Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



terça-feira, 29 de março de 2016

Carta de uma mãe de olhão

Atão filhe, qué qu'andas fazende?
Já fostes no bálhe?
Ontém fu com tê pai, majele na tava lá munte bem disposte, atão virê as costas e dei de frosques.
Aqui em Olhão tem tade munte mal tempe. Na semana passada fez tante vente qu'a galinha da Manela pôs o mêm ove três vezes.
Apanhê cá um suste quande vi aquile, que quá que ia cainde das escades abáche.
No funde, até ache qu'u tê pai tamém viu o mêm, majele na disse a porra!
Iste anda tude perdide filhe!
Trabalhe fêta maluca e na ganhe quase nada. Na sê aonde vames assim com este governe.
Ache que até a Floripes viu isse tude antes dagente todes, e por isse é que deu de frosques lá pelo alte mar! Majatão...iste sô ê pensande alte!
Atão e tu moce marafade? Qu'e qu'andas fazende?
óvi dizer que andas com uma moça aí da zona de Quarteira, majiss é mêm verdad?
Tu vê lá com quem te metes, se nã tê pai ainda fica marafade!
Boum, cá me despece, agora que fá um bocadinhe de calôr, vô aprovetar e comprar um pêxe pó tê pai ali no mercade, na vá ele dizer que só vive na rua pa óvir o diz que diss...ó que só quer é balhe e música fêrantã!
Porta-te com Juízzz!

Da tu mãe
Jacinta

Como manter uma conversa simpática com as testemunhas de Jeová

Caros leitores;
Se ainda não tiveram a oportunidade de se cruzar com as famosas testemunhas de Jeová, fiquem sabendo que elas andam aí.
Por isso, façam um bom rastreio à visão, comprem uns bons óculos, porque nem sempre essas simpáticas criaturas são detetáveis a olho nu.
Por norma, tenho um íman para atrair sempre aquilo que não pretendo, e as testemunhas de Jeová parecem conseguir detetar esse íman a metros de distância, pelo que me aparecem sempre com um sorriso de orelha a orelha com aquele papelinho amarelo ou azul com os ensinamentos da Bíblia.
Antigamente não se via muita publicidade religiosa com tanta frequência como hoje, pelo que já me acostumei e aprendi a ver de longe tais criaturas amorosas só pela indumentária que usam.
Estas "almas andantes da salvação do Reino de Deus" costumam andar de saia pelos joelhos, em tons de castanho ou preto, casacos pela cintura ou abaixo dela, pastas e malas de mão carregadas de revistas com os dizeres do Senhor e adoram colocar-se naqueles locais de maior circulação, para poderem abordar o maior número de pessoas possível. Antigamente faziam-no de forma discreta. Nos dias de hoje trazem um trólei repleto de livros e revistas, panfletos e todo o tipo de coisas para salvar-nos a todos das garras do Diabo.
Nunca fui uma pessoa que fosse criada no meio do fanatismo religioso, por isso respeito toda e qualquer crença religiosa. No entanto acho de uma extrema falta de respeito esta publicidade feita em torno da Bíblia e seus dizeres, além do apelo para frequentar os famosos salões, que têm ar de tudo, menos de cabeleireiro.
No outro dia, enquanto fazia voluntariado numa qualquer rua de Tavira, fui abordada por duas simpáticas senhoras, que amavelmente começaram a interromper o meu louvado trabalho, para me apelar a ir a um desses Salões e ler sobre a palavra do Senhor.
Não sei se estava inspirada, mas a verdade é que deu mais efeito do que eu esperava. Por isso, daqui para a frente, penso que irem adotar essa converseta para diálogos futuros.
Eis o que aconteceu:

TJ: Boa tarde menina, gosta de ler?
Eu: Boa tarde, gosto sim!
TJ: Então tenho uma oferta para si (panfleto das testemunhas de Jeová)
Eu: Obrigada, é para mim? Não é costume me darem nada! ( ironicamente falando)
TJ: Sabe quem criou o mundo?
Eu: Não sei minha senhora, nessa altura eu ainda não tinha nascido.
TJ: Foi Jeová querida! Não acredita em Jeová?
Eu: Pois ele nunca se apresentou a mim e eu não costumo dar confiança a pessoas desconhecidas.
TJ: Está a dizer-me que não acredita??? (Indignação extrema)
Eu: Lógico! Se Jeová não me apareceu diante dos olhos, quer que acredite no que não vejo?
TJ: Jeová é quem irá ressuscitar todos os mortos e pessoas queridas que perdemos. Acredita que os mortos irão voltar à vida?
Eu: Pois nessa altura também já cá não estarei para ver...
TJ: Eu vou ser mais específica consigo! Afinal...quem construiu tudo isto ao seu redor? (Abre os braços apontado para todos os prédios e casas em redor)
Eu: Oh minha senhora, essa sei responder! Foram os pedreiros, ora essa!!! Eles e os arquitetos fizeram um ótimo trabalho não acha?

