Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



domingo, 27 de fevereiro de 2011

A partida

A noite tinha caído. Eu estava deitada na minha cama. O calor entrava sorrateiro pela janela encostada do quarto. Junto com o vento um pouco de ti. Entraste como um ladrão neste meu espaço vazio.
De olhos fechados conseguia ouvir os teus passos pela casa, mas de olhos abertos, apenas o silêncio do que eles deixaram para trás.
A morte é tão cruel. Uma das piores formas de nos tornar invisíveis. E ali estavas tu, invisível aos meus olhos, e aos olhos de todos os que mais precisavam ver-te.
Nunca entenderei porque foste embora, porque conseguiste por fim arranjar coragem para acabar com aquele mar de sonhos que a tua mente idealizava.
A vida é uma treta, pensava eu. É tão fácil morrer como o é nascer.
E aquele mar escuro onde o teu corpo nadava, hoje apenas guarda a tua lembrança. E os sítios onde tu antes passavas, apenas as tuas pegadas, um rasto daquilo que fomos, talvez uma marca para que um dia possamos ali passar e dizer: Eu estive aqui.
E aquela sensação de Deja vu que tanto teimamos em mandar embora. A memória de todas as nossas vidas.
Porque quiseste tu partir?
Foi rápido, não precisaste pensar muito. Esconder o teu rosto na água para te cobrires levemente com o leve manto de água fina. Depois essa mesma água tornou-se a tua inimiga de combate. O tempo passava e tu coberto, sem desistir de lutar pela morte, como se a morte nunca nos estivesse destinada.
E o tempo que agora ia a teu favor, a oferecer-te aquilo que naquele momento mais desejavas. Para ti o tempo parou ali.
Nunca irei entender o que te levou a  partir, a deixares para trás uma família, amigos que tanto te respeitavam.
No fundo tu sabias que seria assim. O teu sorriso apagava-se a cada dia que passava, a tua alma vagueava vagabunda, a tua alegria desistira de te fazer companhia e o teu olhar triste que hoje se cruza comigo todos os dias denuncia essa tua culpa.
Não sei o que fazer para te estender a mão. No fundo tu sabes que não a consigo agarrar. Foste cedo demais, para ti...já bem tarde. No teu mundo é sempre tarde para desaparecer. Um dia disseste que a ausência de amor provoca dor, gostaria de saber se era dessa ausência que sofrias.
Tentar achar a verdade...descobrir porque motivo escondias as tuas lágrimas, porque motivo as libertavas naquele rio imundo, naquele local que te roubou toda a vida até ao último sopro.
Pode ser que um dia sejas feliz, que nos encontremos e que me digas como te sentes então. Talvez seja já amanhã

3 comentários:

Gisela disse...

Estou sem palavras...

celia seromenho disse...

Há muito que não visitava o teu blog,confesso,mas não me arrependo.
Quase que chorei a ler este post.
Sinto a tua perda e sim,acho que irás um dia encontrar o teu amigo.
Pois acho que uma amizade assim não acaba neste mundo.
Um abraço grande.
Célia

O mundo segundo eu disse...

Obrigada a todas as pessoas que comentaram este post. É verdade, a perda é um sentimento muito mau, que nos deixa totalmente sem chão e sem coragem de enfrentar as situações.