Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



terça-feira, 30 de agosto de 2011

Internada

É loucura pensar nisto. Eu sei que é loucura.
Estou totalmente insana, sem qualquer capacidade de provar a minha inocência, aqui, amarrada numa sala de manicómio.
Os médicos dizem não me encontrar a cura e decidiram transferir-me para uma sala com grades, onde eu possa ver a vida lá fora.
Tudo o que eu vejo é campo e uma pequena cidade. A luz do luar brilha mesmo por cima da minha cabeça e trás boas recordações de velhos tempos. Já me esqueci de como é sorrir ou como é andar livremente descalça pela relva macia. Já esqueci o gosto a chocolate no leite pela manhã e de como me sorrias de cada vez que eu me besuntava com o doce de morango.
Lembrei-me de ti e eis que a minha loucura voltou á minha cabeça.
Fugiste-me!
Decidiste ir embora muito cedo pela manhã. A roupa ainda estava por passar nesse dia, a cama desfeita...e foste.
Não voltaste. Deste o teu melhor, disseste-me tu um dia.
Não pude acreditar quando recebi a tua carta de despedida.
Internem-me, supliquei.
Estou a ficar louca!!!
E eles fizeram-me esse favor, eles, os homens vestidos de branco que me trouxeram para este ninho de gente insana como eu. Sabes, nem toda a gente que aqui está é insana.
Muita gente insana vagueia pelas ruas e dá-se com gente normal enquanto outros ficam aprisionados sem conseguirem provar que são especiais.
Tu nunca me conseguiste provar que eras especial. Fizeste-me acreditar que o serias. Mas naquela manhã de Inverno...a neve lá fora e tu...NÃO!!! Não quero pensar naquela sombra que lentamente esvaziava a sala para dar lugar a um fantasma, àquele ser que despia a minha vida só por virar as costas. Estou farta de pensar nisso, de tentar achar uma forma de entender...
Estarei doida não achas? Talvez.
Esperar deixa-nos loucos.
E não entender as coisas...também.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Recado em papel cor de rosa

Fui sair.
Não tenho horas para voltar.
Não sei se volto ou se fico, ainda não me decidi.
O que me mantém presa aqui é o amor...
Por favor, se eu voltar, abraça-me com força, diz-me que estás aqui, diz-me que não passou tanto tempo desde que partiste, que o vento não te levou.
Faz-me sentir segura nos teus braços mesmo que não digas nada.
E que nada possa passar além de nós que não o amor que os nossos corações sentem.
Se leres este recado não me telefones. Apenas diz que me amas mesmo que eu não possa escutar-te agora. Diz que me amas e eu irei sentir o teu doce beijo abraçar-me o rosto deste lado.

