Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



sábado, 7 de agosto de 2010

Amor cigano


Deixei o seu olhar fugitivo seguir-me enquanto dançava á volta do fogueira. Foi assim que o vi pela primeira vez, sentado distante dos restantes. Dancei toda a noite perante uma multidão de gente. Toda a minha família lá estava, mas eu só via uma pessoa. Ele. O seu olhar não me saía da cabeça.
De repente, de um momento para o outro, deixei de o ver. O lugar onde ele permanecia até então estava vazio. Percorri todo o espaço á minha volta com o olhar, mas nem sinal. Saio disparada perante toda aquela gente que cantava e pulava. Os meus pés misturavam-se com a terra, com as britas, com a poeira. Os meus cabelos longos e escuros tapavam-me o rosto dificultando-me o campo de visão.
Segurava o meu véu nas mãos que dançava atrás de mim enquanto corria desesperada pela sua presença.
Ouvi ao longe os gritos de alguns familiares, reconheci no meio deles a voz do meu pai. Não me importei, tinha que continuar a busca.
Corro por entre tendas e árvores, perturbando inúmeras famílias á medida que passava, que dançava por entre a areia daquele solo húmido á procura de um estranho que me roubara o coração.
Perdi-me por entre as inúmeras casas, por entre os inúmeros olhares estranhos que ao meu redor surgiam e me olhavam como que a questionarem-se do que fazia ali uma moça de família. Não me importei. Eu não queria mais aquele casamento. Desde criança que fiquei prometida a um estranho com quem nunca travei conhecimento, um homem que se mantinha afastado de mim como mandava a tradição. Nunca soube quem ele era, o que pensava, o que poderia ele sequer pensar de mim.
Pela primeira vez seguia o coração. Passei por entre fogueiras e cavalos. Lindas mulheres dançavam com os seus longos vestidos e véus. Procurei-o no meio de toda aquela gente desconhecida, mas não vi sinal da sua presença.
Era de noite, o céu brilhava coberto de grandes estrelas. Não havia vento. Deixei o meu corpo pesado cair de encontro a uma árvore já exausta. Mergulhei entre as ervas e esperei que o bater do meu coração acalmasse. Foi então que o vi, no meio de dois cavalos. Levantei-me num salto. Ele também me havia visto. Ficamos a olhar-nos por alguns segundos e nisto oiço de longe a voz do meu pai. Vejo-o chegar na sua carroça com a minha mãe e as minhas irmãs e irmãos. Olhei de novo para o rosto do estranho que me havia conquistado em poucos segundos. Ele esperava por mim. Agora tinha plena certeza disso. Corri para junto dele,subi ao cavalo com ele e fugimos no meio das longas e enormes árvores em direcção ao nada. Fugimos até não mais sermos encontrados. Até á felicidade.

2 comentários:

Gisela disse...

Está lindo. Continua a postar este tipo de histórias, apesar de nos fazer abstrair do local onde estamos, podemos sonhar e arranjar um final para cada história que escreves.
Jokas maninha

O mundo segundo eu disse...

Ainda bem que gostastaram!
Vou continuar a postar este tipo de histórias com toda a certeza.
Um mega kiss