Algo me entristece em comparação com a minha juventude e a juventude dos tempos atuais.
No meu tempo, eu conhecia a palavra respeito, sabia onde era o meu lugar, aplicava-me nas aulas, respeitava os professores e os meu colegas, era amiga de quem quisesse ser meu amigo e fugia a sete pés de qualquer discussão que surgia no recinto escolar.
Agora já não é assim.
Ninguém consegue domar as feras existentes dentro dos adolescentes, nem o vocabulário que eles falam.
Não me refiro com isto a mensagens de texto, que esse mal assiste a todos, inclusive a nós adultos.
Refiro-me ao vocabulário existente tanto nas escolas como nas redes sociais.
Adolescentes de 11 anos, querendo mandar em adolescentes de 15. O termo animal abunda na boca de qualquer um e toda a atitude ao seu redor é motivo para uma boa sova.
Depois, vamos ao facebook e as coisas não se tornam melhores. O facebook não virou só recinto de cuscos e intrometidos. Virou também local de apelo à criatividade para a alcunha mais idiota existente à face da terra. "Miúda dele", "Bandida dele" e qualquer outra coisa relacionada com o "dele e o dela" são motivo de criação de uma alcunha. Se eu tenho um relacionamento e estou na moda, então o meu facebook tem que se chamar algo como "Dama dele". Por conseguinte, o facebook do meu suposto namorado seria algo como "Damo dela".
E fico parva com isto. Sim, deveria não ficar?
Para variar um pouco os pontos críticos, os namoros também são comuns nessas idades. Um adolescente que ainda ontem nasceu, hoje já namorou meia escola e metade de outra e ainda usa termos como:
"Eu não corro mais atrás dele/dela"
O que deveria uma pessoa dignamente normal responder a isto?
"Correr atrás de quê miúda/miúdo? Perdeste algures a tua mãe/pai no mercado?
Fumar é outra das modas. Também existia no meu tempo, verdade, mas hoje parece uma viral nas escolas de primeiro e segundo ciclos.
Todo o adolescente que não fume um "nipe" ( o termo adolescente para o cigarro) não está inserido no grupo. Sim, leram bem...o GRUPO! Há grupos e para todos os gostos.
Vejo de longe e perto estas situações preocupantes e parece-me que os pais cada vez mais deixam os seus filhos andar à sua vontade. Um dos problemas que leva a esta crescente tendência parte, por vezes, da parte de alguns pais que defendem os seus filhos dizendo que "nunca mentem", quando na verdade não sabem metade do que estes fazem fora de casa.
Lamentável que assim seja.
Estamos ficando órfãos de honestidade, de educação de uns para com os outros, estamos empobrecendo não apenas financeiramente, mas também espiritualmente.
Os jovens são o nosso futuro. Um futuro que se avizinha repleto de insultos e falta de civismo e cultura. Um futuro que pensamos estar ainda distante, mas que talvez não esteja assim tão longe quanto julgamos.
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