Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Tempestade

Os dias de sol acabaram. Finalmente começavam a cair as primeiras gotas de chuva. O tempo havia arrefecido e eu caminhava vagarosamente por entre a estrada longa e meio batida que me levava ao meu refúgio.
Olhei calmamente para cima e vi o céu tingido de cinzento começar a tornar-se carregado. Uma grande tempestade aproximava-se lentamente. Agora as gotas de chuva caiam de forma mais consistente, com mais força.
Deixei para trás uma vida e agora ali estava eu, no meio da longa estrada, por entre a chuva que me trespassava os finos cabelos negros, por entre os meus olhos cobertos de negro que agora se manchavam e se tornavam mais fundos, esborratados pelas gotas de água e pela tinta negra. As mãos enrugadas pela água fria, os pés descalços e cobertos de terra, o meu vestido negro totalmente molhado, coberto de poeira e água.
O meu abrigo, o refúgio onde finalmente poderia repousar estava agora a pequenos passos. Comecei a subir lentamente de pés descalços. Não olhei para trás, apenas sentia a chuva devorar-me sem receios.
Quando cheguei lá em cima olhei a cidade ao meu redor. Estava tingida de negro, o céu coberto de espessas nuvens, o ar gelado de acordo com o estado da minha alma.
Deitei o meu corpo exausto no chão. Deixei-me ficar imóvel, misturar-me com a chuva forte, ser também eu uma gota de água, não pensar...apenas sentir.

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