Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Amor desigual

Não importa o que seremos amanhã. Importa o aqui e agora.
Não importa se vais ficar, se será talvez um breve adeus ou um adeus para sempre. Importa sim que me digas com todas as letras o que sentes aqui, hoje, enquanto eu deito o meu corpo exausto sob a cama quente, sob o teu olhar observador.
Olhas-me com esse olhar de observador imparcial, tiras-me o fôlego com esse teu sorriso, com o toque macio dessa tua pele genuína, essa pele de ceda que mergulha levemente por entre a minha sem receio de se afundar.
Dizes que me amas sem medo, dizes que me queres aqui e agora. Não importa mais o amanhã. Esquecerei para sempre a sua existência. Os teus lábios pronunciam palavras aleatórias enquanto se aproximam lentamente dos meus, para se fundirem nos meus, para depois voltarem á superfície.
Amas-me desse teu jeito, dessa forma que dizes ser a tua forma única de amar uma mulher. Essa forma sufocadora e pronta, sem receios de dizer e sentir as emoções.
Nunca recusaste o meu amor.
Para ti, o amor não é de uma noite, aquele prazer que se prolonga por umas horas para depois desaparecer. Para ti o amor é muito mais e eu receio, eu temo que algum dia possa não corresponder-te da forma como mereces. Temo que algum dia a fonte de água onde bebes possa secar sem conseguir recuperar a água que alimenta o teu coração.
Dizes que me queres sem saberes se te quererei algum dia dessa forma tão louca que me mata. Arrisco deitar-me do teu lado, deixar-me ficar nesse lugar que arranjaste para que eu pudesse ficar. Não ouso responder-te esta noite. O amor é louco, amor, se soubesses...
O amor é uma loucura desigual onde se ganha e se perde. Por vezes é assim o único caminho que o amor pode tomar.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Veneno da alma

Os teus lábios são veneno.
Um veneno que mata e me fere de cada vez que nos encontramos. Deles saem palavras mudas, coisas que não ouso dizer-te, segredos que guardo com medo de me ferir, talvez porque esse veneno me imobiliza de cada vez que tento dizer-te que hoje, talvez, eu não queira que me beijes dessa forma suja, cheia de pudor e razão.
Recuo. Tento mandar-te embora, fazer esse veneno recuar das minhas veias, mas ele é mais forte, ele mata mais e mais. É de uma dor incrível. Dizes Os teus lábios são fonte de respostas que alimentam a minha cede de viver. E eu fico parada. Talvez tenha medo de provar-te o quão dói de cada vez que me beijas, o valor desse veneno que me mata de cada vez que fecho os meus olhos, incapaz de afastar esse ser soberano e mítico que me toca sempre que o tento punir.
Queria dizer-te que não vales nada, que a tua boca não presta, mas permaneço á mercê desse mesmo sentimento que tanto me magoa. Deixar esses teus lábios tocarem-me é, talvez, um erro, mas um erro que não consigo remediar com pavor de perder a razão ao mandar-te embora, com medo de morrer.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Quero que saibas

Quero apenas que saibas que sinto a tua falta. Que hoje precisei de ti por perto, que sinto saudade de te ver sorrir. Quero que saibas que gosto mesmo muito de ti, embora ainda não tenha tido tempo para saber o que é isso de gostar assim tanto de ti.
Quero que saibas que te adoro, que és importante na minha vida. Mas mais do que isso, que te amo, esse sentimento insubstituivel que nos consome totalmente e nos torna fracos, escravos de nós mesmos. É repetitivo não é?
Amar é repetirmos-nos a nós mesmos.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

