Já sinto o frio encher-me a cama vazia á noite, o brilho da lua sob a janela do quarto como que a espreitar-me.
Já se faz sentir o cansaço do corpo de uma nova velha rotina, de coisas novas e coisas velhas, de uma vida que começa e que prossegue com os mesmos afazeres.
Sento-me á mesa com uma pilha de livros que nem sei se tenciono ler. Para escrever ainda muito me resta. Cartas, cadernos, pilhas de coisas que se amontoam á minha volta e me tapam o anglo de visão.
Depois, do outro lado, a tua sombra que me acompanha de perto.
No meio de tudo o que tenha para fazer és sempre mais importante.
Deixo tudo o que tenho a fazer para seguir os teus passos até lá fora.
Pareces triste. Tens nas mãos o peso de uma vida e muitas decisões que tomaste já te arrependeste.
Lamento se não conseguir ter-te por perto antes ou se a minha vida nunca me permitiu ir á tua procura.
Eu sei que te sentiste sozinho, com as mãos frias e o corpo débil.
Também eu sei o que é sermos deixados para trás das costas daqueles que amamos.
Deixa-te ficar, tens o meu ombro do teu lado onde te apoiar.
Nunca estarás sozinho. Não tenho muito para te oferecer, os meus bolsos estão vazios, mas trago comigo o coração cheio de amor para te dar.
A tua aparência descuidada denuncia-te.
Os teus olhos castanhos cor de mel não revelam brilho algum. Algures no passado alguém te roubou a alegria de viver.
Anda, segura a minha mão sem medo. Deixa-me mostrar-te o mundo, aquilo que perdeste em muitos anos de ausência de amor e afeto. Deixa-me segurar-te o coração e deixar-te repousar numa cama limpa onde não hajam medos que te encham na escuridão da noite.
Quer acredites ou não, tu foste a melhor coisa que me aconteceu. Tu encheste o meu coração de alegria e esperança, deste rumo a uma vida já há muito perdida, devolveste-me a esperança e devoção.
Podes até nem acreditar, mas tu tens magia no teu interior. Tens uma capacidade única de ser para os outros que nunca vi em lado algum.
Quando sais por algum tempo reviro a casa á tua procura. A verdade é que já não me imagino viver sem ti.
Lamento por nunca teres sentido um colo paterno, mas eu também já passei por isso.
Vamos, sorri. Sabes que odeio ver-te chorar. Mostra-me essa essência do teu ser. Abre-te para o mundo e abraça-o. Eu estarei aqui para aparar as tuas quedas.
Nunca te esqueças, tu és tudo o que eu sou.
Amo-te incondidionalmente, sem medo ou receio. Tu és, para mim, a parte que falta.
5 comentários:
Surpreendes-me sempre que lhe escreves.
Apenas alguém que ame assim um familiar poderia escrever dessa forma tão tocante.
Como o mundo é pequeno e como as pessoas se adoram maltratar, principalmente os que menos esperamos. É bom e confortante saber que algures temos sempre alguém que nos ajuda, apoia, se preocupa connosco. E como é bom ler algo como o texto que escreveste, demonstra afecto e amor.
tens um irmão Tânia?
Mas que história perdi eu da tua vida que já não sei de que planeta sou? Pensei que fosse apenas a pequenota, afinal parece que há outro borracho na familia. E se não for muito mauzinho da minha parte, pelo que percebi, aconteceu como a ti certo? Então foi o pai que o abandonou?
BAH BAH BAH!!! Eu fiz o que senti. Prontes. Senti que tinha de dizer e disse. :D
Minha catinha, o que se passou é que algures no passado tive um papá que andou a meter o pirilau noutros Horizontes e acabou por sair obra. Mas, como a obra n teve culpa e sofreu sompre por tudo o que passou, merece o meu amor a respeito. Infelizmente n posso contar tudo aqui no blog, mas identifico-me muito com ele e o que ele é eu sou também. Por ele faço tudo o que estiver nas minhas posses.
Lógico que o pai o abandonou. Há aqui uma hierarquia familiar paterna bem visivel na qual esse sonhor a quem chamei de pai em tempos que nem lembram ao menino Jesus, tende a mudar de filhos como muda de camisa, entendeu quirida? êlhi não é do Braziu, neim fála com prónuncia n tá? Não vivi nuh pão dji açúcá nem passeia sua bunda nuh cauçadão...logo n podia ter pai. O pai gosta de putas, logo tem uma como mulher e assim o lado dele tem o quadro familiar perfeito, que é o que mais se fala por aí e que realmente n me diz nada. Ver aquela gente ou ver poia na rua é igual e com o mesmo cheiro. Aquela gente para mim é como as baratas: n tenho medo, tenho nojo.
Meu Deus! Lameto que tenhas que ter vivido nesse seio familiar mas acredita que nunca serás a única. Canalhas não faltam e eu na altura lembro-me de me teres dito que o teu pai te andou a roubar com um rendimento social em teu nome e acho isso realmente nojento. Os teus avós se fossem dignos nem o admitiam dentro de casa. O filho roubar a neta e ainda dizem que não é ladrão. Sabes Tânia, as pessoas são como são educadas. Acredita, mais vale passar ao lado. Quanto ao teu irmão, realmente merece a tua atenção e é normal que te dediques a ele. Esse teu pai só merece cadeia, que vergonha de gente. Eu nem saía á rua no lugar deles todos.
OOOOHH MANA! AMO-TE!!! AMO-TE MUITO. OBRIGADO POR ISTO. FOI MUITO TOCANTE. TAMBÉM TE AMO INCONDICINALMENTE MINHA CHATINHA LINDA.
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