Hoje tenho plena certeza da forma como gosto de ti.
Bastou-me ver-te partir, ir embora sem saber se irias voltar...e não gostei. Não gostei nada. Aquela sensação de ausência e medo apoderou-se de mim, tomou conta de cada particula do meu sistema nervoso e fez com que ansiasse voltar a ver-te.
Tudo isso aconteceu num daqueles momentos em que me questionava se tudo o que eu sentia por ti era apenas uma simples atração dessas que acontecem sem querer, ou se pretendia dividir cada momento da minha vida contigo. Imaginei como seria cada momento da minha vida sem ver o teu sorriso, sem ouvir aquela gargalhada estridente ecoar na minha cabeça e o brilho dos teus olhos seguido de todas essas emoções. Imaginei a ausência de cada um desses momentos e digo-te, não gostei. Veio de novo aquela sensação de vazio, onde façamos o que fizermos, nada consegue preencher.
Por isso decidi valorizar cada momento contigo, sem me questionar muito sobre isso. Não pretendo mais ter de passar por aquele sentimento amargo de saudade, aquele momento em que sentes que darias tudo para ter o que outrora não soubeste valorizar.
Decidi então para mim mesma que não quero mais fazer-me sofrer, não pretendo mais ter de lutar contra todas as minhas forças e sim saber que não terei do que me arrepender, fazendo sempre de tudo para te fazer ficar.
Sendo que cada dia que eu passava sem ti uma autêntica porcaria, comecei a dar-me conta de como é bom aquela hora em que estamos juntos e em que tudo e nada acontece. Dei por mim a pensar cuidadosamente sobre isso e constatei:
"Eu quero muito mais momentos como este".
Depois vinha o teu sorriso e mais uma vez eu pensava:
"Eu quero ver mais momentos como este"
E quando te rias a minha alma gritava:
"Sim, eu quero ouvi mais, muito mais risadas assim."
Depois, chegando a casa, pouso a mala e fico sentada olhando o vazio e pensando. Todos os dias planeamos momentos melhores que os anteriores. Constatei que se trata de um sentimento crescente, o de querer melhorar a qualidade dos momentos que temos. Dou-me conta que, quando estamos a planear tais momentos, tudo o que é ruim fica para trás, bem lá esquecido no fundo da memória, uma pequena miragem.
É por isso que pretendo sempre mais e mais, porque tu não sabes o bem que me fazes. Por isso cabe-me a mim levantar as mãos ao céu e agradecer-te por fazeres a minha vida parecer tão simples, por ainda haver alguém neste mundo como tu.
Foi pensando nestas coisas todas que me dei conta. Isto é muito mais que amor. Não se trata de ter alguém para a intimidade, mas sim ter alguém que nos aponte o dedo e nos corrija e estivermos errados, que nos dê na cabeça quando não estamos certos. É sobre ter alguém com quem nos sentamos e um problema maior se torna numa nuvem passageira. É sobre podermos dizer "vamos" e não simplesmente "vai".
O amor é simplesmente um rótulo atribuído a um sentimento que nem sempre sabemos ao certo o que significa. Amor sozinho não é amor, amor sofrido não é amor. Não temos que sofrer quando alguém nos faz bem por dentro.
Dizer "eu também" seguido de um "amo-te" de forma infinita nem garante nem comprova qualquer tipo de amor. O amor é o todo dentro de tudo o que se pode viver junto de alguém, com alguém, perto de alguém. Isso é o amor. O amor é a troca de olhares, a risada estridente depois de um momento de alegria, da lágrima amparada depois de um momento de angústia.
No fim de contas, não procuro muito para ser feliz. Apenas gosto de ir traçando contigo novos planos, ir rindo e fazendo-te rir a cada esquina, partilhando ideias, fazendo experiências e valorizar todos os momentos que passamos sem perder tempo a pensar que só se sabe dar ao valor o que se tem quando se perde. Não pretendo apenas te valorizar só depois de teres partido, não. Quero sempre que, ao longo de tudo o que vivemos, possa sempre dar-te um motivo mais para ficar.
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