Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



quarta-feira, 13 de outubro de 2010

No seio de uma noite gélida

Reparei que já dormia. Era tarde. Toquei levemente na sua face rosada. Depois saí do compartimento onde nos encontrávamos. Desci as íngremes escadas e mergulhei no breu.
Vislumbrei uma janela ao fundo da sala, olhei para o exterior e vi a noite sob o meu olhar fatigado.
Do lado de fora o mundo dormia solitário. No interior nada mais se passava além do bater de dois corações vadios e sem rumo. Perguntei-me se algum dia te acharia.
Fiquei sentada nas escadas, esperei a noite passar. Sentia as pálpebras pesadas. Havia duas noites que não dormia. O peso da alma era mais forte agora. Quanto mais tempo aguentaria?
As horas naquele lugar passavam lentamente, sempre com o mesmo pesar. Os dias eram curtos e chuvosos.
O frio envolvia-me nos seus braços a cada segundo. As gotas de água que caiam beijava-me levemente a face pálida. Um arrepio sóbrio empurrava-me contra o abismo. Uma gargalhada estridente fez-me recuar dois passos. Ele vinha a caminho, ao meu encontro, para me ferir uma vez mais. Podia sentir o seu cheiro fétido, os seus passos apressados no escuro da noite, a anunciar a doce vinda da neve branca e cristalina.
No escuro era impossível ver-te o rosto. Era impossível sentir o bater mísero do teu coração desumano.
Deixei-me ficar. Tu não vinhas. Talvez fosse apenas ilusão. Talvez.

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