sábado, 20 de agosto de 2011

Em frente

Quiseste ir embora. Fizeste as malas e nem olhaste para trás.
Não pude fazer nada, era a tua escolha. Decidiste ser tu a partir, tiveste talvez mais coragem e sabedoria para deixar tudo e correr atrás da tua felicidade. Eu não.
Fiquei anos presa na mesma coisa. Trabalhava todos os dias para pagar as despesas. Não queria sair, aborrecia-me completamente. Dizias antes que não gostavas que eu passasse todo o tempo trancada em casa. Como eu te entendia.
Na verdade, nunca soube o que me fazia ficar.
Fazia muitos anos que não me olhava no espelho, que não via as minhas formas, as mesmas formas que tu antes tocavas com os teus dedos firmes.
Tentei olhar-me. A início parecia desfocada, estranha, mas rapidamente percebi que a mulher que via no espelho era de facto eu.
Pensei que havia desaparecido aquela beleza. Que havias levado tudo contigo, que me havias roubado toda a herança genética, além do meu coração e alma.
Mas não.
Havia em mim uma nova força. Subitamente lembrei-me que existia. Decidi sair para comprar roupa. Faziam já muitos anos desde a última vez que decidi comprar uma peça de roupa nova.
Fui a uma dessas boutiques caras e escolhi um vestido preto. Lembro-me de me dizeres que o preto não era de todo a cor que mais me favorecia, e foi por isso que comprei um vestido preto. Por saber que nada do que tu gostavas que eu vestisse ser de facto o que mais me realçava.
Comprei uns sapatos também. Faziam-me as pernas bonitas, um ar elegante. Saí da loja vestida.
Passava pelas montras e admirava o meu reflexo. Sabia bem voltar a sentir-me na minha pele, livrar-me mais e mais de ti a cada compra que fazia.
Quando cheguei a casa nessa noite tu já não estavas.
Os anos passaram e arranjei outro partido. Decidi arriscar.
Por vezes faço comparações entre o que ele é e o que tu eras para mim. Ás vezes perco-me no meio dessas mesmas comparações.
Ele soube olhar dentro de mim, soube ver-me tal como sou.
Por momentos senti que sempre me havia enganado contigo, que sempre soube de toda a verdade, que apenas estiveste comigo pelo meu dinheiro. Que fui mais um brinquedo novo nas tuas mãos, que facilmente foi trocado por uma outra novidade e que essa novidade muito rapidamente se converteria também num brinquedo velho.
Gostei de saber que foste, que tiveste essa coragem, que foste tu e não eu a deixar tudo, a correr atrás da felicidade. Para mim foi questão de tempo. Não tive de mudar nada. A felicidade encontrou-me sozinha, eu não tive de a procurar.
Casei-me.
Por isso decidi escrever-te. Queria que soubesses que vou ser mãe, que mudei de casa, que sou feliz com aquele que me olha por dentro.
Há dias vi-te na rua. Mudaste muito. Os anos e essa vida que levas deram conta de ti. Estás velho e cansado. Não eras de todo o homem que eu queria ter tido. Hoje bem o sei.
Olhaste para mim. Penso que não me reconheceste logo assim que nos vimos.
Gostei de ter sido uma estranha aos teus olhos. Vi que encontraste em mim um novo brinquedo, um brinquedo que não está mais ao alcance de nada do que já tenha sido.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Vazio

Sinto a tua  falta.
Poderia dizê-lo de mil e uma formas diferentes, mas apenas me ocorreu por palavras.
Estou velha, cansada. Carrego o peso de anos em cima e nada trago comigo se não as mãos cheias de saudade.
Cada passo que dou é agora mais pesado. Os anos passam e tudo se repete de maneiras diferentes. O sol nasce e esconde-se com medo de mostrar o seu calor e tudo o que resta do meu lado são as noites vazias cheias de abraços inexistentes.
Estás longe, muito longe para que te possa trazer para junto de mim.
Tento correr, salvar-te de tudo isto. Salvar-nos de tudo isto, mas sinto-me impotente.
As horas passam e tudo o que resta de ti é uma luta contra o tempo.
Ainda trago na lembrança aquele abraço.
Quando fecho os olhos não saem lágrimas, elas estão no coração.
Os meus olhos secaram, o meu peito não.
Fazes-me falta sabias?
Talvez não saibas. Tu nunca soubeste nada. Trazes contigo uma juventude plena de liberdade, uma magia no olhar agora apagado  pela dor que transportas. Não desistas. Por favor, diz-me que não será assim que tudo irá terminar.
Quando toco nas tuas mãos vejo-te sem precisar de abrir os olhos.
Quando te abraço sei sempre que és tu sem que precises de me dizer com palavras.
Ainda há aquela camisa branca na sala de estar, o teu perfume misturado com as minhas jóias na cómoda do quarto, mas nada teu, nada que possa garantir-me que amanhã irás abrir aquela porta repleta de sorrisos.
Sonhei tanto e vivi tão pouco. Sonhamos tanto e quase não vivemos nada.
Ambicionamos mais do que conseguimos cumprir. Choramos hoje pelo que nos arrependeremos amanhã e nada fica do que já foi.
Apenas tu estás em mim agora. E é o agora que importa.
Amanhã pode não haver, não haver espaço para dois corpos juntos, para duas almas distintas.
Não há espaço no armário para tanta coisa. A vida é sempre cheia de tudo. Tudo é sempre demais.
Antes dizias que preferias viver um dia de cada vez, mas acabaste vivendo todos os dias num apenas.
Tens tudo e tudo te escapa. É sempre assim.
Por isso fica. Não percas mais tempo. Senta-te na cadeira vermelha, fala comigo dos teus medos, conta-me histórias de adormecer, faz-me aquela festa no cabelo que tanto me acalmava quando sentia medo do escuro.
És um ladrão de sonhos sabias?
Tu és um sonho.
Mas por favor, não vás embora. Não te apagues da minha memória.
Não antes de me deixares dizer que te amo.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Coma