É o amor

Sou louca meu amor! Sim, eu sou.
É uma loucura sem sentido. Corro atrás do que apenas sinto, mas que não vejo.
Olho-te. Hoje sorriste-me. Sorriste-me para dentro, sem mover os teu doces lábios. Sem dizeres uma única palavra. Eu vi-te sorrir dentro de mim. Como se sorrir apenas passasse pelo que se vê e não pelo que se sente.
Não consegues desviar o teu olhar do meu. Não o faças. Olha-me por dentro. Quero que saibas, és o grande amor da minha vida. Em tempo de tempestades, quando o frio se abate sob a janela aberta do nosso quarto, tu sabes, eu estarei lá para ti.
Eu segurei a tua mão durante todo este tempo. Essa mão fria e trémula. Eu vi as lágrimas nos teus olhos, diz-me qual a razão de teres chorado.
Eu senti o medo tomar conta dessa alma nobre e delicada. Vi o brilho nos teus olhos, o perfume doce dos teus cabelos. Perfume que me alimenta, que mata a minha sede de viver. Porque tu és a vida, a fonte de alimento do meu ser desprotegido. Daquele ser frágil que insistes em marcar com esse doce olhar. Esse olha que mata, que fere só de pensar.
És tu e não outro. Tu porque te amo, tu porque te quero.
És tu porque não poderia ser outro. E depois de ti, tu bem sabes, poderia sempre ser outro qualquer, desde que fosses sempre tu depois. E não há amor assim, capaz de fazer o mundo parar, fazer a respiração prender-se no fundo dos meus pulmões.
Isto meu querido, é o amor.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Coração vagabundo

É complicado. Todos os dias penso assim.
Viver é complicado. Este foi o meu último pensamento depois de escrever-te as últimas palavras.
Complicamos sempre tudo. Sempre demais. E depois, nem meia palavra resta para definir o que se sente. Este coração partido, sempre partido a cada dia. Coração solitário, vagabundo.
Coração que vagueou até ao mais amplo espaço do teu ser, em busca da verdade dos sentimentos.
Depois achei-te e fiquei presa. Sim, o teu coração é uma prisão onde descansa a minha alma presa. O teu coração tem grades, grossas e firmes grades para que eu não possa fugir-te. Pedes-me que fique mais um minuto mas eu não posso. Viver é complicado acredita. E eu não posso prender-me eternamente na tua alma, nessas grades do teu coração divino.
Não poderei ficar embora assim o deseje. Porque o meu coração vagueia, ele busca sempre sem se cansar. Busca-te mais um vez, por outros lados, explorando-te de mil e uma formas.
Porque a alma é eterna. Irei procurar-te sempre, coração com coração, alma com alma. Porque fomos feitos assim, para amar desta estranha forma. Sentir de formas diferentes, mas sempre com o mesmo coração, aquele que ama sem acabar.

domingo, 17 de outubro de 2010

Eras tu

Afinal eras tu aquele ser que morava sob o seu corpo morto e adormecido que tanto me fez despertar.
Dentro dele, era o teu corpo que se movia lado a lado com o meu, que dançava a mesma dança, a mesma valsa lenta do coração humano. Eras tu e não ele. E de todas as vezes que me deitava a seu lado eu via os teus olhos verdes. De todas as vezes que o meu corpo adormecia exausto junto do dele eu sentia o teu silêncio. Eras tu que me tocavas em silêncio, num silêncio só teu, um silêncio que não se podia pronunciar.
De todas as vezes que fazíamos amor eras tu e não ele. Eram os teus lábios que vinham ao meu encontro matar a minha sede, era o teu calor que me abrigava da forte tempestade que se aproximava. Ele e tu. Ele o estranho ser sem vida ao meu olhar, um ser mesquinho e sem graça por quem tinha julgado apaixonar-me. Tu o ser real que vivia dentro dele, o ser que me encontrava sempre que os nossos corpos se uniam na mais perfeita das uniões.
Eras tu sem eu o saber, aquele ser com quem tantas vezes sonhei. O ser que me amava em segredo. O ser que se dizia senhor do meu coração sem o saber.
Eras tu o homem da minha vida no corpo dele, aquele homem que eu queria longe de mim, que me fazia sofrer, que me roubava mais uns minutos de vida com gestos mesquinhos e frios. Aquele ser corrupto e sem dó, sem sentimento. E tu no corpo dele transformando tudo isso. E tu dentro dele fitando os meus olhos sem vida e sem esperança de te voltar a encontrar. Eras tu sem o saber, tu quase sem seres tu. Mas ainda assim tu, o homem por quem sempre esperei.

