Ceguei, não consigo ver nada.
Tentei procurar um sitio onde me agarrar, uma mão que pudesse por momentos segurar a minha para não me fazer cair.
Depois de tanto buscar no escuro por entre o frio das minhas mãos gélidas uma mão fria segurou a minha.
Perguntei quem era, mas não obtive resposta.
Aos poucos a minha visão começou a voltar ao normal. Os meus olhos que até então cegaram começavam agora ver com toda a clareza e tu, esse ser que tão firmemente me segurava, olhava-me fixamente.
Fiquei espantada. Tu, aquele que outrora me havia afungentado da sua vida, de novo no meu caminho.
Tentei falar, mas ficara com as palavras presas nesta boca seca. As palavras presas como réus, a debaterem-se fortemente nas grades das minha cordas vocais, a implorar por liberdade, para que pudesses entender que não preciso mais da tua mão.
Eu posso não ver com clareza, mas a mão que me segura não é mais a mesma.
Outrora tu foste aquele por quem eu tantas vezes me debati para sentir a tua mão. Hoje não. Hoje é diferente.
Hoje tu procuraste a minha mão, olhaste-me fixamente, como que esperando um perdão. Mas não há nada.
De mim para ti não existe mais nada. Apenas o meu olhar cego, que teima em cegar, para não te ver passar por mim.
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