Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



quarta-feira, 3 de março de 2010

Saudades de Joana

Ainda me lembro dos finos cabelos loiros. A pele suave e rosada que me enchia a alma de ternura. Lembro-me dos olhos claros e cheios como o mar, cheios de ternura,de alegria, de vivacidade e pureza.
Já passaram muitos anos desde que as minhas mãos te poderam tocar, desde que os meus olhos cheios de lágrimas te viram acenar lá do fundo da estação, como que a dizer "adeus pai,até breve". Um breve que se tornou cada vez mais longinquo.
Eram as manhãs de inverno as que eu mais gostava. Tu desejavas sempre que fosse Natal. Querias meter a estrela no topo da árvore e contar os presentes, esperar pela chegada do pai Natal e sorrir ao pensar que o presente maior de todos era destinado a ti.
A tua mãe foi uma grande mulher. Soube educar-te, dar-te o exemplo e mostrar-te o caminho a seguir. Tu sempre foste como ela, saudável,cheia de vida e com um brilhosinho nos olhos cada vez que te deparavas com algo novo. Eu via-te de longe brincar, via-te todos os dias sorrir e sorria também. Era curioso ver os anos passarem por ti e nem um traço do teu sorriso mudar, nem um traço do teu olhar, nem um traço da tua ternura.
Foi breve esta nossa visita. Tu não soubeste como me dizer olá. Estavas demasiado calma, mas algo em ti me deixou exitante,algo mudara desde a última vez que nos vimos. O sorriso não parecia mais o mesmo,o olhar havia mudado de expressão. Nos teus olhos já não havia aquela docura de antes, nem o brilhosinho nos olhos. Olhei-te pensativo, o que teria mudado? Tinhas as mãos pesadas. Notei uma cicatriz ao canto do teu rosto pálido e sem vida,os lábios celados como que a calar aquele até breve que tantas vezes visualizava na minha mente. Os teus cabelos doirados estavam sujos pela terra. Toquei uma última vez nas tuas mãos, sabia que era a última vez que o fazia. Não te mexeste um centimetro. Olhei para o rosto da tua mãe coberto pelas lágrimas. Ficamos em silêncio. Eras tu, a filha com que sempre sonhei, mas ali não eras tu,ali estava apenas parte do que foi a criança mais doce,mais sublime e mais bonita que alguma vez o meu olhar pode ver. Não apenas por seres minha filha, mas por saber que, fosse onde fosse, nenhum olhar seria tão meigo e verdadeiro como o teu, nenhuma pele rosada e clara mais bonita e macia do que a tua, nenhum adeus mais inocente. Tu soubeste fazer-me feliz, soubeste dar-me a alegria de saber que era pai, que por momentos me senti como um pai, que me chamaste de tal coisa.
Passou tudo! Foi demasiado breve. Sinto que faltou tempo para te tocar, para te sentir nos meus braços e para te chamar de filha sem que fosse de longe. Tarde demais tive a coragem para te olhar agora nos olhos. Olhei para os teus olhos agora fechados, pensando em três palavras para te dizer, mas estas custavam me sair, iriam trazer lágrimas,dor,muita dor. Mas sabes que mais? Sinto a tua falta.

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