Dito isto, viraram as costas e foram andando.
Não sei porquê, mas naquele momento deu-me uma pontada de tristeza saber que as ditas senhoras ali presentes não quiseram continuar a nossa conversa tão religiosa. E logo agora...que aquele dedinho de diálogo estava a começar a mudar os meus ideais religiosos. Estive quase a pensar em me converter e tudo...mas não tive oportunidade! Não faz mal...da próxima que me perguntem se gosto de ler, irei certamente referir as obras das 50 sombras de grey ou algo do fórum erótico. Nunca se sabe o que poderei descobrir sobre Jeová...afinal de contas, continuo sem o ver e nem o que faz da vida. Se foi o criador da terra, a esta hora deve ter cometido o suicídio numa rua qualquer de crime ao ler os cabeçalhos dos jornais e ter visto o telejornal da TVI.
Ou então frequenta uma cartomante ou espírita para poder ter a inspiração necessária para uma segunda criação, onde, certamente, poderá concluir com êxito um projeto melhor do que aquele que somos.


Coisas que, por mais que os anos passem, não mudam em mim (e nem pretendo que mudem)

Talvez eu tirasse o resto da tarde de hoje para me dedicar a uma boa dose de filosofia e escrever aqui algo completamente filosófico, mas não é o meu forte.
Podia vir falar dos passarinhos que voam em frente da janela do meu quarto enquanto escrevo este post e filosofar sobre eles, mas não me apetece lá muito.
Por isso aqui vai o que me ocorreu, e porque sim!

Aquelas coisas que o passar dos anos não elimina de mim!

Repetir o mesmo erro 3 vezes, porque à terceira é de vez!
É verdade. Consigo cair no mesmo erro três vezes sem saber ao certo o motivo e sem me questionar mais tarde. Talvez seja uma dádiva que poucos tenham.
Conseguir ser excessivamente sarcástica de vez em quando!
Pois é. Talvez um dos meus lemas de vida seja "Se não tens pena de mim, porque motivo tenho eu de ter de ti?" E costuma resultar. Pelo menos a partir do momento em que o experimentei e percebi que realmente funciona. Afinal de contas, penas têm as galinhas e...se não digo o que penso, não acredito que o vão dizer por mim.
Planear aquele exercício físico que nunca se concretiza!
Outra das minhas grandes habilidades, talvez a melhor de todas nesta lista. Gosto sempre de pensar que amanhã estará um ótimo dia para exercitar um pouco as pernas ou tirar a ferrugem, mas nunca, ou quase nunca, concretizo o plano. O motivo deve ter uma relação qualquer com a ideia de que ficar é casa a fazer nada é sempre melhor. E esta última ganha! Além do mais gasto mais calorias a pensar e quando dou por mim já me sinto exausta!
Ser otimista e pessimista at the same time!
Não sei como é que consigo fazer, ou ser, as duas coisas em simultâneo, o que me irrita profundamente. Talvez seja genético, mas a verdade é que, perante uma situação qualquer, consigo desesperar e de uma hora para a outra achar que tudo tem solução. É algo impressionante em mim, porque ao mesmo tempo que tudo está negro, tem uma luz no fundo do túnel.
Aracnofobia crónica acentuada!
Sou capaz de matar qualquer bicho, desde baratas, osgas, melgas, mosquitos...ou o que tiver de ser se a necessidade assim o ditar, mas quando vejo uma aranha, i loose my mind! Especialmente se forem grandes e peludas como já tive o prazer (ou desprazer) de encontrar por aí.
Não entendo porque raio ainda não venci esta fobia. Suspeito que em outra encarnação tenha sido uma tarântula citadina, mas é apenas uma teoria sem comprativo. Além do mais, regressão e hipnose não atraem o meu interesse.