sábado, 16 de outubro de 2010

Estranhas sensações

A sua pele estava molhada iluminada pela luz da lua cheia.
Os reflexos da noite iluminavam-na tonando os seus tecidos cristalinos.
Vi os seus olhos fechados mas sabia que ele não dormia. Deitei-me do seu lado esperando que ele sentisse a minha chegada.
Observei a sua silhueta perfeita misturada com a luz da lua que agora nos cobria a ambos naquela noite fria e húmida.
As folhas das árvores cobriam todo o chão á nossa volta. Para trás, o que ficou, pouco importava. Éramos um agora. A união perfeita.
Fechei os meus olhos com medo de ver tudo aquilo que sentia. Fechei-os com forças. O amor dói por vezes. Fere-nos sem querer e quando despertamos já não somos mais nada.
A sua voz ecoa na minha cabeça. Os seus olhos estão nos meus olhos, presos nos meus olhos. Amarrados aos meus olhos. Consigo sentir os seus olhos brilhantes e luminosos mesmo com os meus fechados.
O seu corpo é o manto que me cobre. Os seus carinhos são a fonte de amor alegria a paz.
Tento afastar-me para respirar, mas não consigo. Aquele homem, aquele ser perfeito a quem me rendi é agora droga que alimenta a minha fonte de viver. O único prazer de que desfruto sem me cansar.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Eras tu afinal

De todas as vezes que me dei
Foram tantas as vezes
Tantas que já nem sei
E eras tu no corpo dele
Eras tu quem eu amei
Seu corpo sem valor
Tua alma carregava
Enquanto eu cegamente
Em teus braços mergulhava
De tantas vezes que me dei
Foram tantas que nem sei
Mas amá-lo não amei
Pois só agora reparei
Que no ser que eu vislumbrava
Eras tu...a alma que eu amava.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

No seio de uma noite gélida

Reparei que já dormia. Era tarde. Toquei levemente na sua face rosada. Depois saí do compartimento onde nos encontrávamos. Desci as íngremes escadas e mergulhei no breu.
Vislumbrei uma janela ao fundo da sala, olhei para o exterior e vi a noite sob o meu olhar fatigado.
Do lado de fora o mundo dormia solitário. No interior nada mais se passava além do bater de dois corações vadios e sem rumo. Perguntei-me se algum dia te acharia.
Fiquei sentada nas escadas, esperei a noite passar. Sentia as pálpebras pesadas. Havia duas noites que não dormia. O peso da alma era mais forte agora. Quanto mais tempo aguentaria?
As horas naquele lugar passavam lentamente, sempre com o mesmo pesar. Os dias eram curtos e chuvosos.
O frio envolvia-me nos seus braços a cada segundo. As gotas de água que caiam beijava-me levemente a face pálida. Um arrepio sóbrio empurrava-me contra o abismo. Uma gargalhada estridente fez-me recuar dois passos. Ele vinha a caminho, ao meu encontro, para me ferir uma vez mais. Podia sentir o seu cheiro fétido, os seus passos apressados no escuro da noite, a anunciar a doce vinda da neve branca e cristalina.
No escuro era impossível ver-te o rosto. Era impossível sentir o bater mísero do teu coração desumano.
Deixei-me ficar. Tu não vinhas. Talvez fosse apenas ilusão. Talvez.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Até ao último instante

