Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



quinta-feira, 4 de março de 2010

Medo de falar

Ontem tinhas as mãos frias. Eu senti-as mesmo sem lhes tocar. Quiseste ir beber um café na minha companhia e eu aceitei. Estavas algo nervoso.Falaste de coisas banais tais como o tempo, a politica do país e o trabalho. Quiseste que eu entendesse que estava tudo bem, que nada se passava, mas eu sabia que apenas não me querias mostrar.
Logo que me deixaste á porta de casa disseste que amanhã á mesma hora me virias buscar para mais um café. Sorri e desejei que esse dia chegasse,esse amanhã que teimava em demorar.
No dia seguinte vieste. É engraçado lembrar-me, mas eu esperava-te com grande ansiedade. Estavas como sempre, nervoso, com ar radiante sempre na tentativa de me esconder algo, na tentativa de disfarçar sentimentos.
Enquanto bebíamos o café olhava-te nos olhos para ver o que sentias. Ficavas nervoso mas nunca o admitias. A certa altura deixaste de falar. Entre nós deu-se um enorme silêncio. Tentei manter a calma. Parecias mais nervoso que eu na verdade, mas foste mais forte que eu.
-Sabes...-começaste por dizer. -Nem sei por onde começar, mas...
-Podes dizer.-Respondi por fim.
Permaneceste calado. Tinhas os olhos brilhantes. Sorriste para mim e por fim disseste:
-Não sei bem o que te quero dizer,na verdade acho que nada.
E foi mesmo nada, durante a hora que se seguiu levaste-me a casa. Estavas ainda calado, sem pronunciar uma única palavra. Esperei angustiada que me dissesses algo, que nada estragasse as nossas tardes, aquelas tardes onde as conversas que até então pareciam banais soavam maravilhosamente bem para mim. Ouvir a melodia da tua voz, sentir que gostavas de alguma forma das minhas conversas, que te dizia algo.
Deixaste-me em casa, não disseste que me virias buscar. Esperei que o voltasses a dizer, mas desta vez não o disseste. Olhaste para trás uma vez. Fiquei á porta a ver-te partir. Acho que foi a última vez que nos vimos.

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