Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Nada

Uma leve anestesia e depois...
NADA.
Nada mais para além do que ficou. Nada que possa vir-me despertar deste pesadelo.
Ele, o pesadelo.
Nada que consiga desfazer o nó que já foi feito e nisto...
Nada de novo. E aquele olhar fingido outra vez, como sempre.
Chegado do trabalho e sempre cansado, sem tempo para falar, para explicar porque demorou tanto. Sem tempo para nada e nada é simplesmente nada.
Mais uma das suas fugas escondidas no silêncio da noite, mais uma das suas mentiras. E nada de volta. Nada que me pudesse devolver ao mundo dos sonhos, ao mundo dos enganos. Nada.
Chegou como antes chegava, mas de olhar distante e pensativo. A sua mente voava pela sala em busca de uma janela por onde escapar. Ela estaria do outro lado esperando. Nada de muito importante talvez. Nada de significante. Depois os seus passos pesados que se arrastavam para o quarto onde me encontrava. Olhando-o em silêncio. Um silêncio que corta, que dilacera. Um silêncio que fala nesse mesmo silêncio, o silêncio da culpa, da presença de corpo, da ausência de espírito. A mentira, talvez algum remorso. Talvez nada.
Estendeu o jornal sob o olhar vazio. Nada lia, eu notei, mas permanecia calada. Dizia-se cansado como sempre. Os seus olhos mesquinhos percorriam vagamente o jornal fingindo o seu interesse. Depois uma boa noite dita entre dentes e o voltar de costas, depois a luz que se apagou e depois...nada. Nada de novo. E nada como sempre era tudo. Nada era sempre tudo no meio de tantas questões que me perseguiam.
Imaginei a cor dos olhos dela, a cor do cabelos, o seu sorriso, o sorriso que agora se fizera dono do seu olhar, o olhar que era tanto seu como o meu foi um dia. Nada.
Nada que eu não pudesse adivinhar de olhos fechados, os mesmos olhos que se abriram para ele um dia pensando que nos seus olhos haveriam sempre espaço para os meus olhos.
Nada de mais, talvez uma fase, repetia eu para mim mesma enquanto fechava os olhos do meu corpo
E os olhos do coração.

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