Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



domingo, 25 de novembro de 2012

Fantasma

Por vezes os meus olhos têm medo do que conseguem ver e nem sempre respirar é o melhor exercício para acalmar o receio.
O passado já era mais do que passado, mas certo dia vi a tua sombra.
Estavas algures distraído olhando a montra de uma loja quando te reencontrei. Olhar distante, dor pertinente mas encoberta pela sabedoria de quem a sabe esconder.
Não tinhas mudado nada.
Ainda era demasiado cedo para te conseguir esquecer e eu sabia que não te tinha esquecido.
Reencontrei-nos a ambos quando te vi.
Não te amo!
Percebi fez muito tempo que não soube amar-te a ti mais do que a mim. Percebi isso tarde. Porém, percebi a tempo. No entanto deixaste-me uma enorme marca. Tens de entender isso. Deixaste-me a revolta das palavras que soubeste ir calando. Deixaste-me a mágoa de mentiras que sempre quiseste encobrir da mesma forma que encobre o teu sofrimento. Deixas-te como herança o odor ocre do adeus antecipado de quem nunca entendeu ao certo onde foi o início.
Quando te olho não me reconheço, mas sei que um dia fizemos parte do mesmo mundo, respiramos o mesmo ar, trocamos a mesma saliva misturada com os mesmos beijos. Não me arrependo. Apenas penso na hipótese de nunca te ter conhecido, que seria preferencialmente muito melhor.
Tenho medo de olhar para ti. De voltar a sentir a mesma revolta, de sentir a mesma amargura e aquela pontada de raiva.
Eu nunca fui de ter raiva porque nunca amei da mesma forma como um dia te soube amar. Mesmo assim repito-me, nunca te amei mais do que a mim mesma.
Podes chamar-me parva, imbecil e agredir-me com as tuas palavras de tentativa de desprezo que nunca me atingiram, mas confesso-te: Já senti nojo de ti. De mim, de nós dois. Já tive nojo de saber que as tuas mãos me tocaram, que um dia ocupaste lugar dentro de mim, que saíste e nem soubeste fechar a porta devagar, dizer baixinho que tinhas de ir.
Tive muito medo do que quase me tornei por ti. Por momentos não me reconheci.
Escrevo para dizer que hoje tive medo, porque te senti de novo demasiado perto. Tive medo de perder a cabeça, dizer-te passado tanto tempo aquilo que há tantos anos eu penso e que ainda hoje eu guardo para te dizer.
Sei que não vale a pena. É demais dizer tudo de novo, repetir a mesma coisa vezes sem conta. Não iria servir de nada. Nós nem sempre calamos porque consentimos, mas sim porque não queremos discutir inutilidades que nada nos oferecem para a nossa vida.
Lá foste tu á tua vida, para bem longe onde eu sempre desejei que ficasses. Continuei em frente. Foste apenas mais uma imagem que passou na minha vida, mais uma sombra que ficou para trás. Um fantasma que teima em querer ficar, mas que só eu tenho o dom de poder expulsar.
Talvez um dia haja luz
Talvez o hoje já não pertença ao amanhã
Pode ser que um dia os teus lábios sejam como cicuta
Os teus beijos talvez sejam veneno
E outrora também já o foram
Talvez seja o fim de mais um início
Talvez o Inverno te gele e me faça respirar a brisa da tua dor gélida.
Talvez seja assim um início.

sábado, 24 de novembro de 2012

Unhas de Gel e modas estranhas!

Desde que me recordo que as unhas de gel estão na moda. Na época da morangomania (a febre dos morangos com açúcar) todas as atrizes, ou pelo menos grande parte delas, usava unhas de gel. Antes eram brancas com ponta quadrada, mas os gostos vão mudando, assim como as vontades e começamos a entrar numa onda ao estilo Lady Gaga em que as unhas ganharam um formato totalmente bizarro a roçar o horrível.  
As unhas agora além de quadradas são enormes, outras são bicudas, um bicudo gigante que é ótimo para matar baratas aos cantos das casas, repletas de flores coloridas com porpurinas que só apetece atirar em alguém que me apareça pela frente com tal aberração.
Algumas das pessoas que conheço trabalham no âmbito da manicura. Duas dessas pessoas contaram-me que a maior parte das mulheres e jovens que aparecem num salão desse estilo para fazer as unhas são mulheres vestidas á D&G com um mega carrão estacionado estilo MBW ou um VOLVO que impõe respeito até ao vampiro Edward Cullen. Já para não falar dos enormes penteados, alguns deles só faltam tocar no teto, com aquelas malas cujos preços rondam os 200 euros, porque comprar barato está out e o que está totalmente In é investir numa bela mala que custa os olhos da cara só para se dizer que tem, que dura mais e no entanto é mais feia que um abutre.
Muitas dessas mulheres, embora tenham um salário que lhes permita viver ao estilo Cristiano Ronaldo andam, na verdade, horrivelmente mal vestidas. Aquelas saias lisas, vestidos dentro do mesmo corte cuja alteração reside no estampado, camisas que custam o salário mínimo de um pobre mas que não me enchem de todo o olho...
Realmente a imagem conta mesmo muito na sociedade desde sempre. Desde a revolução industrial que se começou a viver de imagem e nos dias que correm estamos mais do que demolhados nesse império cujo preço por uma boa peça de roupa conta mais do que tudo e se não estiveres á altura és uma galdéria sem nível. Uma completa vergonha.
Não sei se já repararam, mas a maior parte das novelas portuguesas ilustra precisamente essa vertente:
Brutas casas com roupas de alta costura e grandes penteados, as personagens principais são todas famosas e aparecem todas nas capas de revistas (como no caso da novela Dancin' Days) e há ainda aquelas pessoas que têm de ter uma entoação na voz para mostrar que são finas e não comem sem mandar um arroto porque se não ainda ficam sem dentes. Já repararam que a televisão só foca gente da alta? onde andam os pobres? Porque não focam aqueles que têm menos? aqueles que não têm unhas de gel com flores e porpurinas e aqueles que não têm malas Prada? Porque é que não focam o mundo em que vivemos em vez de focarem os que têm a vida garantida não dão uma oportunidade aos que precisam de garantir as suas? Vivemos num mundo de desigualdades sociais muito grande e só dão valor aos que estão bem na vida. Será isto justo?

Imaginem-se numa situação em que não têm o que comer ou numa situação em que é preciso contar ao máximo o que têm para que consigam viver. Até que ponto suportariam essa situação? Vale a pena pensar nisso porque amanhã poderá ser connosco. Será assim tão irrelevante pensar em coisas assim?