E depois desta pequena lista, vão ficar todos a pensar que bebi alguma coisa fora do prazo, ou que tenho alguma coisa na cabeça. No entanto fiquem descansados, só bebi água e está no prazo de validade e além do mais chapéus, bonés ou outros acessórios não fazem muito o meu estilo. Pelo menos hoje não tenho nenhum posto. Amanhã quem sabe.

Dito isto fico por aqui. Vou ler, ou talvez outra coisa que me apeteça, rir de mim mesma porque sim e talvez acrescentar à minha lista de coisas que não mudam.
Não sei porque escrevi sobre esta temática, mas é como tudo. Foi um ar que me deu.

Limpando o lixo

Hoje na minha casa foi dia de limpezas daquelas porcarias que teimamos em guardar só porque sim, mas que mais tarde acabamos por constatar que não nos fazem falta alguma.
Normalmente gosto de colocar uma boa música e abrir assim os baús das recordações nos confins do meu quarto.
Durante a minha busca pelo desnecessário fui encontrar algumas fotografias e coisas que guardei (não me lembro o porquê) de uma relação qualquer que tive há uns anitos atrás.

Começando a relembrar...

Ele era o X (nome que inventei para o referir). O X foi o motivo pelo qual criei este blog.
Conheci o X na época da Universidade. Não éramos do mesmo curso, mas estudávamos nas faculdades vizinhas. O X tinha um amigo, que era o Y. Nunca os vi conviver com outras pessoas e circulava na época o boato de que eram gays.
Por circunstâncias da vida, eu e a minha amiga ficamos amigas do X e do Y.
Passado pouco tempo eu e o X começamos a namorar.
Era bom conviver com o X, porque era daquelas pessoas que não conseguia ter outras conversas tirando as do fórum badalhoco, que me faziam sempre rir e descomprimir. Além disso o Y também tinha uma vertente humorística grande e assim, éramos o quarteto mais risonho da Universidade.
Ambos estudavam Engenharia Informática, mas não se achavam no curso certo.
A dado momento da minha relação com o X, as coisas mudaram e senti um distanciamento qualquer.
Como na altura eu não sabia muito bem o que se passava, resolvi criar este blog para escrever em forma de poesia ou prosa os meus sentimentos e as minhas angústias.
Enquanto isso acontecia, o Y resolveu criar um passatempo qualquer dizendo ao X que eu não era quem parecia.
E assim se criou a teoria de eu ter duas vida paralelas algures no imaginário do Y e mais tarde do X.
Foi assim que o X resolveu inventar que seria melhor cada um seguir a sua vida, conversa que admito hoje que demorei a assimilar na minha cabeça, porque aprendi a gostar muito do X. Cest la vie...Cada um com o seu Karma.

Depois do X e eu nos separarmos, o Y começou a bombardear-me com ameaças de vingança meio ao estilo da pré escolinha, quando uma criança de vinga da outra porque lhe roubou o lápis ou lhe derramou o sumo para cima. E assim foi.
O Y arranjou assim um passatempo mais divertido do que o seu (na época em que tudo se passou) namoro virtual com uma brasileira qualquer. O novo passatempo do Y era entrar nas minhas contas, roubar as passwords e andar para lá entretido e divulgar o meu e-mail e da minha amiga nos chats só para se sentir feliz e fazer elevar o seu ego ao limite.
Por outro lado, eu não estando feliz com a brincadeira, confrontava-o, sem sucesso. As coisas não se resolviam frente a frente segundo o Y, mas sim pela tela de um computador, motivo pelo qual preferia sempre os ratos às ratas, termo este que até o X concordava.
Adiante com isto, o Y aliciou o X e assim partiram eles na sua jornada pela vingança infantilóide contra a minha pessoa e a minha amiga. Entravam nos nossos mails, nos nossos facebooks, em tudo o que mais podiam e diziam-se donos da verdade.
Por outro lado eu tentava recompor-me e pelo caminho ia cometendo as minhas asneiras, pensando assim que, se ficasse próxima do X, talvez tudo pudesse acabar bem.
As coisas nem sempre são como pensamos e eu, naquela altura, preferia iludir-me do que enfrentar a realidade.
O meu blog começou a ser um poço de indiretas ao X e por sua vez, o X respondia indiretamente no seu blog. Como eu me sentia bem em dizer umas coisinhas más de vez em quando. Mesmo sem entender o porquê, lá soltava a inspiração. Digamos que era a minha forma de aliviar e digerir as coisas, embora não fosse de todo a mais feliz.
Mais tarde passei-me completamente mais a minha amiga e apresentamos queixa na polícia por invasão à propriedade privada, considerado crime semi-público e que arquivamos pouco tempo depois, simplesmente porque não valia o esforço.
Foi uma situação um tanto complicada para mim, mas que hoje me provocou um alto ataque de riso ao dar de caras com aqueles dois cenários saídos de um filme de comédia.