Foges-me...e nada poderei fazer para fazer-te voltar. Sinto os teus débeis ossos tocarem docemente na minha mão, a tua fraca respiração no meu regaço, ofegante, cansada pelas horas de luta, horas essas que correm contra ti. Corro para te apanhar. Grito dentro de mim para te trazer de volta para mim, para te poder ver cantar, para te poder ver buscar-me quando chego a casa.
Procuro por um pedaço de ti. Chamo-te, mas não me ouves. Respiras mais uma golfada de ar. Pergunto-me quantas mais golfadas suportará esse fraco coração, que bate agora contra o tempo. Tu e o tempo numa luta desigual e tu a saberes que irás ser vencido por ele...e eu a gritar por dentro, porque não consigo recuperar-te.
Tenho os olhos manchados de lágrimas. Uma profunda dor vinda do mais profundo da minha alma. Serão os meus últimos momentos contigo, eu sinto-o e é isso que mais me dói. Não poder fazer nada. Apenas recordar quando te levei para casa, o teu doce calor que afagava o meu rosto, que limpava as minhas lágrimas, que me dava sempre alegria nos momentos de maior angústia. Estiveste sempre comigo e agora...Como suportarei deixar-te partir? O que restará depois da partida diz-me...
Diz-me com quantas peças se contrói um coração feito em pedaços, com quantos tubos de cola se colam os cacos que jazem pelo chão da sala.
Aquela sensação de impotência, a mesma notícia todos os dias...depois...aquela dor forte vinda do coração. A saudade que já se faz chegar, a saudade da tua falta ainda contigo do meu lado, sem saber até quando estarás comigo, sabendo que não poderemos mais correr juntos nesta estrada da vida.
Sinto-me morrer por dentro por saber que tens de partir. Custa saber da verdade, aquela que dói sempre.
Sinto o meu corpo cansado, mas tu sabes...eu nunca deixarei de lutar por ti até ao último suspiro. E quando ele chegar, eu estarei do teu lado para te deixar voar.

Por ti não mais esperarei

Há momentos em que te arrependes e desejas voltar
Há alturas em que decido virar-te as costas, depois de tantas vezes te esperar
Por mais que me desejes
Eu não irei lá estar
Esperei por ti tantos dias
Quantas noites eu cheirei
Por mais que digas que me amas
Eu sei que tu apenas me enganas
Por isso digo-te, não te esperarei
Deixei para trás o meu passado
O presente eu abracei
Feliz me sinto agora
Deixei-te e fui embora
Tu sabes, não te quererei!
Por isso vai, vai embora
Não penses em mais voltar
Tu sabes que é pura ilusão
Abrir-te o meu coração
Não quero voltar-te a encontrar
Foram muitas as lágrimas que por ti derramei
E houve dias em que desesperei
Perder-te, nunca te perdi
Se disse que algum dia te amei, pois menti
Fingiste e também fingi
Já sabes que para ti não estarei
Agora para mim és passado
Para ti meu coração está fechado
Entre nós está tudo acabado
Por ti não mais esperarei.

                    (Poema dedicado a um amor passado, mais que ultrapassado)

domingo, 10 de outubro de 2010

Amor possesso

Ceguei, amor, se soubesses, de cada vez que tento esticar ambos os braços não te sinto. Lanço ambas as mãos para o vazio em busca do teu corpo, ou mesmo uma parte de ti, mas não te encontro. O amor tirou-me toda a visão.
Tento chegar mais perto de ti, cruzar os nossos corpos, cruzar os nossos dedos, mas não te vejo. Sinto que nem hoje nem amanhã te verei. Hoje ceguei de amores por ti e nunca saberei dizer-te porque ceguei, porque motivo o meu campo de visão não é recuperado, porque motivo temo que te afastes sem poder ver-te ir.
Amar é temer a nós mesmos. É ser o pior dos cobardes, o pior dos idiotas, mas ser cobarde por amor é algo que não me envergonha. Depois de todo este tempo, depois de todo o calor que recebei dos teus braços, depois da chama, de toda a tempestade, sinto que te amo mais a cada momento e que a cada momento que passa vou ficando mais e mais idiota...que nada faço para deter os meus sentimentos de avançar.
Percebo que o amor nos cega, nos tira as forças, faz de nós uns fracos e agradeço-te profundamente por isso, por me tirares as forças, por fazeres de mim uma fraca, alguém sem rumo e sem assunto, alguém com quem provavelmente ninguém queria ter uma conversa, sentar-se, ter por perto, do seu lado como me tens do teu, eu, este pobre animal indefeso, agora possuído pela sobra do amor soberano.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Palavras mudas

