Bem vindos ao meu blog. Aqui escrevo o que penso, o que me apetece e o que bem entendo. Fiz-me entender? Nem por isso? É complicado exemplificar. Puxai uma cadeira. Comei pipocas e ride! Sim...riam muito porque tristezas não pagam dívidas.



segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Estrada Errada

Desta vez, não há volta a dar...
Pensei eu enquanto voltava as costas para regressar a casa de autocarro. Nunca pensei que resultássemos, mas acredita, fiquei contente quando soube que conseguíamos continuar mais um dia. Continuamos enquanto nos foi possível manter a alma iludida, mas estava cada vez mais difícil para ti manter a farça.
Quando me despedi de ti apenas te vi pela sombra. Decidi afastar-me...e essa foi a melhor coisa que fiz. Estar do teu lado não iria ajudar em nada. Arranjei força de vontade, muita, e parti.
Pedi ajuda á minha melhor amiga que veio ter ao meu encontro. Nesse dia mal tinha chovido. Era uma manhã fria de Inverno que recordo como se tivesse sido ontem.
Recordo-a porque me faz bem saber que tive coragem de partir, de te deixar na esperança de ainda veres o meu rosto esmorecido pela tua viragem de página.
Nunca me viste assim porque nunca o consenti. Tive força, muita força, mas tu nunca me viste chorar. Nunca me ouviste suplicar para que voltássemos, nem nunca me ouviste dizer ainda te amo.
Na verdade, nunca o disse depois da última vez. Nunca mais ousei dizê-lo, não porque não te amasse, mas porque sabia que, mais tarde ou mais cedo, tu irias sentir falta desse amor e eu já o haveria esgotado.
Os primeiros dias foram difíceis. A calma assustava-me. Não tinha coragem de permanecer muito tempo dentro de casa e de noite os meus olhos não sabiam o que significava a palavra sono. Vivia numa espertina constante misturada com o nervosismo de não saber como enfrentar algo que já havia começado.
Depois, lidar com o teu cinismo. Saber enfrentar-te e sorrir-te de frente. Dizer-te bom dia animadamente quando só me apetecia apunhalar-te de frente.
Foi difícil. Aos poucos fui-me dando conta de que o tempo começava a passar. Dei-me conta de que a tua decisão de deixar de encenar o amor havia sido a melhor solução para ambos.
O meses passaram...
Onde outrora havia amor, começaram a florescer os primeiros sinais de ódio.
Comecei a odiar-te com todas as minhas forças. Cada vez que te via sentia náuseas. A tua simples figura enjoava-me.
Ás vezes vinhas ter comigo, quando te sentias mais sozinho e desprezado. Não tinhas muitas pessoas com quem falar no local onde te encontravas e por isso davas o braço a torcer por tu mesmo saberes que ali toda a gente te tratava por tu.
Lamento se te deixei desapontado, mas perdi a vontade de ser digna contigo. Comecei a ver pelos teus olhos, a jogar o mesmo jogo, a ceder e a ganhar relevo a cada cartada, ganhando sempre mais força a cada ás que me saía.
Tu não valias nada, apercebi-me. Nunca valeras. Nunca estiveste á altura dos meus sentimentos nem nunca saberás dar ao valor o que é despedaçá-los.
Fica sabendo, hoje de ti não guardo nada. Esgotou-se o rio da paciência e da ilusão.
Há muito que deixei de esperar por milagres, não que me levassem até junto de ti, mas que te fizessem desaparecer diante dos meus olhos, encontrar alguém a quem dar o teu falso afeto.
Tinhas a mania que tinhas sempre razão, mas perdeste-a aos meus olhos. Fizeste bem o teu papel de vítima, soubeste ser ator. Se tivesses concorrido a um casting talvez hoje tivesses ganho um troféu.
Quando me recordo de ti não consigo ver o teu rosto. A tua silhueta é uma mancha desfocada diante dos meus olhos. Não consigo recordar a tua voz com precisão, nem os teus tiques estranhos, as tuas nuances. É como ouvir-te falar debaixo de água, percebo que falas, mas não consigo entender o que dizes.
Como é bom que as coisas tenham ocupado este lugar. Como é bom que tudo tenha sido levado pelo tempo. Hoje, lembrar-te, é apenas uma história comum. Nunca imaginei que tal me pudesse ter acontecido, mas não consigo lembrar-me exatamente do que aconteceu.
Simplesmente já foi, apanhei a estrada errada, aquela sem saída da qual tive de regressar a passos lentos.
Digo lento, porque certamente tu sabes...nada do que deve ser definitivo se faz com pressa. Isto foi uma dessas coisas definitivas, dizer-te adeus.

3 comentários:

Unknown disse...

Um post de lembrança...muito bom!

Gisela disse...

Isto foi mesmo uma estrada errada, mas mesmo nas estradas erradas aprende-se a crescer. Tu hoje és o resultado dessa estrada errada tal como eu.

Cátia disse...

É sempre bom estarmos enganados, irmos por uma estrada qualquer só por loucura e depois ficarmos sem combustível, termos de arranjar forma de abastecer o veículo de novo mesmo sem dinheiro e voltar a seguir, mas desta vez com cautela porque há por aí muitas estradas em reparação.