Enfim...
O tempo passa e lá foi o X e o Y para o caixote do lixo.
Fiz-lhes adeus esperando que se encontrem bem. Talvez hoje o X tenha encontrado o seu príncipe encantado e tenham decidido adotar uma criancinha qualquer.
Quanto ao Y, em tempos tive o prazer de me cruzar com ele na rua. Ia de fatinho. Possivelmente fundou uma empresa de detetives privados, porque a sua especialidade sempre foi mais essa do que tirar boas notas no curso.
Não guardo mágoas nem ressentimentos. Não guardo simplesmente nada em relação ao X e ao Y. Passado é jornal de ontem. Depois de usado e lido, acaba sempre no contentor. E foi o que hoje aconteceu, enquanto limpava o meu quarto. Porque para lixo, já há que baste nos aterros sanitários. Além disso, há uma frase que o X um dia me disse, talvez uma piadola frustrada, dizendo que precisamos cair para nos levantar. E é verdade.
Não foi uma história da Disney, não fui sempre correta, admito os meus erros e sei que podia ter calado muito do que deitei para fora. A raiva do momento faz-nos dizer coisas que no fundo não queremos.
No entanto aprendemos sempre com isso.
Aprendi que não sou a pessoa que demonstrava na altura, que não podemos forçar o sentimento de ninguém, ou a sexualidade de ninguém como no caso do X, que o que lá foi, já lá vai. Podemos sofrer um pouco no início mas depois passa e foi isso que aconteceu.
Passou tudo. No momento em que revi aquelas fotografias, percebi que foi tempo perdido com tolices e infantilidade. Infantilidades minhas por me iludir e querer ficar bem com o X, infantilidade das duas vedetas por se quererem vingar sabe-se lá do quê.
Caí mas lá me levantei e hoje...(que é algo que acontece sempre a nós mulheres) ainda me perguntei o que foi que eu vi de tão especial no X, porque sinceramente não encontrei ali nada. É assim, todos amamos uma ideia em algum momento...e depois desamamos para voltar a amar mais forte no futuro a quem devemos amar. E além do mais nem sempre gosto de ser agradável mesmo com lembranças da carochinha. Gosto sempre de ser desagradável em algum momento, afinal, se não disser as coisas que penso, mais ninguém as diz.

terça-feira, 22 de março de 2016

Coisas de família

Faz muitos anos que não vou a Corroios visitar as minhas tias. É algo que me faz muitas saudades.
No entanto, costumamos falar muito pelo telefone.
Sempre que telefonam para mim, acabo levando com uma bela dose daqueles típicas de tia preocupada e que se resumem a qualquer coisa como:

"Então filha, já namoras?"- Esta é a conversa de topo das minhas tias. Por mais que lhes diga que sim, que continua a ser a mesma pessoa de há mil e quinhentas chamadas atrás, nada melhor do que saber, certificar e ter plena certa que o Alzheimer não faz parte da nossa família.

"A tua mãe diz que estás magra"- Sim! O termo magra não é apenas uma preocupação de muitas mães galinha, mas também das minhas tias. Por mais que eu coma, faça todas as refeições do dia e ainda petisque e aquelas coisas todas muito lindas, para as minhas tias estou sempre magra. Nem quero imaginar então o que significa magra naquelas cabecinhas.

"Tens de descansar mais, filha"- Pois é. Todos nós temos de descansar mais. Afinal de contas, o trabalho faz parte da rotina diária de qualquer pessoa, pelo menos que eu saiba. No entanto, as minhas tias acham sempre que trabalho muito e que tenho que ter cuidado comigo, não se dê o caso de, como estou muito magra, qualquer dia me confundir com um alfinete perdido no palheiro.

