Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



domingo, 8 de maio de 2011

Nascer de novo

Muito tempo fez desde que beijei os teus lábios pela última vez. Muitas lágrimas correram, muitas esperanças vieram, muitos enganos depois.
Tu eras aquele homem que um dia poderia ter sido o homem da minha vida. Mas não quiseste. Sonhavas voar mais alto, entregar-te á vida, deixá-la tomar conta de ti. Jamais poderias prender-te a um mulher só. Na teu destino estavam outros caminhos, sonhos que pronunciavas bem alto e que nunca chegavam. Naquela manha de Inverno resolveste dizer-me que nunca poderíamos ser tocados pelos mesmos gestos. Disseste que tentaste, que foi difícil perceber que não estava destinado para ser assim.

Deixei-te partir. Chorei dia e noite a tua partida. Cada vez que te via imaginava que os velhos tempos tinham voltado ao nosso encontro e que jamais poderíamos fugir-lhes, Mas depois, a tua força de viver longe de tudo reinava sobre o amor, ou o que lhe chamavas de amor. Fugias, temias ser tocado pelas mãos de uma mulher nobre. Temias sentir-te amado. O teu corpo jamais poderia ser penetrado pelo meu amor. Demorei a entender que, embora te amasse demais, não poderia ficar contigo. O tempo passou, muitos sóis vi nascer da janela do quarto, muitas luas espreitavam pela minha presença para me silenciarem as lágrimas que gritavam. Tu desapareceste e contigo...a tua imagem. Comecei a sentir-me confusa...como poderias tu ter fugido assim da minha mente? Tentei procurar-te pelos quatro cantos do meu cérebro. Dentro de mim, eras apenas uma borra. Corri, não queria ver-te desfigurado dentro de mim, por isso corri para longe.
Corri para me esconder de mim mesma. A noite espreitava-me. O breu gélido e cálido cobria a minha pele fria. O meu coração havia ficado para trás. Não ousei trazê-lo comigo. Tu estavas agora para trás, eu sabia disso. E contigo, todas as memórias do que tentamos ser um dia.
Tu tentaste ser feliz. Buscaste amor nos braços de outra. Tentaste achar o que sempre soubeste que não te poderia dar. Jamais te poderia dar amor por ausência de amor, mas ela podia fazê-lo. Gostavas desses jogos de buscar o amor onde ele não existia. Para ti um sim é uma palavra fácil. Detestas sentir que tens tudo. No fundo, a vida só te faz sentido se te sentires só. Ela no fundo era como tu. Entregou-se por segundos, por momentos apenas. Disse-te que sim, que eras tu, fez-te sonhar por momentos, deu-te esperanças e depois, quando o seu coração se cansou de lutar pela tu sombra, decidiu que era chegada a hora de um definitivo adeus.
E tu ouviste esse adeus, o adeus que nunca te consegui dizer, aquelas letras que custam a um coração que sabe como amar um outro coração. Ela teve essa coragem. Gabei-a! Senti que ela tinha a força que eu nunca soube ter para te dizer que não valias nada. Ficaste sem nada. No fundo sempre soubeste que seria assim. E agora, sozinho no teu quarto recordas-me. Vês a minha imagem projectada nas paredes frias e verdes. Sentes que poderia ter sido se soubesses como ser homem. Agora perdoei-te. Estás perdoado das tuas gafes. Sabes que não guardo rancor de ti, pelo menos agora que sentiste um pouco do que senti, que entendeste que és tanto como eu sou, que ficamos os dois no mesmo patamar, que ficamos juntos mesmo que separados. Hoje sinto-me feliz por ti. Feliz por saber que estás só como sempre sonhaste. Hoje estou bem, consigo sorrir, olhar o céu e pintar uma tela sem desenhar mais uma lágrima. Já deixei de ouvir aquela música triste e deixei de comer chocolate. Deixei de me lembrar de ti, apenas resolvi dizer-te que, embora tenha sido assim, tu concretizaste o teu sonho, mas também concretizaste o meu. Hoje és livre para viver no colo de muitas outras que te dirão que não, que te mandarão embora como tu bem desejas. Não consegues prender-te...e é isso que me liberta.

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