Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Essa carne de mim

Nunca me tinha questionado antes sobre isso. Foi algo que surgiu de repente, assim como uma gota de chuva numa folha de orvalho. De repente entendi tudo. Eu sou parte de ti. Mas nunca me tinha questionado sobre o que é isso de ser parte de ti e de que forma poderia uma pessoa ser parte de outra.
Simplesmente é assim. Sou parte de ti. As minhas mãos são as tuas mãos, o meu coração, o teu coração. Somos carne da mesma carne, sangue do mesmo sangue, mas nunca me tinha dado conta, até pensar que te poderia ter perdido. Até te ver imóvel deitado sobre aquela cama onde já tantos outros corpos se deitaram antes de ti. De te ver de olhos fechados e implorar que os abrisses para mim, apenas para mim, para me veres, para te ver a ti, de me certificar de que estavas ainda aí desse lado, do meu lado, do nosso lado.
Tive medo que a luz chegasse por fim e te envolvesse na sua brancura suprema, que levantasses os teus braços nessa altura, que nem olhasses para trás, que nem tivesse tempo de te dizer que te amo, que estou aqui sempre, que és parte de mim. E esta coisa de se ser parte de alguém pode ser muito confusa. Quando entras pela sala eu percebo esse mesmo poder que tens em mim, esse sentido de se ser parte de alguém.
Quando sais dessa mesma sala fico expectante, esperando que voltes, e o meu coração a sussurrar baixinho volta e tu sem voltar. Aquele medo que dá em se perder aquela parte de nós que parece tão inútil, que nos faz sentir estupidamente patéticos, que nos faz sentir perdidos no mundo, mas ao mesmo tempo achados. Essa sensação de nos perdermos e nos acharmos no mesmo segundo, olhando os dois na mesma direcção.
Diz-me que não voltarás a deixar-me ficar com medo de te perder. Diz-me que estás aí, mesmo que em silêncio. Olha para mim, dá-me a tua mão fria, toca no meu coração. Essa carne de mim que tu és, esse ser imóvel agora deitado, esse sentimento. Esse amor...

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