"Bebe muita água e cuidado com o sol filha"- É uma grande verdade. Eu trabalhei em locais onde estava muitas vezes exposta ao sol. Sei também que é a preocupação alla titia que se eleva mais alto.
No entanto, eu tenho noção das consequências e...além disso...já não tenho mais 14 anos.

"Ai filha, no outro dia vi a fulana Y e lembrei-me de ti!"- Quando as minhas tias me costumam "ver", por assim dizer, no rosto de alguém, eu sinto a vaga sensação de que deveria de fazer como aquela gente doida que anda por aí gastando resmas de dinheiro em operações plásticas para parecer a Madonna ou o Justin Bieber. Por norma, quando sou lembrada no rosto de alguém, não costuma ser ninguém propriamente encantador, o que me faz correr para o W.C, olhar-me no espelho e ver se tenho macacos no nariz ou o cabelo com uma madeixa de cada cor. Sim minhas gentes, isto vindo das tias nunca se sabe.

"Atão e já pensas em casar?"- Eu morro sempre de medo de ouvir esta pergunta, mas nunca falha.
Não minhas queridas tias. Eu não penso em colocar a corda ao pescoço e mandar-me de um arranha céus maior que o World Trade Center tendo plena certeza de que ninguém me irá socorrer lá em baixo e que irei ficar mais esborrachada no meio de uma passadeira que uma mosca no mata moscas. Por outros termos...eu não penso em casar. Penso em coisas mais úteis. Penso um dia de cada vez.

Poderia levar dias a abrir mais e mais tópicos sobre estas coisinhas todas que só as tias sabem perguntar/dizer, mas não me recordo de mais nada. De certeza que irei lembrar-me de algo já depois de publicar este post, mas que se lixe.
Gosto muito das minhas tias e daria o meu dedo mindinho para matar saudades. No entanto, sei sempre que estas perguntas irão sair na hora, entre outras mais que até tenho medo em pensar.
Da última vez que nos vimos, tinha eu 14 anos, e levei umas calças de ganga super largas, ao que elas me disseram que parecia uma trabalhadora das obras e como é que acabei naquele estado.
Se agora me visse, talvez me perguntassem se eu fazia parte de uma banda de metal qualquer, ou se é mesmo tendência.
Enfiz, está nos genes.


Sinto-me triste

Estou triste
Triste com tudo o que se passa no mundo
Fico triste com os pobres que só gostariam de matar a fome aos seus
E triste com os ricos que só não sabem onde gastar o que possuem.
Estou triste com o mundo
Triste com o terrorismo e com esta sede de matança profunda, repleta de raiva desnecessária.
Estou triste por irmos ficando órfãos de grandes génios que ainda tinham o que dar ao mundo
Triste por grandes génios serem substituídos por aprendizes de feiticeiro.
Sinto-me triste pela falta de compaixão das pessoas, pelo desacreditar do meu povo, pelo julgamento cruel que fazemos ao próximo.
E vivemos todos nesta grande tristeza, passando uns pelos outros como estranhos, todos desacreditando de tudo.
Sinto-me triste pela corrupção política que nos circunda, por o dinheiro ser um pedaço de papel cuja ganância e sede de aquisição move fronteiras e não olha a meios.
Tudo isto me faz triste.
Faz-me triste chegar a casa, ligar a televisão, ver as notícias do que se passa lá fora.
Pergunto-me onde iremos chegar com os nossos corações repletos de ódio e rancor, onde iremos chegar em dizer mal uns dos outros, onde iremos chegar em sermos escravos de um governo que não vê nada além de cifrões.
Entristece-me profundamente a falta de preocupação na preservação do mundo em que vivemos, e das alterações climáticas que essa falta de preocupação provoca.
Entristece-me este egocentrismo profundo que temos, em apenas sabermos ver o nosso reflexo e não querermos saber das necessidades dos demais.
Sinto-me profundamente triste com tudo isso.

