Deitada sob a tua pele macia, a manhã nasce devagar. Sob a cama os lençóis vazios, que jazem nesse mesmo pesar e as nossas sombras nas paredes que cobrem os nossos corpos escondidos num mundo fechado só nosso.
Os teus olhos fechados repousando levemente, as tuas mãos ao meu redor e depois a doce brisa do teu cheiro que me cobre como um manto de seda.
Deixo-me deslumbrar pela doce corrente de ar que entra sorrateiramente pela janela do quarto e envolve numa doce melodia as ondas suaves dos teus cabelos.
Deixo-me contemplar essa tua beleza desigual, fortemente adornada por essa pele macia e perfumada, em contraste com as cores matinais que anunciavam a chegada de um novo dia, inevitável e esperado.
As ondas suaves da tua silhueta envolvem o meu coração num turbilhão de pensamentos.
Respiras levemente e pausadamente sob o meu regaço ao mesmo tempo que marcas o ritmo de um sono leve de descanso.
Não ouso despertar essa beleza adormecida, nem perturbar esse teu doce olhar encantado que tão delicadamente se mantém fechado, onde no seu interior estão dois olhos de porcelana brilhantes e únicos, que são teus por certo, mas que ocupam um espaço inegável no meu coração.
Em contraste com toda essa beleza estão os teus lábios, duas fontes entreabertas que cobrem a fonte soberana dos meus desejos. Permaneço imóvel contemplando-te sem querer jamais quebrar esse encanto de ver-te ao anunciar de uma manhã fria de inverno. Doce melodia essa de ver-te sem confessar-te.
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