Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Ainda existes aqui

Hoje vi-te...
Foi há muitos anos que partiste, mas vi-te passar por mim.
Era um dia como outro qualquer. Levantei-me cedo para ir trabalhar. Não bebi café porque dizem que beber café em jejum faz mal á saúde. Corri para não perder a hora e apanhei o comboio das oito da manhã.
Havia pouca gente hoje...talvez as pessoas tenham arranjado o que fazer. Subitamente, numa das paragens vi-te entrar. Não sei o que me deu. Os meu olhos colaram-se aos teus, como se subitamente pudesse ser possível teres voltado. Tinhas o mesmo geito, a mesma roupa. Perdi o controle de mim mesma por saber que eras tu sem que soubesses que era eu. Ficamos assim no comboio, olhando um na direcção do outro sem saber o que fazer. Não sei exactamente no que pensei, pois acho que nem conseguia pensar. Parecias não me reconhecer. Deus havia sido generoso em ter-te trazido de volta, se os meus olhos te viam ali, diante de mim naquela manhã de Inverno.
Sentaste-te em frente a mim, como se não houvessem mais bancos e não trocamos uma única palavra. Trazias uma revista que não lias, apenas folheavas enquanto me olhavas por instantes. E quando o meu olhar ia de encontro ao teu fugias na tentativa de demonstrar atenção nas imagens. Tentei manter-me ocupada com o jornal que levava nas mãos. Subitamente tinha-me esquecido que havia comprado um jornal antes de entrar no comboio. Li algumas linhas, desgraças do mundo que não eram nada ali, naquele reencontro absurdo que o tempo me ofereceu por instantes. Desejei que a viagem não tivesse fim, que o comboio não parasse nunca mais para não te deixar fugir, mas ele parou e eu sabia que o trabalho me esperava.
Tentando parecer natural saí do comboio sem olhar para trás.
Fiquei em pânico interior quando te vi sair atrás de mim.
Ficamos por momentos na rua parados um em frente ao outro sem saber o que fazer...
o tempo a andar, mas parado para mim, e os meus olhos memorizando aquele momento para o eternizar junto á tua imagem, aquela que retive antes de te ver morrer.
De súbito passou um carro que nos separou e lançou o meu jornal para o chão. Tentei apanhá-lo antes de cair, mas em vão.
Quando me endireitei tentei procurar-te sem sucesso. Havias desaparecido por entre os carros na estrada. Não havia sinal de ti pelas ruas, e nem sequer fiquei com o teu número de telefone, como se fosse preciso.
Eu saberia sempre onde te encontrar...sempre.
A loucura tomou conta de mim. Não fui trabalhar. Parei num café e pedi um copo de água que absorvi com um ansiolítico. Sentei-me mostrando ao mundo que te havia encontrado sem que ninguém pudesse saber.
Por onde andarias tu?

Fui despedida.
Não havia outra forma possível. Nem me importei. Precisava encontrar-te, ver-te de novo.
Os dias passavam e a mesma ânsia, a mesma hora, o mesmo comboio e aquela esperança de ver-te de novo entrar por aquela porta, naquela precisa paragem. Nunca mais aconteceu.

Encontrei um novo emprego. Não tão bom como o outro, mas sempre dá para pagar as dívidas e as facturas que vão chegando a tempo certo. O emprego ficava na mesma cidade que o outro.
Mais um dia difícil para não tentar perder a hora.
Apanhei o comboio das oito da manhã depois de comprar o jornal e entrei. O comboio estava cheio e subitamente avisto-te por entre uma multidão. Tu viraste-te e olhaste para mim como se já soubesses em antemão que eu viria.
Ficamos assim. Não consegui meter conversa contigo.
Pode ser que um dia nos voltemos a encontrar e me reconheças de outros tempos.
Pode até ser que não e que tudo comece de novo.

2 comentários:

Cátia disse...

Tânia que texto lindo...

Bem este tens que me passar. Adorei, parecia que estava a ler um livro, consegues acreditar nisto?

Beijinhos garota.

Jorge disse...

UAU...

saudades?