quinta-feira, 17 de março de 2016

Eu tenho o magnetismo mal sintonizado

Por natureza considero-me amiga de conhecer pessoas novas.
Nunca é demais ter alguém para repartir algum momento da nossa vida, seja ele de pequena ou grande importância.
Seja como for, a minha maior tendência é a de atrair cromos ou gente doida.
Ao mesmo tempo que vou fazendo as melhores amizades que alguém pode ter, também vou conhecendo alguns cromos de estimação.
O último caso foi recente e posso, por conseguinte, colocá-lo no topo da lista.
Certo dia o K (nome fictício para não chamar quem quer que seja ao barulho) adicionou-me no facebook. Como eu estava em disposta, aceitei. 
Aos poucos, consoante a disponibilidade, íamos falando e tudo parecia normal. Nunca houve um insulto ou o que quer que seja por parte do K. No entanto, certo dia, vi que o K tinha publicado no seu perfil que enfrentava um desgosto de amor.
Pessoalmente nunca tinha conhecido o K. 
Numa noite não há muito tempo atrás, o K perguntou-me se faria mal encontrar-se comigo e desabafar, porque se sentia em baixo e precisava desanuviar e desabafar.
Disse que sim.
Observei o perfil do K e constatei que não era nenhuma super star estilo Leonardo Dicaprio nos seus tempos de Romeu e Julieta, mas isso pouco interessava, quando o assunto era ajudar alguém a sentir-se melhor.
Eu e a minha mania de querer ajudar que nunca resulta, falam sempre mais alto.
Posso mesmo dizer que é um defeito meu que ainda estou a aprender a controlar.
Chegado o dia, esperei o K que não havia meio de aparecer. A dada altura vejo um rapaz com um ar muito simpático que, de longe se parecia com ele. Fui olhado para todos os lados mas o meu olhar voltava-se sempre para o lado do tal rapaz. Vi que o rapaz também olhava na minha direção e sorria algumas vezes, o que me levou a tomar a iniciativa e perguntar se era o K. Amavelmente, o sujeito simpático disse-me que não. Pedi desculpa e virei costas procurando o K, quando recebo uma chamada e surge, o que me parecia, um pedinte de esmola dos anos 50 aderindo à tecnologia smartphone.
Olhei para o meu telemóvel...este tocava.
Olhei em frente e o estranho pedinte estava ao telefone. Pior que isso, olhava fixamente para mim, como se soubesse que eu lhe ia dar uma moedinha. 
Como se a situação não pudesse piorar mais, constatei que o K era esse sujeito com ar de pedinte.
Diante de mim estava um rapaz raquítico, com boné da loja dos trezentos desbotado e espalmado como um ovo estrelado na cabeça, óculos pretos de sol super fininhos que lhe davam um ar de mosca em corpo de gente, casaco castanho com uma manga subida e outra descida e calças verdes clássicas com a bainha por fazer, que junto dos ténis pretos e rotos faziam uma boca de sino estilo hippie. Mas usava smartphone...e veio cumprimentar-me...
Juro que nesse momento pensei muito na velha frase que "ninguém cruza o nosso caminho por acaso". Estava eu a perguntar-me se ainda me teria que cruzar muitas mais vezes com ele, mas afastei a ideia da cabeça dizendo que iríamos ao nosso café no local mais próximo que encontrei dali, para depois poder fugir mais feliz e ele me perder de vista.

Bem...durante a conversa não há muito que dizer. O K não tinha assunto, falava olhando para a esquerda e para a direita, com a mão esquerda entrelaçada na direita e com os óculos de mosca a tapar-lhe a testa. Quando levava a mão ao boné, pude ver que devia ter no máximo trinta cabelos, para além da barba mal aparada. 
Perguntei-lhe como é que ele estava e sobre a situação do famoso desgosto de amor, que agora me fazia sentido ter acontecido. Ele falava vendo o movimento ao redor dele e nunca olhando para mim, dizendo que a ex namorada era uma parva, que ainda uma outra parva e que gostava muito de encontros, porque era um rapaz engatatão.
Só eu sei, como foi que não me ri daquela peripécia e não deixei a conversa prolongar-se muito além do horário que estabeleci para me ir embora, contando os minutos e revistando a mala para não adormecer de tédio perante um sujeito que me disse ter 29 anos, mas que nem sabia que idade teria quando eu chegasse aos 30.
Não gosto de gozar com a vida de ninguém, por isso mesmo todas as pessoas que lerem este texto só irão saber que o sujeito é um tal de K, mas precisei refletir sobre o que me teria levado a ir a um tal encontro surreal com uma vedeta tão demodé. 
Assim que tive a minha primeira oportunidade despedi-me e paguei o meu café. O K pagou o seu, o que foi até a única coisa que reconheço que ele reparou que estava correta e segui a minha vida com a frase final mais encantadora de sempre: "Logo marcamos outro café." Lógico que eu não proferi tais palavras, foram todas elas ditas pelo K antes de seguir a sua vida, mas ainda me perguntei quantos copos de vokda preta seriam precisos eu beber para dizer que sim.
Resumindo a história, arrependida do meu tempo perdido, resolvi ir para casa e esquecer que conheci o K. No entanto não deu. O K decidiu mostrar o seu lado sedutor e mandou um pedido de amizade à minha melhor amiga, o que me deixou furiosa tanto a mim como a ela. Confrontei o K via messenger, que me disse que fez sem pensar...frase esta que ouvi tantas vezes que até me esqueci lá no nosso café inesquecível e como tal decidi que o melhor mesmo seria bloquear o K.

