
  • Amizade colorida- Embora encaixe que nem uma luva na nossa actualidade, a amizade colorida é já batida nestas andanças de status. Basicamente uma amizade colorida baseia-se em dois amigos que partilham mais do que amizade sem se que assumam qualquer tipo de relação,o que é simplesmente idiota. Eu posso dar um bem melhor termo para designar uma amizade colorida que dê melhor imagem e não seja tão estupidamente infeliz. Para mim uma amizade colorida não tem nada haver com atracções sexuais sem compromisso, mas sim termos a capacidade de nos integrar com todo e qualquer tipo de raça humana, quer chinesa, quer cabo verdiana, quer angolana, quer o que quer que seja e de que país venha, feio, bonito, gay, lésbica...a nossa capacidade de aceitação alargar horizontes é uma coisa que vejo cada vez menos dada a nossa mentalidade racista, mas relações cada vez mais estranhas já dá para uma boa lista de compras.
  • Uma curte- "Ando a curtir com o Fábio"; "O Pedro pediu-me para curtir com ele..." Curtir é isso mesmo, nada sério. Em palavras mais antiquadas, há uns bons tempos atrás, um homem que quisesse uma mulher por uma noite era apenas isso, por uma noite, coisa de momento passageiro, nada sério. Agora tem o nome de curte. Pondo ainda o termo noutros significados, curte é igual a alugar espaço por uns dias e quando aborrecer e chatear troca-se de mercadoria, o que não faz qualquer sentido. Curtir, para mim, é apenas mais um termo vulgar que simplesmente me enoja, mas nada tenho contra quem queira seguir por estas vertentes, até porque estamos todos livres de fazer o que quisermos.
No meu ponto de vista uma pessoa que queira ter algo com outra, relacionar-se ou comprometer-se com outra pessoa automaticamente está numa relação, ou seja, comprometido. Uma pessoa que esteja livre chama-se solteiro ( Será que um dia irão surgir os vários tipos de solteiros? Ao estilo: Solteiro de dois em dois dias; solteiro que se prende a cenas mas se desprende delas...e digo cenas na nossa linguagem moderna); Uma pessoa que queira casar-se tanto pode estar comprometido como noivo, dependentemente do passo que decida dar á sua vida e os casados ou casadas deste país que tiveram a infelicidade de perder o seu amado ou amada por uma qualquer infelicidade estão viúvos. Minhas gentes, encarem a realidade...não há tantos status assim. Essa mania de ser uma relação aberta e sem limites em que tudo seja permitido é simplesmente nojenta. Uma pessoa se quer alguém na sua vida comprometa-se, por outro lado se não quer não se comprometa. Se gosta assuma sem cerimónias, se não gosta não assuma. Lógico que isto não passa de um simples ponto de vista, mas nem sempre variedade é sinal de qualidade, até porque não vejo qualquer qualidade nesses tipos de relação. E é por estas e por outras que vejo cada vez mais mães solteiras, mães aos 14 anos quando na verdade deveriam era de estar a estudar e a crescer porque são ainda umas crianças, doentes com SIDA cada vez em idades mais prematuras e por aí fora. Uma relação é um acto em que dois seres decidem entre si criar um laço de envolvimento mutuo e a dois é bom, mas a três é demais...nunca ouviram dizer? O termos 3 para mim sempre me fez lembrar o antigo par de chifres...

Bom, acho que fico por aqui, comentem, digam o que pensam enquanto eu vou mudar o meu status.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Inicio de mais um ano

Pois é...
Como tudo na vida que vai e volta, um novo ano académico vem a caminho e espero que seja o último, se tudo correr bem.
Geralmente é nestas alturas que sinto que não tenho descanso algum. Ou tenho que andar de um lado para o outro a tratar deste e daquele papel, ou tenho que andar atarefada com as compras de material escolar ou é sempre um ou dois erros de sistema informático que sucedem nos serviços académicos da UALG. Já para não falar que ( isto para quem não estuda na Universidade ou não sabe como as coisas funcionam) só de seguro escolar temos de pagar 25 euros de entrada com 72 horas de antecedência para se poderem efectuar as matriculas e depois, ao longo do ano um bom montante de 230 euros em quatro prestações, que vai chegar aos 900 e tal euros totais que devem ser pagos. Já não falo de material que tenhamos que adquirir, que na sua maioria são simplesmente fotocópias, mas também as ditas fotocópias chegam a ser mais caras que os próprios livros. Só para uma cadeira cheguei a gastar 50 euros em cópias e não estou a brincar.
Estando o nosso país num momento de crise económica acentuada, cujo IVA sobe todos os dias quase, é bom que tenhamos que dar uso á nossa criatividade e reutilizar os materiais. Geralmente, para a universidade nunca usei muito mais que dois cadernos e as ditas canetas, mas conheço quem goste de usar muito mais do que isso. Aviso logo que não estamos no tempo disso. Portugal além de ter de atar ainda mais os cordões á bolsa tem de aprender a poupar. No meu ponto de vista, a única vantagem que isto nos oferece é a aquisição de uma mentalidade mais adulta em que deixamos de comprar tanta coisa desnecessária só para ficar a enfeitar na prateleira do quarto. No meu tempo as coisas têm sido todas de muito fácil aquisição. Não digo que não se trabalhe para que hajam bens em casa. Lógico que sim. Mas na minha opinião, acho que nós somos extremamente consumistas. Eu mesma o fui em tempos e estou-me mesmo a deixar disso. Eu olho para o que tenho em casa e metade do que comprei hoje ofereço á minha irmã mais nova. No fundo as coisas são muitas vezes adquiridas mesmo pela febre de aquisição e nada de mais relevante que isso.

