Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



quarta-feira, 10 de março de 2010

Mãos

Deste-me a mão e dei-te a mão...
E ficamos assim, de mãos dadas. Primeiro a olhar para as mãos, depois a olhar para os dedos que se cruzavam, os dedos a juntar as palmas das mãos frias e trémulas que se uniam e afastavam. Olhávamos para as mãos a unir-se e depois a afastar-se, cuidadosamente para não quebrar o encanto. As mãos que outrora foram tudo e hoje não sabem ser mais nada, apenas simples mãos, comuns, como todas as outras mãos.
Foram em tempos as mesmas, as nossas mãos conseguiram ser uma mão apenas, mas agora são individuais, as tuas apenas tuas, as minhas apenas minhas. Nunca deixarão de ser mãos, apenar de antes terem sido muito mais que isso.
Tuas e minhas, nossas...mãos essas que se seguravam e suportavam, mãos essas que se davam e prendiam, mãos que davam e tiravam, que ofereciam.
Nunca deixarão de ser mãos, aquelas que em tempos foram também individuais e firmes,aquelas por quem nos apaixonamos e deixamos que elas se cruzassem num acto de magia e prazer. São tuas e minhas sempre, mesmo que separadas.
Foram quentes,agora estão frias. Estão distantes,separadas por um vidro onde se tocam cada uma do seu lado, a tentar transmitir ainda algum calor entre elas.
São mãos que se dão sem querer todos os dias, que se tocam por necessidade ou apenas por medo.
As tuas mãos são como torpedos. São elos que mantêm a minha alma viva. As minhas são dois laços que atam e desatam nas tuas. Juntas são tudo, separadas, nada.
São todos os dias mais e menos, consoante o que fazemos com elas. Existem e mexem-se umas nas outras, tocam umas nas outras, passam de mão em mão á procura de que novos mundos diferentes, mas acabando sempre no mesmo mundo.
Têm agora espaços vazios, espaços onde cabem os dedos, onde se podem meter os dedos de forma sublime. Juntos uníamos as nossas mãos de forma regular, de forma involuntária como se todo o resto estivesse a mais. Juntos fazíamos segredos guardados entre as nossas mãos. Juntas as nossas mãos faziam tudo acontecer. Separadas não fazem nada.
Serão apenas mãos, mãos iguais a muitas outras e ao mesmo tempo diferentes das outras. Mãos que buscam necessidades físicas comuns, que se derretem e voltam ao estado normal e depois desaparecem.