Um dia poderei compreender porque ver-te sorrir me enche os olhos de lágrimas. São lágrimas de emoção. Talvez um dia possas dizer-me porque me consegues fazer amar-te tanto, quando por fim os nossos corpos se separarem das amarras da alma. Talvez nesse dia não vejas as lágrimas que caem pelo meu rosto, a emoção sentida dentro do peito, contida pelo receio de te demonstrar demasiado, de te ver sair depois de todo o meu exagero, de não te ver regressar.
Talvez um dia me digas porque é que o amor nos torna tão fisicamente fracos.
Quando os nossos corpos se juntam, eu tento sempre fundir-me em ti, separar o físico do espiritual, juntar aquelas pequenas peças que fazem de nós o que somos, separar de nós tudo o que está a mais, sem usar palavras, sem usar gestos, apenas com emoções.
Quero que me olhes e te questiones porque te abraço assim tão fortemente sem usar os meus braços, que me digas que me amas sem usares as palavras, que te dispas sem tirares as tuas roupas, esse pequeno assessório que usas para cobrir o teu corpo, esse tronco despido sempre perante os meus olhos, esse corpo que tento cada vez mais separar do meu para juntar ao teu outro corpo.
Quero que me abraces, que me olhes nos olhos mesmo que estes estejam fechados, que me digas que sentes a minha falta, que sempre a sentiste, que as minhas palavras são alimento á tua sede de viver.
Quero-te, mas não sei como dizer-te por palavras. Quero-te mas tenho medo de te ferir ao dizer-te que querer-te é muito, é mais que todas as outras coisas, que todas as outras coisas perante o te querer não são nada. Mero vazio da alma, mero espaço em branco.
Quero que saibas, és o grande amor da minha vida...sabias?
Talvez nunca o tenhas sabido realmente.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Estranha jovem

Ela era uma jovem bonita que tinha acabado de chegar á cidade onde tudo era novo. Tinha-se matriculado na universidade. Todos os dias era a mesma rotina. Tinha de se levantar cedo e apanhar o primeiro comboio da manhã para vir para o Algarve onde as temperaturas eram mais quentes. Por serem mais quentes é que ninguém entendia porque motivo ela andava sempre tão abrigada. Com o seu casaco de Inverno e um enorme cachecol ela aparecia nas cidades algarvias deixando cépticas as pessoas que a miravam. Estranha rapariga, era como lhe chamavam. Mas ela não se importava. Só ela sabia o que penava, quando era chegada a hora de sair do Algarve e travessar de comboio as extensas linhas férreas para o gelo da sua estranha cidade. Quando abandonava o Algarve por volta das oito horas, a jovem moça entrava no comboio e abrigava-se com todo o cuidado calçando as suas luvas de veludo, o que provocava a curiosidade dos outros passageiros. Nunca se sentava com outras pessoas, em vez disso, preferia ir sozinha a um canto, onde não pudesse ser vista nem marcada pelos olhares alheios. Um mistério de menina. Uma autêntica boneca que mergulhava em mil e um pensamentos á medida que o comboio avançava em direcção á sua casa.
Foram várias as vezes que os colegas a confrontavam com a insistente pergunta de onde ela morava, mas na sua boca existia apenas o silêncio para responder aos seus novos amigos. Pois a sua casa era inlocalizável, fora do mapa, onde nunca ninguém lá chegava. Era um local onde as temperaturas eram de outro mundo.
Um local onde ela sempre vivera até então, onde não havia sol, apenas chuva, onde pouca gente morava, onde pouca gente se conhecia, um autêntico deserto, uma cidade abandonada, no meio do nada. Este era o seu conforto, longe do mundo, de tudo e de todos, o local onde ela se escondia para poder por momentos ser ela mesma, aquela menina de olhar baixo, sorriso frágil e luminoso, mas que poucas vezes se mostrava. A menina que iria sempre ser menina.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Doce derrota

