Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



terça-feira, 13 de novembro de 2018

Sobre da sabedoria do perdão

Um dia disseram-me que eu guardo muito rancor dentro de mim e que isso me faz mal.
Disseram-me que talvez por eu nunca saber perdoar, essas coisas me pesem e façam de mim a pessoa magoada que sou.
Não deixo de acreditar que de certo modo, essas pessoas estão certas. Perdoar é seguir em frente, é mostrar que todos somos humanos e cometemos erros na vida que, de alguma forma, podem prejudicar a vida de alguém.
No entanto, embora seja importante perdoar, há erros que podemos cometer uma vez. Outros podemos cometer sistematicamente. Quando tal acontece, deixa de passar de erro a escolha. E se escolhemos por nossa vontade ferir o sentimento de alguém, não estamos a ser coerentes nem razoáveis para com as pessoas ao nosso redor.
Dessa forma, temos que analisar até que ponto o perdão é importante. Ele tem de acontecer.
Mesmo assim, ele deve ser usado com sabedoria. Quando me refiro a sabedoria, refiro-me a olharmos para dentro de nós e nos questionarmos sobre até que ponto queremos que uma determinada pessoa nos trate da forma que nós não gostamos.
Ao estarmos a perdoar tudo com a maior das facilidades, quer no amor, no trabalho ou nas amizades, estamos a depositar de forma insconciente um passaporte nas mãos dessas pessoas para elas continuarem a ferir os nossos sentimentos e assim agirem da mesma forma.
Se as ações de determinadas pessoas nos ferem, especialmente quando nos são chegadas, devemos parar, ponderar e pensar se queremos continuar a permitir essa pessoa a não aprender como gostamos de ser tratados.
Perdoar é algo essencial nas nossas vidas, também para benefício da nossa sanidade mental.
No entanto, perdoar tudo pode ser um erro.
De forma inconsciente, estou a dizer ao outro para me continuar a tratar da mesma forma. Se assim for, não terei porque reclamar, pois dei sinal verde a essa pessoa para que me tratasse assim.
Quando alguém fere profundamente os nossos sentimentos, há sempre uma marca que fica, algo que muda, uma alteração que se dá dentro de nós, pois acabamos por sentir que, ao não agirmos da mesma forma com essa pessoa, estamos a ser mal recompensados pelo comportamento da pessoa em questão para connosco.
Não se deve perdoar como forma de permitir a nossa continua humilhação, assim como também temos que ter consciencia que uma pessoa que nos fere, com o nosso perdão, nunca irá aprender como nos deveria dar o seu apreço.
Toco nesta temática por minha própria experiência de vida e nem por isso sinto vergonha alguma em o dizer. Afinal de contas, tenha eu os defeitos que tiver, quando tenho carinho, amor ou apreço por alguém, posso cometer erros inconscientes. No entanto, mesmo errando como qualquer mortal erra, nunca é minha intenção errar para ferir o coração de alguém. Assim sendo, não espero menos que o mesmo em retorno. Chorei muitas lágrimas ao longo da minha vida e bati muito com a cabeça na parede sem perceber porque motivo escolhia abrir o livro da minha vida a pessoas que insistiam em pisar os meus sentimentos. Com calma analisei, vi o céu e olhei as estrelas, mas especialmente e ainda mais importante, olhei para dentro de mim e achei a resposta. Eu acabo sempre por perdoar as pessoas que mais me ferem, que mais me pisam o coração. E isso acontece porque eu dei permissão para isso. Eu eduquei essas pessoas assim sem me dar conta. Eu seguia em frente mas não deixava bem claro até que ponto eu tolerava qualquer tipo de comportamento vindo de quem me magoava.
Foi preciso alguns anos e muitas quedas para crescer. Não se cresce do dia para a noite. O crescimento interno envolve muitos anos de descoberta do nosso eu. Como tal, eu tive de me permitir sofrer até perceber de onde vinha o erro que insistia em permanecer na minha vida. Fosse uma mentira, fosse uma traição, fosse que tipo de situação fosse, eu permiti muita coisa acontecer comigo.
Agora não. O tempo passou e eu cresci, olhei-me no espelho e percebi que, tal como todas as pessoas, sou alguém único e especial, que não merece ser tratado menos do que trato os demais. Nunca me irei permitir mais vez alguma receber menos do que aquilo que dou. Se eu sei que dou todo o meu amor e respeito, espero reconhecimento do outro lado. Se dou a minha mais sincera amizade, agradeço uma amizade sincera de volta. Se sou fiel, honesta, não espero mentiras nem traições de volta para mim. Além de que mentir é um vicio porco e sujo. Todos o fizemos, mas temos que pensar que, se o queremos fazer, pelo menos que não seja para ferir ninguém nem esconder alguma coisa que merece ser sabida.
Tanto perdoei que hoje, aprendi a poupar um pouco a minha capacidade de perdão para as pessoas que realmente me podem ter ferido sem intenção. Não pretendo ser professora, como tal não quero andar aqui a ensinar como me devem tratar. Pelo menos se fosse professora, que fosse renumerada por isso. Direito de igualdade deveria ser lei neste mundo que todos deveriam cumprir.
Agora vocês perguntam:
"Estás arrependida da decisão que tomaste?"
A minha resposta vai ser sempre não. Não perdoar erros continuados para comigo, vai acabar por mostrar a quem me fere que sou humana, que fiquei profundamente desapontada e mais que isso, que não aceito que me tratem assim. Toda a gente deve reconhecer o seu valor. Nunca devemos passar a vida a pedinchar migalhas, a esperar que alguém mude para nos provar o que seja. Se levarmos a vida a pedir migalhas iremos receber migalhas de volta.
Quem realmente se ama a si mesmo, penso que jamais será capaz de o fazer. A isso não chamo rancor, mas sim inteligência.

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