Quero abraçar-te agora, gritar ao mundo que és tudo para mim sem usar uma palavra, dizer que fazes parte de mim, que encaixamos perfeitamente um no outro, que somos parte um do outro, tudo isto sem usar uma palavra.
Gritei a mim mesma esses mesmos pensamentos enquanto atravessava o longo corredor que iria dar lugar á sala onde estavas.
Não ousei chorar naquele momento. O medo tomou conta de mim.
Olhei pelo vidro e tudo o que via era o breu que te envolvia. Uma enfermeira saiu da sala e disse que poderia entrar, que tu me esperavas e querias ver-me de certeza, mesmo que não mo pudesses dizer.
Entrei receosa de não te reconhecer, de ver outro homem diferente de ti, de sentir que todos estes anos foste algo que agora te tiraram.
Fui-me aproximando da cama sem conseguir olhar-te directamente.
Quando ganhei coragem de ver que era o outro que agora se dizia seres tu, deparei-me contigo.
Pensei em gritar pelo choque.
Dormias calmamente, sem dizerem uma palavra. Dormias o teu sono profundo sem que conseguisses acreditar.
Como profundo, disseram eles. Coma.
Repetia vezes sem conta essa mesma palavra de quatro letras sem nunca entender o seu significado.
Coma.
E tu ali deitado nesse coma, sem conseguires ao menos ver-me os olhos vermelhos ou as mãos trémulas.
Agarrei na tua mão fria. Apertei-a contra o meu peito, diz dela almofada para o meu rosto sofrido.
Coma.
Eles disseram-me que tu ouvias, por isso falei de ti, de tudo o que és para mim, sem nunca usar aquelas palavras fortes, com medo de se acabar tudo.
As horas passavam e tudo o que eu via eram os teus lindos olhos fechados.
Perguntava-te quando seria possível vê-los abertos, ver-te sorrir e poder dizer-te que somos do mesmo sangue, que somos parte um do outro, que irei lutar por ti até ao fim dos meus dias.
Coma.
E eu sem ter tido a oportunidade de te dizer mais cedo que tudo o que mais queria é que fosses feliz.
Coma.
E as lágrimas que me caíam do rosto com medo de te ires embora sem me dizer adeus.
E eu a gritar baixinho para não te ferir
"FICA"
E sem saber se já te tinhas decidido em ficar ou partir.
O diagnóstico reservado, a vida que deixaste para trás...e esse sorriso que hoje os teus lábios escondem com medo de fugir, de ser perder no horizonte onde não mais se encontre.
Coma.
Mas porquê?
Porquê a ti? Porque não comigo?
Repeti esta frase tantas vezes, fiz essa mesma pergunta tantas vezes até te encontrar agora deitado.
Amar-te talvez não chegue para te trazer de volta. Talvez não chegue para que entendas que tudo o que mais desejava era que ficasses. Talvez não chegue para te pedir de joelhos que não me deixes sozinha.
Amar-te é um estado de alma, agora vazio, com medo.
Amar-te é o acto de sentir que vives em mim.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Ainda existes aqui

