Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Estranha jovem

Ela era uma jovem bonita que tinha acabado de chegar á cidade onde tudo era novo. Tinha-se matriculado na universidade. Todos os dias era a mesma rotina. Tinha de se levantar cedo e apanhar o primeiro comboio da manhã para vir para o Algarve onde as temperaturas eram mais quentes. Por serem mais quentes é que ninguém entendia porque motivo ela andava sempre tão abrigada. Com o seu casaco de Inverno e um enorme cachecol ela aparecia nas cidades algarvias deixando cépticas as pessoas que a miravam. Estranha rapariga, era como lhe chamavam. Mas ela não se importava. Só ela sabia o que penava, quando era chegada a hora de sair do Algarve e travessar de comboio as extensas linhas férreas para o gelo da sua estranha cidade. Quando abandonava o Algarve por volta das oito horas, a jovem moça entrava no comboio e abrigava-se com todo o cuidado calçando as suas luvas de veludo, o que provocava a curiosidade dos outros passageiros. Nunca se sentava com outras pessoas, em vez disso, preferia ir sozinha a um canto, onde não pudesse ser vista nem marcada pelos olhares alheios. Um mistério de menina. Uma autêntica boneca que mergulhava em mil e um pensamentos á medida que o comboio avançava em direcção á sua casa.
Foram várias as vezes que os colegas a confrontavam com a insistente pergunta de onde ela morava, mas na sua boca existia apenas o silêncio para responder aos seus novos amigos. Pois a sua casa era inlocalizável, fora do mapa, onde nunca ninguém lá chegava. Era um local onde as temperaturas eram de outro mundo.
Um local onde ela sempre vivera até então, onde não havia sol, apenas chuva, onde pouca gente morava, onde pouca gente se conhecia, um autêntico deserto, uma cidade abandonada, no meio do nada. Este era o seu conforto, longe do mundo, de tudo e de todos, o local onde ela se escondia para poder por momentos ser ela mesma, aquela menina de olhar baixo, sorriso frágil e luminoso, mas que poucas vezes se mostrava. A menina que iria sempre ser menina.

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