Lamento que o K não tenha muitos amigos, mas eu não posso ter pena de toda a gente. Dou-me sempre mal com a velha teoria da pena. Além do mais, para penas, temos as nossas queridas galinhas.
Lamento K, mas tens que ir tentando para outras bandas. Ou a minha cultura se foi naquela momento em que falamos e sofro de literacia, ou de facto eu não entendi uma palavra do que dizias. 
Pode ser que o K certo dia mande o pedido de amizade certo a uma K tão solitária como quanto ele e juntos possam Kapear para o planeta Kaput. Até lá oremos para que dê certo. 

A juventude dos nossos dias

Algo me entristece em comparação com a minha juventude e a juventude dos tempos atuais.
No meu tempo, eu conhecia a palavra respeito, sabia onde era o meu lugar, aplicava-me nas aulas, respeitava os professores e os meu colegas, era amiga de quem quisesse ser meu amigo e fugia a sete pés de qualquer discussão que surgia no recinto escolar.
Agora já não é assim.
Ninguém consegue domar as feras existentes dentro dos adolescentes, nem o vocabulário que eles falam.
Não me refiro com isto a mensagens de texto, que esse mal assiste a todos, inclusive a nós adultos.
Refiro-me ao vocabulário existente tanto nas escolas como nas redes sociais.
Adolescentes de 11 anos, querendo mandar em adolescentes de 15. O termo animal abunda na boca de qualquer um e toda a atitude ao seu redor é motivo para uma boa sova.
Depois, vamos ao facebook e as coisas não se tornam melhores. O facebook não virou só recinto de cuscos e intrometidos. Virou também local de apelo à criatividade para a alcunha mais idiota existente à face da terra. "Miúda dele", "Bandida dele" e qualquer outra coisa relacionada com o "dele e o dela" são motivo de criação de uma alcunha. Se eu tenho um relacionamento e estou na moda, então o meu facebook tem que se chamar algo como "Dama dele". Por conseguinte, o facebook do meu suposto namorado seria algo como "Damo dela".

E fico parva com isto. Sim, deveria não ficar?

Para variar um pouco os pontos críticos, os namoros também são comuns nessas idades. Um adolescente que ainda ontem nasceu, hoje já namorou meia escola e metade de outra e ainda usa termos como:

"Eu não corro mais atrás dele/dela"

O que deveria uma pessoa dignamente normal responder a isto?
"Correr atrás de quê miúda/miúdo? Perdeste algures a tua mãe/pai no mercado?

Fumar é outra das modas. Também existia no meu tempo, verdade, mas hoje parece uma viral nas escolas de primeiro e segundo ciclos.
Todo o adolescente que não fume um "nipe" ( o termo adolescente para o cigarro) não está inserido no grupo. Sim, leram bem...o GRUPO! Há grupos e para todos os gostos.

Vejo de longe e perto estas situações preocupantes e parece-me que os pais cada vez mais deixam os seus filhos andar à sua vontade. Um dos problemas que leva a esta crescente tendência parte, por vezes, da parte de alguns pais que defendem os seus filhos dizendo que "nunca mentem", quando na verdade não sabem metade do que estes fazem fora de casa.
Lamentável que assim seja.

