Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



quinta-feira, 11 de março de 2010

Reflexo de ti

-Pára e observa-te.
Disse-te esta frase incessantemente até teres coragem de o fazer. Eu sabia que poderia doer,que poderia ferir-te, mas arranjas-te forças,tiveste a coragem de um homem e olhaste para o espelho. Não eras tu. Quem estava reflectido no espelho era outro homem, um estranho perante o teu olhar. Não haviam sinais dos teus traços fisicos, nada que reflectisse a tua alma, nada que fosse de facto parecido contigo.
-Pára! Não avances mais.
Eu a gritar para parares,para não correres atrás da imagem que vias diante de ti e que seria suposto seres tu. Tu a quereres perceber quem era o estranho ser diante de ti, um outro homem que te espiava, que te marcava com o olhar. Quanto mais te aproximavas do espelho mais te confundias com ele. Pedi que não lhe tocasses mas não me ouviste. Tocaste e ficaste por momentos parado sem saber quem eras.
Em tempos também eu fiz a mesma pergunta. Quem era eu? E o que sou agora?
Eu sei que custa. Sei que dói dentro do peito, consigo imaginar a dor que sentes em não conseguir saber mais quem és. Todos nós temos um momento na vida em que buscamos a nossa identidade,o nosso verdadeiro eu, o nosso verdadeiro nome sem ser aquele que já conhecemos,aquele por quem todos nos chamam e ao qual acudimos já de forma involuntária. Nomes vulgares entre os humanos que os tornam todos seres vulgares, iguais a muitos outros humanos. Olhas para as tuas mãos. Olhas para as mãos do ser reflectido no espelho. Aos poucos dás-te conta de que são a mesma pessoa. Como pode ser possivel? Como poderias tu imaginar que podes ser duas pessoas diferentes?
Todos o somos. Todos somos duas pessoas numa. Todos somos duas coisas, uma de cada vez, ambas distintas, mas que nos moldam como individuos que somos, que nos dão forma e nos tornam únicos.
Cansado de te tentar encontrar saiste da frente do espelho. Sentaste-te exausto, o corpo pesado, os olhos pesados pelo cansaço de tento enigma e tanto mistério.
-Não fujas, nunca te canses de procurar por ti. Se o fizeres estarás a virar as costas a ti mesmo e quando isso nos acontece, quando nos cansamos de nós mesmos, estamos perdidos.