Nesta altura do ano começa também o Outono. Acreditem ou não, a verdade é que estou até a desejar. Gosto de ver as árvores despirem-se de verde e ganharem uma tonalidade meio amarelada. Gosto de ver a Terra descansar um pouco do verdejante e ganhar tons meio acastanhados, gosto das primeiras chuvas outonais, do café matinal, do chá quente, de uma peça de roupa aconchegante e de andar de guarda-chuva na mão. O que mais gosto no meio de tudo isto é o cheiro a terra molhada tão característico desta época e da época de Inverno.
Outra das coisas que gosto é de me levantar cedo para ir esperar a minha colega na estação e juntas irmos para as nossas aulinhas. Gosto de ir no autocarro a absorver um pouco de música e o pequeno-almoço tomado no bar da faculdade. No fundo isto são coisas que me fazem mesmo sentir em casa porque são tão rotineiras...e embora eu goste de variar e não me prender á rotina, a verdade é que a minha vida não é muito dada a rotinas. Nada do que se passou hoje se irá passar amanhã. Tirando o facto das aulas, todo o dia que passa é novo para mim e tento sempre vivê-lo ao máximo.

sábado, 10 de setembro de 2011

Na sombra

És droga! Mando-te embota e de que adianta?
Tu persegues-me e sabes sempre onde achar-me.
És como fogo que me coloca em brasa, que me faz perder os sentidos só de me tocar de leve.
Nas tuas mãos sou sempre um ser pequeno, mas nunca me importei com isso, pois sei que depois desta noite irás sempre voltar.
Tu gostas de sentir aquele perigo miudinho, aquela sensação de saber que estás a cometer um erro.
Eu nunca me importo, espero-te sempre na calada da noite sem grandes cerimónias, com as ideias já bem acentes para o que nos espera.
O único telhado que nos cobre nessas noites são simplesmente as estrelas.
Para ti é bom o som surdo nas árvores, das plantas ao sabor do vento, aquela sensação de poderes ser apanhado por um potencial estranho que te faça sentir ameaçado.
Nunca te atrasas. Nunca tiveste de o fazer para concretizar algo que gostas. Fico satisfeita nos teus braços e contigo sei que não preciso de procurar outros homens, porque contigo, sei que tenho todos os homens.
Tu gostas do meu desinteresse, da minha falta de atenção para com os teus gestos.
Não demonstro nada aos teus olhos, mas ardo por dentro quando chegas.
Muitas foram as vezes que te mandei embora, mas o meu pensamento nada faz perante a tua presença.
Sei que, se te mandar embora, tu jamais irás ceder á minha vontade.
Tomas-me nos braços e fazes de mim a mulher da tua vida, sem nunca me teres perguntado se tu eras o homem dos meus sonhos.
E és sabias?
Simplesmente sinto o medo de qualquer mortal, medo de me perder demais nesses teus jogos de prazer infinitos.
Tu ganhas-me, mas eu não mostro que doeu essa doce perda.
Tu ganhas-me de cada vez que me tomas como sendo tua, de cada vez que me beijas sem saber quais os teus limites, de cada vez que vais embora e me prometes que amanhã estarás de volta.
Não consigo mandar-te embora.
És a chama que me queima como folha de papel, chama que me faz arder como uma floresta que se deixa consumir pelo calor.
És tudo isso e por tudo isso não consigo dizer-te que não mais uma vez.
Amar-te é estranho e sufocante, mas eu não consigo viver a respirar livremente. Preciso das tuas mãos no meu pescoço, do teu perfume á minha volta e dos teus jogos de palavras quentes.
Se é amor? Eu não sei...mas queima, faz-me querer voltar e nunca, mas mesmo nunca deixar-te para trás.