Estamos ficando órfãos de honestidade, de educação de uns para com os outros, estamos empobrecendo não apenas financeiramente, mas também espiritualmente.
Os jovens são o nosso futuro. Um futuro que se avizinha repleto de insultos e falta de civismo e cultura. Um futuro que pensamos estar ainda distante, mas que talvez não esteja assim tão longe quanto julgamos.

sábado, 12 de março de 2016

O que está a dar é aparecer na televisão

Chamam-lhe Reality shows. Eu chamo-lhe a vergonha da televisão em direito.
Uma forma de atingir gregos e troianos com a vida alheia diretamente de qualquer canal de televisão.
Como não poderia deixar de ser, Portugal tem sido um grande adepto deste formato de programas que, infelizmente, tem vindo a conseguir um número acrescido de espectadores assíduos.
A que se deve tanta fama?
Mas antes de mais, deixo a pergunta:
Porquê este tipo de programas?
A resposta é simples. Muito simples.
As pessoas já não se interessam por cultura. Já ninguém quer saber de um bom documentário sobre a nossa história. É demasiado aborrecido ver tal coisa. Para quê saber do que foi feito pelos nossos antepassados? Muito mais interessante ver meninos e meninas jovens a entrar para uma casa, completamente entre quatro paredes, a discutir, a comerem-se, a enganarem-se e a baterem-se. No clímax deste tipo de programa, ainda há o vencedor da vergonha. Aquele que para uns é considerado o melhor jogador, mas que eu chamaria de desavergonhado com melhor perícia. Aquele que conseguiu chegar mais longe.
E ainda há quem se orgulhe de dizer que participou em programas do género e que o fez por falta de dinheiro.
Ok, é verdade, todos nós temos falta de dinheiro. No entanto, por mais falta de dinheiro que me faça, não me vejo a entrar num programa assim, e subitamente ver a minha vida investigada até ao último suspiro.
As pessoas deixam de ter as suas vidas privadas. Tudo se sabe. Absolutamente tudo.
Não estou a chamar aos concorrentes de coitadinhos, porque cada pessoa que se inscreve, só o faz porque quer. Deve de ser divertido, quem sabe. Vamos lá fazer da minha vida uma novela da noite digna da TVI, cheia de mortos e feridos, conspirações e intrigas.
Sempre que ligo a televisão é só isto que vejo: Programas que de forma alguma contribuem para a minha instrução, até a atrapalham, telenovelas em que só nos leva a seguir os lindos exemplos que vemos, homicídios e mortes a torto e a direito, ou porque a tia era rica e a sobrinha tem que deitar as mãos na fortuna, ou porque o pai era um canalha que só queria os bens da mulher para se mandar para o México com a amante...enfim. Coisas lindas, só mesmo na televisão.
A novidade está para chegar.
O dito programa em que entram jovens esbeltas e rapazes janotas e se cruzam numa dada circunstância, acabando por descobrir que são feitos um para o outro.
A sério?
Diria eu que é o programa perfeito das encalhadas que não conseguem ter uma vida feliz sem um macho que lhes faça uma festa no pelo, ou das espertinhas que não prescindem deles para lhes bancar as despesas. Estes programas são perfeitos para estas coisas todas.
Afinal de contas, vivemos num país de golpes, quer de estado, quer amorosos, ou até no controle de umas pessoas para com as outras. Lindo, não é?
Para quê me inscrever para a casa dos segredos? Se eu quiser a minha vida exposta, tenho o facebook. Nem preciso ir tão longe. Pelo menos enquanto uns se vão entretendo a ler que casei ou que tenho 80 filhos, vou fazendo a minha vida no mundo real, que é o aqui e o agora.
A parte a que chamo a "Comédia da situação", é que os concorrentes ficam famosos e até têm fãs.
Por outras palavras, uma mulher que aparenta ser uma criatura de respeito, subitamente revela-se uma menina da rotunda e tem um milhão de fãs porque sim, porque a revelação foi espantosa e não é fácil admitir o estatuto social perante o mundo e em direito.
Valha-me Deus...eu sou mesmo deste mundo?
Ainda bem que sempre há um bom livro para ler, pessoas para conversar, vida para se ter.
Ainda bem que nasci o tipo de pessoa que tenho com o que me ocupar sem ser vendo o que os outros fazem num programa. Os coitados ainda são pagos para fazerem a figura que fazem. Triste mesmo é que ninguém os manda fazer aquela figura. Fazem simplesmente porque querem ser alguém no mundo. Seja de que forma for...o que importa é mostrar que estão ali, o que não é para todos...no ponto de vista de quem concorre ao medíocre.