Hoje vou abordar uma temática meio delicada.
Há coisa de uma semana atrás fui dar um passeio com a minha melhor amiga pelo Fórum Algarve e fomos abordadas por um rapaz super simpático que estava a fazer donativos para ajudar a equipar o IPO de forma a ajudar crianças com cancro. Como já era de esperar, senti um enorme nó na garganta. Primeiro porque passei pela situação aos 20 anos, depois porque são crianças e nem quero imaginar não só o sofrimento das mesmas, mas o que passam os pais para os conseguirem salvar de uma doença tão má e dolorosa.
A minha carteira estava vazia, não tinha nada lá dentro, mas o simpático rapaz, que dá pelo nome de Sérgio, disse que se estávamos procurando um trabalho, poderíamos dar os nossos nomes para fazer voluntariado.
Os meus olhos brilharam de emoção só de pensar na possibilidade de poder dar algo da minha parte para ajudar quem mais precisa e nem pensei duas vezes.
Hoje já lá vai uma semana e a cada segundo que passa mais me orgulho do trabalho que faço.
Embora não seja fácil porque nem todas as pessoas estão interessadas em colaborar na nossa campanha, há muitas pessoas que são elas próprias a virem falar connosco, simplesmente com o propósito de saber do que se trata e não pensam duas vezes antes de nos estenderem a mão. Afinal de contas nós nunca sabemos o dia de amanhã e vale sempre a pena dormir de consciência tranquila.
A minha primeira experiência começou na praia da Galé em Albufeira. Foi muito gratificante, mas a melhor parte foi mesmo em Monte Gordo, quando uma senhora de 5 tumores veio falar comigo e abraçar-se a mim, acabando por me fazer chorar. Só quem passa por estas coisas sabe o que isto realmente significa e a importância do nosso trabalho.
O cancro é uma doença muitas vezes silenciosa, que nos destrói a pouco e pouco, física e mentalmente.
Sei o que custa e também entendo que as coisas não estão fáceis para a carteira de ninguém, mas vale sempre a pena tentar.
Grande parte das pessoas que já falaram comigo foram pessoas que já passaram ou que ainda passam pela doença. Admiro-as pela coragem e pelo sorriso que nos oferecem e que claro, é sempre retribuído com o maior carinho e respeito.
Admiro-as porque sei o quanto sofrem e como a doença lhes ensinou uma outra forma de encarar a vida e aprender a viver um dia de cada vez. Admiro-as porque sei que nem sempre temos vontade de sorrir, se não chorar. Admiro-as e só peço a Deus que haja uma investigação que ajude essas pessoas a ultrapassar de forma eficaz essa terrível doença para que possam ser felizes de novo.
Por momentos como este é que penso como vale a pena passar tantas horas de pé a abordar rostos diferentes pela rua, a partilhar as minhas experiências com meros estranhos que sabem perfeitamente do que se trata, a travar novos conhecimentos e a levar para casa uma bagagem cheia de orgulho, aprendizagem e sensibilidade. Aprendemos todos os dias com o que fazemos para melhorar a vida de quem mais precisa.
Fazer coisas assim enchem-me de alegria. Adoro fazer o que faço. Faço-o de boa vontade, com todo o meu coração, pelos outros, por aqueles que passam todos os dias por mais um momento de luta, de forma a os poder ajudar a ter uma melhor qualidade e serviço de atendimento, por uma causa nobre, por uma vida.
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