A ti




Nem devia dizer-te isto. Sabes, na verdade há coisas que nem deverias de saber. São aquelas coisas que simplesmente considero idiotas, mas que as sinto sempre que chegas.
Quando vais embora um há um medo enorme que me atormenta, que me gela completamente. Nunca te disse porque achei que nem irias querer saber, mas sinto-me mais segura contigo por perto.
É como se nada de mal me pudesse acontecer quando chegas. Não encontro palavras para definir o que é.
Adoro entrelaçar os meus dedos aos teus e colocar a minha cabeça no teu peito, para ouvir o teu coração bater. Faz-me sentir segura.
Tu mandas embora todo o mal existente, todos os receios que uma mulher possa ter.
Nem te esforças para isso, já é mesmo de ti, ou daquilo que sinto quando entras pela porta.
Transmites-me força e energia.
É bom sentir-me viva contigo sem precisar de muito.
Os outros buscam o material, o consumo sem qualquer satisfação alcançada no fim de tantos esforços.
Apenas pedi que descesses dos céus para mim um dia, não importava o que tivesse de passar antes para chegar a ti.
O que importa é que chegaste até mim sem aviso, sem carta ou sem aqueles instintos de mulher.
Chegaste simplesmente e encheste todo o espaço vazio e morto que havia em mim.
Houveram outras almas que tentaram ocupar esse espaço, levando pedacinhos de mim e espalhando pelo vento.
Tu devolveste-me esse pedaço roubado, essa vitalidade e força interior.
Obrigada por seres assim sem que precise pedir-te, sem que necessite preocupar-me se irei acordar do teu lado mais uma vez.
Obrigada por seres assim.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Ansia



Não vás por favor! Suplico-te que fiques...tenho medo da noite!
Fica comigo de mão dada, não precisamos trocar uma única palavra. Apenas quero que fiques do meu lado.
Quando amanhecer poderás ir. Libertarei a tua mão para que possas seguir o teu caminho, mas volta sempre de noite, porque eu não consigo...é demais!
Por vezes isto torna-se sufocante, asfixiante...e sabes? Eu não consigo superar este medo que me atormenta.
A casa é enorme, chove sempre muito lá fora e as noites são grandes e frias.
O frio atormenta-me, mas é a solidão que me gela. Por isso suplico-te, fica, não me deixes aqui sozinha nesta enorme mansão, presa a estes enormes corredores todos eles vazios, labirintos de solidão e terror onde me prendo noite após noite.
Não ouso abrir os olhos até sentir que vieste apaziguar os meus anseios.
Pouca a tua mão sobre a minha e nada digas para além da tua presença.
Deixa que o negro dos cabelos me cubra a face e me tape o anglo de visão...deixa-me imaginar-te de muitas formas diferentes.
Não abras a  porta, nem as janelas...mas manda o meu medo embora! Corre-o daqui com o teu dom de aconchegares o meu coração sofrido, de me fazeres acreditar que o medo é algo da nossa cabeça.
Apenas quero que me digas isso outra vez até eu decorar. Mas di-lo de formas diferentes. Nunca o digas da mesma maneira.
Esta noite prometo que irei ser mais forte e estender-te a minha mão.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Pensamentos ao luar

A noite começava a descer na cidade tingindo o campo de negro.
Decidi sair para a escura noite me banhar a pele, estava cansada de ficar á janela.
Decidi pisar o solo campestre e avançar em direcção ao cerro onde iria ficar a noite a pensar.
Pensar faz bem, acalma, renova-nos quando precisamos.
A subida era íngreme e mesmo fatigada não me rendi. Queria ver a lua cheia no alto do cerro, sentir que lhe tocava com os meus finos dedos, sentar-me nas rochas e olhar para o céu até me sentir subir ás estrelas. Imaginar foi sempre assim. No meu mundo a imaginação não tem limites.
Quando cheguei ao topo estava cansada. Deitei o meu corpo cansado na doce relva por entre os ramos caídos das árvores e algumas alfarrobas.
Do meu lado direito a bela e pequena cidade que se estendia luminosa á minha frente fazia-me companhia com o som dos carros. Ao longe um santuário iluminado pela cálida noite que agora arrefecia. Não tinha horas para me ir embora, não pretendia ir a lado algum. Pretendia ficar ali, sentir o ar fresco e o som da natureza banhar-me a alma, refrescar-me a mente.
Passei as mãos pela terra que se entrelaçou nas minhas mãos, no espaço vazio entre os meus dedos.
Sabe bem sentir que estou viva.