É engraçado como me fazes sentir de cada vez que nos vimos.
Depois de tanto tempo, de cada vez que entras por esta mesma sala, o impacto que sofre o meu coração é sempre o mesmo.
Gosto da forma como me olhas, sem medo de me olhar, com esse olhar firme e directo, cheio de razão e cumplicidade.
Gosto de ver o teu sorriso seguido do teu olhar. Esse teu geito tão único que me demonstras.
Por mais que dê voltas na minha cabeça para tentar decifrar, nunca conseguirei ao certo entender o que mais goste em ti. Se é que realmente gosto de alguma coisa, pois amo tudo, amando-te a ti.
Tomo na minha mãos os teus defeitos como sendo meus. Tomo-te a ti nos meus braços.
Ter-te comigo é não só um privilégio mas uma honra.
A paixão pode ser mesmo devastadora, destrutível, de forma a nos fazer perder toda a razão não achas? E quando pensamos que ganhamos tudo, está tudo perdido. Mas é uma derrota doce, que sabe bem, que nos completa a cada segundo. É uma derrota vitoriosa, cheia de intensos momentos em que se consegue sair derrotado com um enorme sorriso. Derrotaste-me completamente com os teus olhos, com a magia na tua voz, nas ondas dos teus cabelos, no teu perfume e em todas as outras coisas que são tuas, unicamente tuas.

Verdade escondida

Foi assim que ele desapareceu, depois de acidentalmente ter descoberto quem ele era, quem se escondia no seu interior. Desapareceu sem avisar. Desajudava quando muito acreditei que me pudesse ajudar, quando pensei que poderia estar a salvo de toda uma tempestade, mas ela chegava devagar...contra as suas certezas, as suas palavras, contra a verdade que se dizia sair da sua boca. Eu corri atrás, deixei-me cegar pela luz da sua veracidade, de toda uma mentira disfarçada de verdade.
Correr atrás de algo incerto é sempre um risco.
Mergulhei pelas entranhas das suas palavras, deixando-me ficar lá, quieta, adormecida por entre um ser mesquinho e uma luz que teimava em não querer ver. Uma confusão para a minha mente desarrumada.
Sem saber em que acreditar percorri os mesmos caminhos que ele teimava em me mostrar, acabando por me alimentar de nada, acabando enganada.

sábado, 2 de outubro de 2010

Sweet Fantasy

your eyes are the prize
you need to realize they hold no lies
i try to fantasize what you hold inside

As i come around we look up and around
See that no one is to be found
So i slide back arund and lower you down to the ground

My fingers are screening through your hair
Gentle whispers are streaming through the air
I hold your lips dreaming without a care

Seeking the meaning of what love is
Weakening and weakening after each kiss
Flirting and kissing to get to those lips

You come to me as i let you in the ease
Baby go crazy, live out your fantasy
We're constantly starting away from reality

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Desejo carnal

A luz da lua batia suavemente nos seus cabelos ondulados.
Do outro lado da sala eu olhava-o com atenção. Parecia cansado, o dia tinha sido estafante.
Decidi aproximar-me. A sala estava fria, mesmo com a quente chama da lareira. Os meus passos produziam sons mudos pelo chão descalços.
Ele olhou-me atentamente. Os seus olhos pareciam duas pérolas. Sentei-me do seu lado sem conseguir desviar o olhar e foi então que me perdi. Porque todo o tolo se perde por entre a emoção de um amor eterno. Todo o homem que ama é tolo. Todo o ser que ama é tolo.
Ele sorriu-me. Estava demasiado cansado para usar as palavras. Demos as mãos, primeiro a observar a quente chama da lareira que desenhava estranhas figuras no ar, depois, a observar os lábios que se moviam na mesma direcção, prontos a unirem-se num beijo, a celar aqueles momento de silêncio como um segredo apenas nosso. Os lábios que se unem e que se afastam para depois se unirem de novo num beijo ainda mais quente. Os lábios que completam os desejos da alma, para a fazer ficar.

Não sei quanto tempo foi desde que os lábios se uniram para depois se afastar. Apenas sei que foi algum tempo, até me dar conta de que o desejava imenso para me conseguir afastar. Depois o silêncio foi quebrado, os olhos abriram-se de novo. O medo de afastar os meus lábios, de desunir duas coisas perfeitas, num acto perfeito de pura comunhão de sentimentos.
Os teus lábios são o céu, pensei eu. Os teus lábios são fonte de vida que me completa. E dito isto no meu interior perdi-me.
Os teus lábios são a maravilha da alma. E não sei qual a última palavra que pronunciei no meu interior antes de me sentir morrer.