Choras
E não posso secar as tuas lágrimas.
São lágrimas de dor, de uma dor que não sabes como se instalou no peito nem quando vai passar.
Vejo-te deitado sobre a cama despida e não sei como abordar-te.
Nos teus olhos correm rios de sofrimento, lagos de angústia, riachos de uma solidão que não sabes ao certo explicar. Dói e não te posso espantar essa dor.
Por vezes as feridas custam a cicatrizar.
Eu sei que essa dor é como uma ferida que ainda não cicatrizou. Arrancaste a crosta. O resultado foi evidente, ficaste em carne viva. Haverá maior cliché?
Tens medo, um medo que te consome a alma. Tens medo que te doa mais a cada segundo, que essa ferida te rasgue o coração, te desfaça em pedaços. Tens medo de desaparecer.
Viro as costas. É doloroso ouvir-te chorar. É doloroso ver que penas sem motivo, que lutas exausto na dura cama da vida, onde acabas sempre por cair rendido ao peso do corpo.
Corro para te abraçar. Tu sabes que um abraço cura muita coisa.
Ergues os teus braços trémulos para me receber. Fechas os olhos pesados de um tom vermelho vivo.
Como é bom abraçar-te. Sentir-te nos meus braços. Socorrer-te mesmo sabendo que não poderei salvar-te de caíres nesse posso fundo e negro onde mora essa dor que te devora.
Tu sabes, eu vou estar sempre aqui para ti.
Fecha os olhos, deita para fora o que sentes. Devora essa dor que tu sentes, nunca te consumas por ela permanecer contigo. Vence-a, manda-a embora. Diz-lhe que não há mais espaço para ela no teu coração. Afinal é tudo tão simples se nós quisermos que o seja.
E tu sabes, tu bem sabes o quanto me dói ver-te chorar.
1 comentário:
Que texto lindo Tânia! Muitos parabéns.
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