Posso dizer que sou uma pessoa calma por norma. Gosto muito de estar na minha, de estar sozinha e tirar algum tempo para pensar. Quando estou em grupo não sou de longe a mais barulhenta. Lógico que gosto de me divertir, mas para me divertir não preciso partir montras de lojas com as minhas gargalhadas.
Quando saio á noite nunca vou em grandes grupos. Não costumo ir para os copos só porque sim e além disso, nem vou para os copos. Os meus copos não passam de duas cervejas e uns sumos.
Gosto de ser calma, de ser tolerante e paciente. Já fui menos tolerante comigo e com os demais, mas não me lamento por isso porque faz tudo parte do nosso crescimento interior. Não me arrependo se perdi amigos por isso, porque se foram embora é porque não faziam falta e se não voltaram é porque não quiseram. Não lamento se o namorado de há dois anos fugiu, porque se fugiu é sinal que tinha o rabo entalado. Não lamento nada, porque tudo isto sou eu.
No entanto, admito que há certas coisas que conseguem fazer-me ir ao inferno e voltar no mesmo momento. Uma dessas coisas é a Universidade. Todo o aluno que paga tem o direito a ser avaliado, logo se ouve que não vai poder fazer um dos componentes de avaliação só porque sim é mais do que motivos para perder a calma. Eu costumo dizer que pago tanto como todos os que ali andam, logo tenho direito aos mesmos critérios de avaliação. Não sou e nem nunca serei a única pessoa que se queixa dos métodos de ensino superior cada vez mais complicados e que fazem com que muitos virem as costas a tudo, o que na realidade não é nada que me surpreenda. Eu mesma já tive essa vontade e tenho de cada vez que me deparo com uma situação semelhante. No entanto não posso deixar que essa situação me afete e dei este exemplo para falar precisamente que, por mais vontade que tenhamos de perder a calma numa dada altura da nossa vida, o melhor mesmo é respirar fundo e tentar manter o controle. Um aluno fica sempre em desvantagem faça o que fizer dada a posição social que ocupa comparativamente a um professor, que além de professor também é doutor. Eu diria que doutor há sim, mas no hospital de cada vez que precisamos de lá ir. Aí sim é senhor doutor. As posições sociais e os cargos laborais das pessoas divergem muito uns dos outros, o que na verdade também me enerva. Ao fim e ao cabo eu penso o seguinte:
Se pessoa A tem dois braços e duas pernas, expele o que come pela frente e por trás, dorme e expirra como eu e em tempos já tirou macacos do nariz, o que tem pessoa A a mais do que eu? Se eu pago e pessoa A come do que pago, de que sofre pessoa A?
Não estou com isto a dizer que sou eu que pago os impostos a pessoa A, mas pessoa A recebe também do que me sai do bolso. Logo, se assim é, devem também de haver regras que tenham que ser cordiais para com os alunos ou as pessoas com que pessoa A se relaciona. Nomeadamente os critérios de avaliação que não divergem de modo algum de aluno A para aluno B.
Logicamente que ao receber um e-mail de pessoa A dizendo que eu não poderia fazer um dos critérios de avaliação de uma Unidade Curricular, fui aos arames e voltei. No fundo só me apeteceu dar um tiro a tal pessoa, mas por outro lado respirei fundo e pensei que pessoa A a esta hora também não está minimamente preocupada com o que penso ou deixo de pensar.
E a mesma coisa se aplica em muitas e muitas outras coisas. Nem tudo na vida é fácil e por vezes deparamos-nos com situações em que só nos apetece mandar á merda a primeira pessoa que nos aparece. No entanto as coisas não se processam assim. As outras pessoas não têm culpa do que se passa na nossa vida, logo temos que agir como se nada fosse e assim continuar até a nuvem cinzenta passar e chegar um novo dia de sol.
E vocês, meus caros leitores...já houve alguma situação que vos fez ir ao inferno e voltar?
2 comentários:
Perder a calma é algo natural. Por vezes há situações em que temos de reagir de acordo com os nossos impulsos porque se reprimimos tudo também damos cabo de nós.
Concordo quanto a magoar os demais, mas se precisares falar e avisares os demais, cabe aos demais entenderem os teus pontos de vista.
Perder a calma é humano. Controlar tudo é robótico. É natural que digas por vezes mais do que devias, é natural que com os nervos acabem por sair asneiras. Temos nós cá deste lado é ser tolerantes para perceber que, se encheste, a culpa também é nossa.
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