Hoje vi-te...
Foi há muitos anos que partiste, mas vi-te passar por mim.
Era um dia como outro qualquer. Levantei-me cedo para ir trabalhar. Não bebi café porque dizem que beber café em jejum faz mal á saúde. Corri para não perder a hora e apanhei o comboio das oito da manhã.
Havia pouca gente hoje...talvez as pessoas tenham arranjado o que fazer. Subitamente, numa das paragens vi-te entrar. Não sei o que me deu. Os meu olhos colaram-se aos teus, como se subitamente pudesse ser possível teres voltado. Tinhas o mesmo geito, a mesma roupa. Perdi o controle de mim mesma por saber que eras tu sem que soubesses que era eu. Ficamos assim no comboio, olhando um na direcção do outro sem saber o que fazer. Não sei exactamente no que pensei, pois acho que nem conseguia pensar. Parecias não me reconhecer. Deus havia sido generoso em ter-te trazido de volta, se os meus olhos te viam ali, diante de mim naquela manhã de Inverno.
Sentaste-te em frente a mim, como se não houvessem mais bancos e não trocamos uma única palavra. Trazias uma revista que não lias, apenas folheavas enquanto me olhavas por instantes. E quando o meu olhar ia de encontro ao teu fugias na tentativa de demonstrar atenção nas imagens. Tentei manter-me ocupada com o jornal que levava nas mãos. Subitamente tinha-me esquecido que havia comprado um jornal antes de entrar no comboio. Li algumas linhas, desgraças do mundo que não eram nada ali, naquele reencontro absurdo que o tempo me ofereceu por instantes. Desejei que a viagem não tivesse fim, que o comboio não parasse nunca mais para não te deixar fugir, mas ele parou e eu sabia que o trabalho me esperava.
Tentando parecer natural saí do comboio sem olhar para trás.
Fiquei em pânico interior quando te vi sair atrás de mim.
Ficamos por momentos na rua parados um em frente ao outro sem saber o que fazer...
o tempo a andar, mas parado para mim, e os meus olhos memorizando aquele momento para o eternizar junto á tua imagem, aquela que retive antes de te ver morrer.
De súbito passou um carro que nos separou e lançou o meu jornal para o chão. Tentei apanhá-lo antes de cair, mas em vão.
Quando me endireitei tentei procurar-te sem sucesso. Havias desaparecido por entre os carros na estrada. Não havia sinal de ti pelas ruas, e nem sequer fiquei com o teu número de telefone, como se fosse preciso.
Eu saberia sempre onde te encontrar...sempre.
A loucura tomou conta de mim. Não fui trabalhar. Parei num café e pedi um copo de água que absorvi com um ansiolítico. Sentei-me mostrando ao mundo que te havia encontrado sem que ninguém pudesse saber.
Por onde andarias tu?

Fui despedida.
Não havia outra forma possível. Nem me importei. Precisava encontrar-te, ver-te de novo.
Os dias passavam e a mesma ânsia, a mesma hora, o mesmo comboio e aquela esperança de ver-te de novo entrar por aquela porta, naquela precisa paragem. Nunca mais aconteceu.

Encontrei um novo emprego. Não tão bom como o outro, mas sempre dá para pagar as dívidas e as facturas que vão chegando a tempo certo. O emprego ficava na mesma cidade que o outro.
Mais um dia difícil para não tentar perder a hora.
Apanhei o comboio das oito da manhã depois de comprar o jornal e entrei. O comboio estava cheio e subitamente avisto-te por entre uma multidão. Tu viraste-te e olhaste para mim como se já soubesses em antemão que eu viria.
Ficamos assim. Não consegui meter conversa contigo.
Pode ser que um dia nos voltemos a encontrar e me reconheças de outros tempos.
Pode até ser que não e que tudo comece de novo.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O que significa ir em aventura segundo Tânia Dias

Ponto número um...querem saber se eu sou adepta a aventuras totalmente loucas?
Sim, lógico que sou...por isso decidi fazer este post.
Por norma gosto de fazer coisas não muito habituais ás pessoas da minha idade, e como sempre, nunca o faço sozinha...nem tenciono fazê-lo nunca.
Ir em aventura para mim significa fazer algo diferente, passar uma experiência nova, experimentar, nem temer, arriscar. Foi isso que fiz.
Decidi passar uma noite fora com a minha melhor amiga/irmã e foi divinal. O objectivo era simples: Meter conversa em dia, ver a noite, o amanhecer e nem pregar olho...num alto de um cerro.
E querem saber? Amei, recomendo.
O que mais gostei? Termos acertado o caminho logo á primeira, termos chegado ao topo com uma subida super íngreme (nem sonham como foi a descida então...) e a conversa numa noite mista entre o céu estrelado, alguma chuva e algum nevoeiro. E sim, foi divinal porque se passam momentos diferentes em que a conversa toma diferentes rumos, se ouvem desabafos, asneiradas, risadas estridentes, lembranças boas ou menos boas (nem interessa) e se passa um momento único em pleno contacto com a natureza, sem dormir completamente e com duas mochilas cheias de iogurtes e sandes.
E agora aqui estou eu em frente do computador a contar o segundo dia de experiência que nem sei que rumo vai tomar e como irá terminar ( com certeza na minha cama a dormir )

E vocês? Que aventuras gostam de passar no verão?